Um Ser de Luz

Já perdi a conta dos velórios e enterros que acompanhei,inclusive de pessoas da minha família.Mas eu mentiria se dissesse que me sinto à vontade em salas velatórias e cemitérios.Assisto as cerimônias fúnebres com o coração em frangalhos,sabendo do mal que lhe causo.Mas seria omisssão covarde ignorar esses momentos nos quais se pode levar aos que ficam uma palavra de conforto e fazer uma oração para quem nos deixa,desejando ás almas paz em outra dimensão.Quem morre não está nem aí para os que ficam sofrendo muito ou encarando a situação com o realismo recomendável diante da morte que,um dia,bate em nossa porta sem necessidade de convite. Mas como é bom nesses momentos ouvir palavras elogiosas ao comportamento e as atitudes de quem recem partiu,deixando traços da sua ação aqui na terra. Principalmente quando os elogios são sinceros,plantados no fundo do coração.

Foi o que vivenciei esta semana comparecendo ao velório do ex-jogador Escurinho,o Luis Carlos Machado,na capela do Beira-Rio,onde ocorreu a cerimônia com a presença de centenas de amigos e admiradores.Todos os depoimentos a respeito do ídolo colorado recem falecido coincidiram. Foi um grande jogador de futebol,com brilhantes atuações no time do Inter nos anos 70,mas,sobretudo,um ser humano admirável.Alegre,sorridente,bem humorado,o Escurinho veio ao mundo somente para alegrar as pessoas e fazer amigos.

Fora de Série

Abraçado ao violão,Escurinho cantou e compôs muitos sambas,pricipalmente após ter abandonado a carreira profissional com passagens pelo Equador e o Chile.E trabalhou em escolinhas de futebol ensinando os fundamentos do esporte aos meninos pobres da periferia de Porto Alegre.Conversamos muitas vezes e até viajamos juntos. Por isso, a dor provocada pela morte do amigo foi atenuada pelos comentários que ouvi a respeito da sua personalidade. Tudo o que eu sentia em relação ao Escurinho foi confirmado nos depoimentos dos seus ex-colegas de profissão e amigos.O Escurinho foi um cara fora de série.

E certamente não merecia o sofrimento que passou ao final da sua vida, com o corpo agredido pelo diabetes e o comprometimento dos rins,que lhe custaram a amputação de parte das pernas.Nesse sentido, vale o lugar-comum usado nessas circunstancias:ele descansou.Mas alem do que se disse a respeito do jogador e do compositor,tambem foi lembrado que Escurinho não encarou o diabetes com o rigoroso cuidado cuidado que a situação exigia, principalente antes do agravamento da doença.É verdade. Nem sempre agimos com os cuidados recomendáveis para enfrentar nossas doenças.Talvez se o Escurinho houvesse feito isso,ainda estaria vivo e poderia assistir ao lançamento do livro contando sua vida,escrito pelo jornalista Jonas Lopes da Silva,que deverá ocorrer nos próximos dias. Vou ler o trabalho do Jonas ,até para recuperar um pouco do convívio agradável do Escurinho.

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