Dólar sobe. E baixa. E faz cair o movimento nos free shops.

Cotada em média a R$ 2,00, moeda americana chega a ter três preços diferentes em um só dia

“Não deixamos de comprar nada e o passeio ainda vale a pena”, diz Vinícius Modena e Jessica Canteli

Perfumes, roupas, bebidas e enlatados são os produtos que o médico Rubem Wazlawovsky e a família – mãe, esposa e filha – vieram buscar em Rivera. Ciente da alta do dólar e do impacto no passeio à Fronteira da Paz, ele saiu de Porto Alegre conformado. “Não subiu muito, cerca de 10% a 15% em média. Ainda vale a pena, mas diminuí a minha lista de compras”, reconhece.

“Não deixamos de comprar nada e o passeio ainda vale a pena”, diz o casal Vinícius Modena e Jessica Canteli. Vindos de Caxias do Sul, eles tinham a viagem programada. Mesmo com a alta do dólar, embarcaram com amigos para a Fronteira. “Com o dólar até R$ 2,00 a gente pode continuar vindo. Se passar muito disso não vale mais a pena, porque a viagem é muito longa”, calcula Vinícius.

Rubem, Vinícius e Jéssica estão entre os turistas assustados com a variação do dólar – e com as abordagens da Operação Ágata (envolvendo o Exército, as polícias e a Receita Federal no posto da PRF), mas que não deixaram a viagem para depois.

Em duas semanas, a moeda americana disparou de R$ 1,65 a R$ 2,00 nos free shops. Mais do que isso, a situação é tão instável que provoca cotações diferentes ao longo do dia. “Isso gera uma insegurança no turista. A variação é pior do que o preço alto”, avalia o proprietário do Black Free Shop, Ivo Andres da Rosa. O resultado é uma redução entre 30% e 50% de movimento nas lojas.

O empresário lembra que mesmo com o dólar a R$ 2,00 as lojas vendiam bem. “Não faz muito tempo que esteve nesse valor. Sempre vai ser mais vantajoso comprar aqui”, assinala. Para ele, que vende eletroeletrônicos, somente se a cotação chegar a R$ 2,50, R$ 3,00 ou R$ 4,00 irá prejudicar realmente os free shops. “Se subir muito, as pessoas vão acabar substituindo o que compram aqui por produtos brasileiros”, projeta.

“A primeira pergunta é: quanto está o dólar?”. Com essa afirmação, o proprietário do Rivera Free Shop, Fabrício Silva, encena a chegada dos turistas à loja. A solução foi estabelecer a cotação a R$ 1,96, enquanto a assessoria de câmbio da empresa aconselhou R$ 2,01. “O que mais prejudica é o impacto que o turista recebe com o preço. Colocamos a R$ 1,96 como um desconto, uma medida para ser competitivo”, detalha o empresário. Porém, ainda não traça um panorama futuro. “Vamos esperar a próxima semana, ver como vai iniciar, para então adotar alguma outra estratégia”, diz.

A torcida de Uberfil Solé, proprietário do Point Shop, é para que o preço do dólar baixe. “Sentimos diminuir o movimento e estamos tomando medidas como cortar os descontos. Oferecemos vantagens a quem paga as compras em dólar ou no cartão de crédito, porque cobra em dólar também”, registra. Contudo, o pagamento no cartão ainda tem taxas. Ele diz que não houve mudanças nos preços dos produtos. “Os preços desses produtos importados no Brasil também irão aumentar, então continuaremos vendendo”, aposta.

Economista e professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Gustavo Aggio explica a situação e faz análise sobre o futuro do dólar.

Economista Gustavo Aggio

A Plateia - O que motivou essa alta impactante do dólar?
Aggio - São dois movimentos. O primeiro foi a crise externa, que faz com que os investidores de fora que tinham dinheiro aplicado no Brasil fiquem temerosos e retornem esse valores aos países de origem. Isso já aumentaria o dólar. Contudo, outro fator foi o governo provocar uma queda na taxa de juros, o que torna a aplicação financeira menos atraente por aqui. Esse fatores combinados geraram essa grande variação.

A Plateia – Por que essa variação de preço nos free shops?
Aggio – Nesse momento, os free shops estão expostos ao risco. Com esse “risco de preço”, eles ficam sem saber ao certo o valor dos estoques, mas terão que trabalhar nesse momento mais incerto, que pode durar um ou dois meses.

A Plateia - Qual a perspectiva: a cotação continua subindo?
Aggio - Não existe como calcular em um ambiente tão volátil. Acredito que ela deva ultrapassar os R$ 2,00, mas voltar aos R$ 1,90, R$ 1,80 e até mesmo R$ 1,70. Não mais aos R$ 1,58 que tivemos há alguns dias. Mas no mais longo prazo será possível que chegue até menos que isso.

O médico Rubem Wazlawovsky: “Diminuí a minha lista de compras”

Ivo Andres da Rosa: “A variação é pior do que o preço alto”

Fabrício Silva: “A primeira pergunta do turista é: quanto está o dólar?”

Uberfil Solé: “Ofertamos vantagens a quem paga em dólar”

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