Analista ambiental fala sobre o combate ao javali asselvajado na região fronteiriça

Eridiane Lopes da Silva aborda a questão que preocupa o meio rural 

A engenheira agrônoma Eridiane Lopes da Silva, do ICM Bio, com reconhecida experiêcia na gestão ambiental, há vários anos atuando na região como analista ambiental, em recente entrevista à rádio RCC FM enfatizou que será preciso uma convergência de esforços para debelar o problema causado pelo aumento populacional do javali asselvajado no interior do município e em vários municípios da região.

A questão já vem sendo tema de debates desde o ano passado – com mais intensidade – e Eridiane concorda que é um problema bastante sério de solução complicada.

“As pessoas perguntam quando o Ibama vai liberar a caça? Na prática, o abate já está liberado. O problema central e tenho reforçado isso as pessoas e produtores que me questionam é o armamento. Caçar javali de 38 é suicídio, com laçada nem pensar e não há perspectiva de que o Exército libere para que as pessoas possam portar armamento. É sabido que o controle é grande sobre as CRs (Certificado de Registro) – até por ser região de Fronteira. Entendo a motivação do Exército e sabemos que é necessária essa postura” – pondera ela. De acordo com a agrônoma está havendo uma busca por outras formas de abates dos animais, mas até agora não houve uma definição de consistência. “Venenos até podem ser testados, mas, na prática não funcionam, pois o Sus Scrofa é um animal cujo olfato é muito forte. Ele sente de longe e identifica o veneno, que acaba matando outros bichos. Temos buscado conversar para vermos o que fazer. Inclusive, o ICM Bio, o Ibama e o Dema estão iniciando testes em metodologias de controle, menos impactantes para o meio ambiente e mais seguras para as pessoas, como buscando atiradores locais que tenham CRs. Estamos tentando otimizar, devem ser brasileiros, estamos olhando quem do lado brasileiro tenham armamento e CR Certidão de Registro da arma para caça” – resume a analista ambiental, deixando claro que de nada adianta simplesmente sair correndo atrás dos javalis.

“É um trabalho conjunto, pois não será somente a União, apenas o Estado ou só o Município que terão condições de controlar o problema” – resume.

AP – Na Europa há a captura em jaulas?

Eridiane – Estamos pensando nos produtores, tentando ver que modelo de jaula pode ser construído aqui, ver o que não seja caro, que possa conter os animais e fazer abate mesmo com um revólver 38. 

AP – É uma alternativa viável para a região?

Eridiane – A jaula se pode movimentar de um lugar para outro. É possível. É preciso observar uma solução em que os javalis que não matem borregos, terneiros e outros bichos que não tenham nada a ver com a situação. 

AP – São animais de hábitos noturnos e a caça deve se concentrar à noite?

Eridiane – Durante o dia consegue identificar onde eles estão passando. Há rastros e se extrai informações a campo, conseguindo saber onde estão entrando e saindo. E, bem, eles são porcos, eles cheiram e se consegue localizar. 

AP – Abatido o javali e a carcaça?

Eridiane – Na verdade, a orientação é que as carcaças sejam inutilizadas com creolina a campo, até para evitar que alguém junte animais abatidos, leve para a cidade para vender. Aqui a gente aprende que alguns tipos de linguiça podem conter qualquer coisa. No caso dos caçadores, eles, se quiserem podem consumir no local. A orientação da saúde é não movimentar a carcaça, para evitar contaminações. É um cuidado para não disseminar parasitas. Por uma questão legal. 

AP – Qual a estratégia central para essa redução populacional gradativa?

Eridiane – Mudar o foco que, hoje, por parte dos caçadores é o macho alfa, um troféu interessante, mas do ponto de vista prático, o melhor alvo é a fêmea; é um útero a menos, muitos filhotes a menos no tempo. 

AP – Controle biológico é possível?

Eridiane – Não enxergo como fazer controle biológico. Conversamos com outras pessoas do mundo sobre algumas hipóteses e até vamos testar aqui. Agora, por enquanto, não há como fazer.

AP – Qual a orientação aos produtores de suínos?

Eridiane – Precisamos conversar com produtores para deixar claro uma regra que já existe: em área produtiva que trabalha com criação de suínos, não é permitida criação de porcos soltos e aqui no interior a grande parte é de criação de porcos soltos. Primeiro fazer valer a lei, tem que ser confinado. É a primeira providência, mas ainda assim, tem o risco do javali ir até o chiqueiro e acabar cruzando com as porcas.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.