100% SUS

Fui a Audiência Pública sobre “Hospital Santa Casa 100% SUS” para ouvir e refletir sobre a nossa situação perante tantas contradições entre o que o hospital avançou e o que oferece aos seus servidores em “humanização da saúde”, pondo em cena, de um lado, o embrutecimento e, de outro, a necessidade de sensibilização das pessoas, profissionais e familiares envolvidos com pacientes. Não questiono a seriedade da gestão hora implantada, mas questiono a falta de um diálogo manso que contemple trabalhadores de saúde e hospital. De fato, é sempre melhor que as pessoas se tornem seres humanos respeitosos e, até mesmo, possam ser amorosos uns com os outros. Mas a morosidade ou a competência para a caridade – o assistencialismo possível – não resolveria o problema da Saúde. Nem de nenhuma outra área. Se quisermos debater a questão do que vem sendo chamado de “Humanização da Saúde” teremos que fazê-lo em termos éticos e políticos sim, sem separar o ético do político, sem reduzir a questão à mera moralização ideológica adocicada que em nada mudará o cenário da nossa vida santanense nesta área.

É notícia que cada dia mais e mais hospitais fecham as portas para novos pacientes por falta de profissionais. É notícia também que boa parcela dos trabalhadores da saúde está desistindo da saúde e migrando para outras áreas profissionais. Muito tem se noticiado que faltam médicos no Brasil. A realidade é que falta pessoal qualificado para todas as áreas da assistência hospitalar, que tem contato direto com o paciente e as vagas existentes não são ocupadas por falta de candidatos. A causa? Os baixos salários, a jornada de trabalho excessiva, plantões em finais de semana e feriados e porque os profissionais têm atividade penosa, estressante e com alto risco de contaminação. Com ganhos próximos ao piso mínimo regional, eles estão sucumbindo como anjos e gritando como humanos por reconhecimento.

Por isso que sou não só 100% SUS da nossa Santa Casa, bem como pela Municipalização Plena da Saúde. Isso nos levaria a independência da 10ªCRS Alegrete e Estado. Os recursos viriam direto do Ministério da Saúde. Quanto à redução dos repasses da contratualização, é técnica. As falhas que ocorrem é apenas por inexperiência de novas gestões por não observarem que procedimentos iniciados aqui e terminados em Uruguaiana, por exemplo, quem leva o benefício é Uruguaiana.

Não é o altruísmo nem a filantropia que explicam a preocupação da sociedade com a saúde municipal, são interesses por vezes securitários, outras vezes econômicos ou geopolíticos. Mas na nossa cidade, poderíamos sim utilizar melhor os fundos concedidos às instituições de saúde. O nosso problema é que queremos que tudo dure para sempre como está, quando a essência da vida é a MUDANÇA. 

Carlos Alberto Potoko

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