O nascimento de uma brava comunidade

Antes, no silêncio da nossa ausência, havia calma e um pampa que corcoveava selvagemente. Mas veio a Guerra da Cisplatina que marcou a alma do nossa terra, onde antes de se tornar vila pacata, passou por sangrentos combates. Sant’Ana do Livramento teve sua origem em campos neutrais do Rio da Prata nos anos de 1810, onde ali culminaram as independências das colônias espanholas que despertara no Império do Brasil preocupação para cuidar das fronteiras da Capitania de São Pedro do Rio Grande e em seu intento expansionista organiza um exército em que foi dividido em dois destacamentos principais. Um deles Estabelecendo-se às margens do arroio Ibirapuitã, que se chamou de “Acampamento de São Diogo”, que serviu de base de operações de um destacamento ao comando do Capitão José de Abreu sob ordens do General Joaquim José Curado, que expulsaram várias vezes da região os artiguistas que tentavam subjulgar a região. Pois nesse lugar nascia um povoado meio perdido, em terras perigosas, pois os castelhanos sempre passariam por ali a caminho das Missões, que segundo Artigas, eram terras orientais.
Com uma capelinha simples, contendo os seus humildes adornos como riqueza maior para proteger as mais de 40 famílias que viveriam ali, foi o que de fato marcou o início do povoamento com os primeiros habitantes junto ao referido arroio. Pois que, o destino lhes reservara um trágico fim em 16 de setembro de 1816, a Capela e o povoado do Inhanduí foram arrasados e queimados por orientais, denominados “independentes”, comandos pelo Coronel José Antônio Verdun, seguidor de Artigas, que se dirigia para as Missões Jesuíticas. Os moradores foram obrigados a abandonar o local, estabelecendo-se no acampamento militar do império, dando origem mais tarde a duas comunidades: uns ao Curato de Alegrete sob a invocação de Nª Sª Aparecida e outros ao Curato de Nossa Senhora do Livramento. São Diogo passou a ser conhecido, desde então, por Capela Queimada. D. Diogo de Souza, na campanha de conquista do distrito de Entre-Rios, pertencente à Alegrete, doou muitas sesmarias aos militares que dela participaram. E, assim, povoou-se a região com lideranças como Antônio José de Menezes (doador das nossas terras) capazes de desenvolvê-la e defendê-la militarmente quando necessário. No primeiro momento este lugar não foi de agrado das autoridades religiosas na época, sendo assim deslocada a capela para outro local e atual denominado Itacuatiá, onde logo foi fundada a capela Nossa Senhora do Livramento no dia 30 de Julho de 1823.
Carlos Alberto Potoko

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