Livramento decreta EMERGÊNCIA

Anúncio foi feito ontem, ao meio-dia, no programa Canal Livre, da RCC FM, pelo prefeito, o vice e o diretor operacional do DAE

Carro-pipa abastecendo reservatório

O colapso no abastecimento de água recebeu, ontem, uma contramedida administrativa e funcional do prefeito Glauber Lima, a fim de ajudar nas ações operacionais que o recém nomeado diretor operacional do Departamento de Água e Esgotos (DAE), Jânio Chipollino, vem realizando em busca de restabelecer o abastecimento: após uma reunião que perdurou por toda a manhã no paço municipal, o mandatário decidiu decretar situação de Emergência.

Janio Chipollino, Edu Olivera e Glauber Lima, com o jornalista Henrique Bachio, âncora do Canal Livre

Em sete parágrafos, o texto do decreto estabelece os motivos para a decretação da situação de emergência, condição que possibilita ao município celeridade em trâmites burocráticos e no encaminhamento de alternativas para solucionar o problema, que revolta, há mais de duas semanas, moradores de diversos bairros e do centro. Levantamento inicial apontou que 40 mil pessoas estão sem abastecimento regular de água potável há mais de 24 horas.

O decreto 6.705, de 27 de dezembro, especifica a situação com embasamento no Cobrade, ou seja Classificação e Codificação Brasileira de Desastres.

 

 

 

 

As considerações do mandatário

Glauber Lima decretou emergência nas áreas urbanas e rurais do município, afetadas por falta de abastecimento de água potável, por baixa capacidade de captação e armazenamento, provocada por estiagem, levando em conta os motivos expostos:

CIDADE SEM ÁGUA:


prefeito Glauber Lima foi à rádio, ontem, para anunciar o decreto de emergência

A água é um bem essencial à vida, indispensável à atividade econômica e sua falta põe em risco a saúde e segurança da população;

É essencial restabelecer a normalidade no abastecimento de água, diante do atual colapso do sistema, provocado pela baixa nos níveis do lençol freático e pela insuficiente capacidade de captação e reserva hídrica, agravado pela estiagem e temperaturas próximas ou superiores a quarenta graus célsius;

Em decorrência do colapso no abastecimento de água que afeta centro e bairros da cidade, aproximadamente 40 (quarenta) mil pessoas estão sem abastecimento regular;

O aumento sazonal da população no período de férias, acentua o quadro de crise de abastecimento;

O DAE – Departamento de Águas e Esgotos, via ofício 738/2013, descreve o problema e solicita a decretação de estado de emergência;

Pelo Ofício 40/2013, foi informada a situação emergencial à Secretaria Nacional de Defesa Civil.

“Nós estivemos, desde as 7h30, reunidos tomando medidas para buscar minimizar essa grave crise de abastecimento que estamos vivendo há alguns dias e que se acentua com as altas temperaturas. Chegamos ao entendimento e assinei o decreto, deflagrando situação de emergência por 60 dias e já construímos um conjunto de articulações que nos próximos 2 a 3 dias deverão minimizar essa situação de desabastecimento”.

Glauber Gularte Lima Prefeito Municipal

O prazo: 3 dias

As ações de combate ao colapso que já vêm sendo realizadas pela equipe do DAE serão reforçadas hoje, segundo disse o Prefeito, com medidas resultantes de articulações que realizou na manhã de ontem, em contatos telefônicos com o prefeito de Bagé, Eduardo Colombo (Dudu), com o diretor presidente da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Tarcísio Zimmermann, com o deputado Elvino Bohn-Gass, com o secretário de Agricultura/RS, Luiz Fernando Mainardi, com o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana Neto. Mais um caminhão-pipa do governo do Estado foi articulado pelo Prefeito, devendo também começar a operar na cidade.

Com esse volume de carros-pipa e tanque circulando para abastecer os reservatórios, o prefeito Glauber Lima disse acreditar que é possível fixar prazo. “Acredito que nessas condições, em efetivo trabalho, em 3 dias deveremos restabelecer o quadro de abastecimento” – resumiu o mandatário, acrescentando que os caminhões-pipas servirão para reabastecer de forma contínua e continuada os reservatórios, seguindo uma escala que está sendo pré-estabelecida pelo Departamento Operacional do DAE.

As medidas

Virá de Bagé, por uma parceria com o Exército Brasileiro e o prefeito Eduardo Colombo, uma carreta com capacidade de 27 mil litros;

A Corsan está enviando para Livramento, chegando hoje pela manhã, uma carreta com capacidade para 30 mil litros de água.

Já está trabalhando um caminhão-tanque com capacidade de 14 mil litros

Chega hoje um caminhão pipa – alugado pelo município – com capacidade de 10 mil litros.
Assim, o município atinge uma capacidade de, a cada hora ou hora e meia, realizar o reabastecimento de 81 mil litros nos reservatórios que estão vazios hoje.

A água para os reservatórios vazios virá de 3 fontes: Prado 1, Vila Nova e Santa Rita (Sociedade Recretativa). Reservatórios que têm água estão ociosos, mas não estão conectados com os sistemas onde hoje falta água.

Articulação com a AES Sul para ligação de rede elétrica no poço da Tabatinga. A equipe do DAE, coordenada pelo diretor operacional Janio Chipollino, está concluindo a rede hidráulica do poço que o governo estadual perfurou na Vila Alexandrina, Tabatinga.
Há previsão de concluir essa rede hidráulica e a rede elétrica dentro de 2 dias no máximo e já assegurar o abastecimento na Tabatinga.

Com esse novo poço, folga sistema do Armour – hoje há necessidade de tirar água do Armour para a Tabatinga.

Reestabelecimento, mesmo que provisório, do poço da Morada da Colina – que tem um vazamento e que foi desligado. Religando aquela bomba, há como reabastecer uma parte significativa do Armour.

Protesto de baldes vazios

Ontem à tarde, por volta das 19h, um grupo de manifestantes (foto) permaneceu por cerca de uma hora em frente à Prefeitura Municipal. Moradores do Prado, Planalto, Vila Municipal, entre outros locais que enfrentam falta de água foram até o paço para exigir o restabelecimento do serviço. O protesto, ao qual compareceram pessoas levando toalhas, sabonetes, baldes vazios, entre outras simbologias, foi organizado pelas redes sociais.

“Nós marcamos um evento pela internet, para a realização de um ato de repúdio ao descaso com o abastecimento de água. Nós queremos que o governo cumpra o papel dele, pois pagamos por um serviço que não está sendo prestado. Já tivemos um aumento de 30% da taxa de água e esgoto, e com esse aumento não houve uma manutenção adequada. O governo precisa tratar o povo com mais respeito, eles estão jogando uma cortina de fumaça em um problema que já existe há muito tempo. Nós queremos uma resposta urgente da atual administração” – criticou Enio Júnior.

“Com esse calor, na quinta, 26, no meu chuveiro saía apenas pingos de água. Eu tenho três filhos pequenos, que ficam enjoados com o calor. Nós temos caixa d’água, mas até mesmo ela secou. Não posso lavar a roupa, está muito complicado. Quando o caminhão-pipa vem, a água que eles enchem não dura nem 12h” – disse Wanessa Corrêa, cabeleireira

O comerciante Paulo Vaz, do Prado, fez uma lamentação e disse entender que o problema é de gestão. “Eu lamento o que está acontecendo, com a riqueza de água que temos no subsolo, proveniente do Aquífero Guarani, a gente chegar ao ponto de não ter água na torneira, eu acho um absurdo. Estou há 25 anos na cidade e nunca faltou tanta água dessa forma. Nos últimos dias, as torneiras estão secas, mas desde o início do ano estamos com problemas com a água, como a falta de pressão. Isso para Livramento é injustificável” – afirmou.

O militar Harlem Maciel Souza é enfático. “Estou sofrendo com a falta de água desde o Natal. Eu vou para o centro tomar banho nas casas dos parentes. Cheguei à cidade há menos de um mês, morava em São Paulo e lá a água é mais barata do que aqui, e ainda os paulistas precisam fazer um tratamento muito maior na água, já que ela é retirada de um rio poluído” – referiu.

 A PERGUNTA DA POPULAÇÃO

Vai haver um desconto nas contas de água da população pela falta da prestação do serviço pelo DAE? 

Horácio Dávila Rodriguez, diretor presidente da autarquia responde:
“A princípio, não, a população paga uma taxa e vai seguir pagando esta taxa. O serviço está sendo prestado, apenas há interrupções no abastecimento, mas não chega a ser uma falta de água generalizada. Não temos água suficiente para distribuir, devido ao clima, ao alto consumo e a uma série de fatores. Há um colapso do sistema, possuímos poços que trabalham de forma ininterrupta e com o tempo acabam sofrendo certa “fadiga”, gerando menos produção. O lençol freático é como se fosse uma garrafa de água, onde nós colocamos vários canudos para a população consumir: vai chegar um momento em que ele vai esvaziar e como não há capacidade de reposição imediata, fatalmente se começa a produzir menos água do que aquela que é demandada pelo consumo. É importante que a população faça o consumo racional da água. Nós estamos trazendo mais caminhões-pipa para levar água de um ponto da cidade, em que os reservatórios estão com bons níveis, para aonde eles estão esvaziando”.

“Estou aqui porque há semanas não há água na minha casa. Eu tenho tomado banho na academia e em vizinhos. Eu espero que alguma atitude seja tomada, porque em pleno calorão de mais de 40°C nós precisamos de água na cidade”.

Charlene Tramontini, Analista de Sistemas, Vila Municipal

 

 

 

 

“No Natal, só conseguimos tomar um banho rápido antes que a água acabasse. Não tem como nos refrescarmos. Na quinta, 26, o caminhão-pipa veio até aqui e encheu o reservatório, mas a água saía suja. A situação está horrível”.

Denise Villega, Serviços Gerais | Bairro Planalto

 

 

“Chega a noite e a água começa a faltar. Eu moro há 31 anos aqui no bairro e isso já aconteceu algumas vezes no verão.”
Selmar Mello, aposentado, Bairro Planalto

 

 

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2 Comentários

  1. ronaldomaciel

    Quem sabe isso faça os santanenses entenderem que água potavel é um recurso esgotável e globalmente escasso. Não há a cultura do uso racional da água em Livramento. Exemplos simples? Faz-se a barba ou escova-se os dentes com a torneira aberta, até as calçadas são lavadas com a preciosa água potável. Quer ver a calçada limpa? Vassoura nela! Lavar calçada com água potável deveria ser considerado crime ambiental.
    E outra, tentar culpar os turistas e visitantes foi o cúmulo, é bairrismo demais de uma administração que tem sido no mínimo incompetente na gestão do seu recurso mais precioso… Acorda Livramento!

  2. doldan

    Uma coisa interessante é que um ano e pouco atrás o governo municipal queria a todo custo vender a água para o oriente com a justificativa de que havia um grande excesso de água captada na cidade, pois bem o governo não é a pessoa que está no cargo e sim uma instituição, então não importa se quem está no governo é o Wainer ou o Glauber, o governo é permanente… então a pergunta que merece resposta, por que a pouco a água seria vendida por sobrar e agora está em falta devido ao aumento do consumo, aumento creditado em grande parte aos “Turistas” que vem a cidade, turistas estas que a anos vem para cá, Somente agora eles começaram a utilizar água? e ai?

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