Produtores da região buscam formas de combater a proliferação do javali

Simpósio realizado na tarde de ontem reuniu lideranças de vários municípios da região da fronteira

Dois representantes do Estado, das Secretarias de Meio Ambiente e da Agricultura vieram a Livramento para responder a respeito das providências que o Estado precisa tomar no sentido de reduzir os prejuízos que o meio rural vem sofrendo com os ataques dos javalis asselvajados, bem como a partir de outras pragas, como a lagarta helicoverpa, o capim annoni, entre outros, que fazem parte do cotidiano do meio rural. Ouviram, em meio aos debates, várias queixas sobre a necessidade de providências mais pontuais e celeridade na implantação das mesmas.

O evento iniciou pouco antes das 14h, após as inscrições dos produtores, comandado pelo anfitrião, Luiz Claudio Andrade – presidente da Associação e Sindicato Rural de Livramento, e pelo vice-presidente da Farsul, Tarso Teixeira, presidente do Sindicato Rural de São Gabriel. Estiveram presentes líderes sindicais de São Gabriel, Alegrete, Cachoeira, Rosário do Sul, entre outros municípios.

Após a fala de abertura, de Andrade, enfatizando a necessidade de providências céleres para reduzir os prejuízos verificados em toda a região, Tarso Teixeira comandou os trabalhos de interlocução. O vice-prefeito Edu Olivera também fez uma manifestação, salientando que a municipalidade está ciente do problema do javali e permanece à disposição para auxiliar e apoiar naquilo que lhe compete.

 O coordenador do setor de Fauna Silvestre da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, João Dotto, como técnico, não poupou esforços no sentido de esclarecer que as alternativas são escassas, porém, já estão sendo realizadas gestões para buscar o combate ao problema. “Qualquer promessa que eu fizesse aqui seria leviano” – disse ele, após ter informado aos produtores rurais sobre a realidade do Estado, no que diz respeito ao javali. Ele enfoca que é preciso tomar providências, sim, para reduzir a população, mas afirma que não há como erradicar o animal. “Vão ter que conviver com ele, existem vários métodos para o controle eficaz da população, não há, entretanto uma receita pronta. Vamos ter que encontrar um para a região. O combate a essa praga exige inteligência” – destacou.

 

O médico e produtor rural João Gonçalves – autor de um artigo específico a respeito do problema – fez seu relato, destacando que aderiu ao programa governamental Mais Ovinos no Campo, obtendo financiamento para matrizes, porém, está desanimado. “Tenho uma produção de lã top, mas em 6 horas perdi entre 70 e 80 cordeiros pelo ataque dos javalis” – sintetizou, reforçando que no inverno sua propriedade rural foi alvo de abigeatários,  os quais, naquela oportunidade, levaram mais de 70 ovelhas SO. A exemplo do que a maioria dos produtores rurais ele defende que o governo gaúcho tome providências mais ostensivas para prover soluções  no abigeato, tanto no que se refere às questões do abigeato, quanto no que se refere às pragas exóticas inseridas no Estado.

 

Representando o secretário estadual Luiz Fernando Mainardi, da Agricultura, o procurador jurídico da pasta, Gildásio Saldanha Brum, ofereceu como resposta a negociação que está ocorrendo entre Mainardi, representando o governo gaúcho e o Exército Brasileiro, no comando da 3a Região Militar em torno da liberação do trânsito de armamento por tempo específico, na região, a fim de possibilitar melhores condições de caça. “Não é a solução ideal. Tratamos dessa pauta na semana passada e acreditamos que é possível essa liberação para o abate visando controle da espécie, mas precisamos de um plano de ação, a partir da real necessidade existente. Precisamos do apoio dos produtores, dos sindicatos, das entidades para termos um mapa das regiões atendidas e apresentarmos ao comando” – disse ele.

 

Representando a Sociedad de Fomento Rural da cidade de Rivera, o dirigente Faustino Trindad comentou sobre as diferenças em torno da legislação no Uruguai e no Brasil, especialmente no que tange a armamento e a caça do javali. Informou que em várias localidades uruguaias há caça esportiva, assim como existe um controle mais apurado das populações por parte de autoridades públicas e produtores. Trindad deixou claro que a exemplo do que ocorreu quando do episódio do descontrole populacional do morcego hematófago (transmissor da raiva), quando o Uruguai recebeu auxílio brasileiro – gaúcho, agora é a vez dos uruguaios repassarem as experiências que tiverem no que se refere ao javali. “Estamos à disposição para colaborar de forma cada vez mais integrada com os irmãos brasileiros com o que pudermos” – disse.

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1 Comentário

  1. Wilmar Braz

    Interessante o comentário do Sr.Faustino Trindad. Em Rivera, próximo ao Rio Taquarembó, os javalis estão dizimando rebanhos de bovinos (terneiros) e os proprietários rurais não encontraram a solução para o problema. Essa afirmação foi de dois pecuarista  daquele local.  

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