Dólar a R$ 1.99 agrega como atrativo de turistas

Movimento com cotação cambial diferenciada da oficial mantém ritmo acentuado nas lojas riverenses do sistema

Prática de cotação diferenciada, a R$ 1,99, não é amplamente propagada, mas é praxe no sistema free shop

Época, produtos, oferta, hábito são alguns dos principais elementos atrativos de turistas brasileiros a Rivera. Com a decisão de algumas empresas de porte do ramo, capitaneadas pela Associação de Comércio de Free Shop, em manterem a cotação do dólar em R$ 1.99, um atrativo a mais se constituiu, fazendo com que a movimentação de compradores mantivesse sempre ritmo de aclive. Há empresas de free shop de porte menor, as quais, entretanto, mantêm a cotação oficial: isso, ao contrário do que se possa pensar, não é impedimento para o registro de regularidade em boas vendas.

Com os corredores em todas as seções repletos de turistas – realidade quase que cotidiana nas lojas riverenses – o Barão Free Shop registra bom fluxo de vendas também em função de manter o dólar a R$ 1.99. “Quando o dólar rompeu a barreira dos R$ 2,00, decidimos realizar uma série de estudos, capitaneados pela nossa diretoria, a qual definiu, com base nos dados verificados, pela fixação da cotação em R$ 1.99. De lá para cá, tornou-se hábito, pois o cliente chega aqui e já sabe quanto terá de pagar por determinado produto ou mercadoria ao verificar o preço em dólar” – destaca o gerente Dany Medina Alvez.

Dany, gerente do Barão Free Shop

Dany ressalta que uísques e vinhos continuam na preferência masculina e os perfumes e maquiagens, como preferidos pelas mulheres. “Temos fins de semana em que são registrados 30 ônibus, além dos turistas que permanecem vários dias hospedados na Fronteira. Eles já cultivaram o hábito de compra e a cotação fixa facilita no cálculo” – diz Dany, apontando que mesmo em função de uma redução no fluxo de pessoas do ano passado para este, no mesmo período, os negócios vão bem, especialmente nesta época em que se acelera a procura por itens das festas de Natal e fim de ano, especialmente, entre tantos, bebidas brancas, como vodka, tequila, vinhos e espumantes. “O consumidor é muito atento. Nosso cliente está a par da realidade de mercado. Imagine, um espumante de excelente qualidade que custa em torno de R$ 40,00 no Brasil, sai, aqui, por R$ 9,80” – exemplifica o gerente do Barão Free Shop. 

Impacto nas vendas 

Um dos diretores da rede Siñeriz, Hilmi Abdullah Neto, observa que a cotação do Dólar versus Real mantida a R$ 1,99 é mais um grande benefício para o cliente. “No momento em que o consumidor compra qualquer produto em uma das duas lojas da rede Siñeriz e paga com reais, automaticamente estará ganhando um desconto de aproximadamente 8%. É como se a loja inteira estivesse em promoção. O impacto nas vendas é positivo, pois a comunidade percebeu a grande vantagem que tem e está tirando proveito disso” – observa Neto.

Segundo o empresário, não há um perfil específico de empresa que detenha condições (poderio de compra e negociação com fornecedores) para manter, por tempo indeterminado, a oferta de produtos com essa cotação. “Hoje, hoje mais do que nada, é indispensável o grande esforço da Siñeriz, que é quem arca com o desconto e oferece a vantagem para o cliente, tornando assim os preços mais atrativos” – observa.

Durante muito tempo – no passado recente – a economia de fronteira utilizou, até como apelo de marketing, a simbologia do R$ 1.99 como atrativo (inclusive com comida a R$ 1.99, lojas de R$ 1.99, etc…). Essa condição simbólica ainda permanece como fator atrativo, agindo no subconsciente do potencial consumidor. Neto, considerando sua experiência, afirma que o final “99” tem um apelo muito grande, sim. “Ele é como se fosse o limite entre a barreira do preço atrativo e do não atrativo. Na grande maioria dos casos as empresas utilizam este modelo na precificação do produto”.

O diretor atesta que hoje os produtos mais procurados, sem sobra de dúvidas, são as bebidas, roupas e eletrônicos. “O troco é fornecido sempre na mesma moeda que o cliente está pagando, isso faz com que o cliente tenha a segurança de que será beneficiado com o desconto cambial na hora de comprar com reais” – observa. 

Ivo da Rosa, dono do Black Free Shop

Estratégia 

Proprietário de free shop, o Black, que trabalha com eletrônicos e perfumaria principalmente, o empresário Ivo da Rosa considera que é uma estratégia manter a cotação, o que não é o caso de sua empresa. “Nós trabalhamos de forma diferente, damos o desconto no produto. O Black Free Shop adota essa técnica e, na prática, o consumidor precisa é fazer o cálculo do preço em reais, pois nas vendas com a cotação de R$ 1.99 não há desconto no produto, pois a cotação já oferece essa redução. Nós trabalhamos com a cotação normal, hoje oscilando entre R$ 2.12, R$ 2.16, dependendo do dia, e mesmo assim, o cliente que fizer o cálculo, colocando, por exemplo, 7% ou 8% de desconto no preço do produto, verá que fica uma coisa pela outra” – refere, salientando que essa prática do Black considera que a pessoa faça o cálculo pelo valor em reais da mercadoria ou item que pretende comprar. “Se fizer o cálculo, com aplicação do desconto no pagamento à vista, que oferecemos, verá que estará pagando um valor praticamente igual àquele pago com cotação a R$ 1.99” – explica. 

 Consumidores

Alex Kirschop, corretor de imóveis em Santa Maria, observa que é interessante saber de antemão quanto se vai pagar e aí reside a boa oportunidade. “Sempre que se sabe quanto vai se gastar, fica melhor” – afirma ele.

 

 

 

O vigilante Alexandre de Castro, da Cidade Universitária, considera que tanto a cotação, quanto os produtos são atrativos, evidenciando a qualidade do que está disponível nos free shops. “Cotação, preço final, qualidade, entre outros itens são sempre avaliados, claro” – afirma, enquanto pesquisava preços de bebidas para o fim de ano. 

 

 

“Considero que a manutenção dessa cotação fixa facilita muito para nós, consumidores, pois a gente já vem sabendo quanto vai pagar pelo artigo” – define Helder Bagolin, motorista, da região central do Estado.

 

 

 

 

 

Rogério Mann, motorista, também de Santa Maria, observa que os preços dos produtos são determinantes na decisão de compra, em que pese, obviamente, a cotação de R$ 1.99 facilitar essa decisão. “Depende do volume de compra e do que se dispõe a gastar” – afirma ele, ponderando sobre a influência da cotação e a decisão de compra.

 

 

 

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