Lançamento do livro “Jango, a vida e a morte no exílio”

A obra escrita pelo jornalista Juremir Machado da Silva foi lançada com palestra e sessão de autógrafos, na Câmara Municipal de Vereadores

Ontem, 3, às 19h, foi realizada palestra com o jornalista Juremir Machado da Silva, autor do livro “Jango, a vida e a morte no exílio”, na Câmara Municipal de Vereadores, no Plenário João Belchior Goulart, que aproveitou para lançar a obra no município. Às 20h, as pessoas que compareceram para a conferência puderam prestigiar a sessão de autógrafos, no Memorial Ivo Caggiani.

De acordo com o jornalista e escritor, o livro está disponível nas melhores casas do ramo (L&PM). Ele conta que quando olha o volume sobre a própria mesa quase não acredita que foi ele mesmo que o fez. “Quase fui consumido por esse trabalho de três anos de pesquisa, mais de dez mil páginas de documentos, entrevistas, viagens, encontros com quem conviveu com Jango, visitas a prisões de alta segurança, o ponto de vista da família, longas conversas com Christopher, neto do presidente deposto pelo golpe militar, tudo, uma montanha de dados. Ao longo da pesquisa, firmei minhas convicções: Jango foi um herói que teve a grandeza de não jogar o Brasil em uma guerra civil”, declarou Machado.

O ex-presidente “Jango”, na opinião do jornalista, foi um reformista de visão, derrubado porque estava fazendo o Brasil correr um grande perigo: ser melhorado quando a oligarquia ainda se sentia forte para sugá-lo durante mais algumas décadas. A reforma agrária, mais do que tudo, derrubou João Goulart. Ela serviu de estopim para a ação orquestrada e financiada pelos norte-americanos. Jango quis completar o trabalho de Getúlio, levando a legislação trabalhista para o campo. As suas reformas de base eram tão progressistas e necessárias, que apavoraram as elites retrógradas do país, que encontraram na ameaça comunista disseminada pela propaganda americana o fator de mobilização da mídia e da classe média para destituir o governo, não pelo que tinha de ruim, mas pelo que poderia vir a fazer de bom.

O escritor afirma ter mergulhado em uma tonelada de documentos, muitos ainda mantidos longe dos olhos dos brasileiros. Ele afirma, por exemplo, ter lido na íntegra o processo da justiça argentina que, em 1982, investigou o desaparecimento de Jango como “morte duvidosa”. O jornalista declara: “Andei atrás da alma de Jango. Trabalhei até ficar exausto. Tirei das minhas entranhas um livro que me toca profundamente, pois revela um Brasil que ainda se quer esconder. O cortejo de horrores da ditadura não esperou 1968 para se instalar. Começou no próprio dia do golpe. A imprensa embarcou na sinistra aventura. Jornalistas que hoje se exibem como campeões da resistência publicaram textos de adesão, de entusiasmo e até de deslumbramento”, desabafou.

Para o autor, o livro completou um ciclo de vida e de pesquisa: Revolução Farroupilha; 1930, Getúlio, Brizola e a Legalidade; e Jango, o golpe, o exílio e a morte. O jornalista foi buscar a resposta para a grande questão: Jango foi assassinado? “Deixo a porta aberta para a surpresa. Afinal, a exumação dos restos mortais de Jango poderá me desmentir. Mas, com os dados que levantei, ouso afirmar: havia certamente projetos para matar Jango, ou o desejo de se fazer isso, mas tudo indica que ele não foi assassinado. Faltou tempo. Um ataque cardíaco roubou-o aos assassinos”, finalizou.

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