Fronteira com “zero kg” para vários produtos comprados em Rivera

Vigilância Agropecuária Internacional integra a operação “Rotas da Fé” e não permite a entrada no Brasil sequer dos tradicionais queijo e doce de leite uruguaios, adquiridos para consumo pessoal

Produtos serão incinerados

Um dos hábitos mais conhecidos – e antigos – de turistas brasileiros que vêm à Fronteira, e de santanenses que residem fora de Livramento e querem matar a saudade do cotidiano das cidades-gêmeas corre o risco de transformar-se em uma complexa operação aduaneira, devido ao rigor com que passou a ser fiscalizado pelos integrantes da operação “Rotas da Fé”, instalada junto ao posto da Polícia Rodoviária Federal, no km 05 da BR-158. Responsável pelo cumprimento da legislação que regula a entrada no Brasil de produtos estrangeiros de origem agropecuária, os agentes da Vigilância Agropecuária Internacional-Vigiagro, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estão apreendendo e destruindo no próprio local até mesmo potes de meio-quilo ou 1 kg do tradicional “dulce de leche” e queijo produzido no Uruguai e vendido nas famosas “queserias” da Calle Agraciada, a poucos metros da fronteira com o Brasil, e local de grande movimento de turistas. Os produtos são recolhidos em tonéis ou caixas e, após, embebidos com iodo e incinerados.

“Um hóspede retornou indignado e nos comentou que queriam apreender até mesmo uma pequena quantidade de doce de leite que o filho dele estava comendo, no banco de trás do carro. Acho isso um exagero”, reclamou, ontem, o presidente da Associação de Hotéis e Restaurantes de Sant’Ana do Livramento, Mozart Hillal. “Estão querendo é afastar de vez o turista, que não está levando nada para comércio, não está fazendo contrabando. Ao contrário, são produtos famosos no Brasil exatamente pela excelente qualidade que possuem”, pondera. O empresário teme, ainda, que esse tipo de ação venha a gerar uma reação negativa das autoridades uruguaias. “Será que vão precisar montar uma nova estrutura para fazer desembaraço aduaneiro de um pote de doce de leite ou um pedaço de queijo que as pessoas levam para consumo próprio? Em pleno fim de semana, como o turista vai fazer para obter o tal Certificado Sanitário para liberar esse produto e poder viajar de volta para casa?”, questionou.

O fiscal federal agropecuário Eduardo Flores esclarece essa questão: simplesmente, não tem como liberar. “A única maneira é através de um processo regular de importação do produto para o Brasil”, sugere. Segundo ele, essa é uma legislação que já existe e que é aplicada em outras localidades de fronteira. Entre Livramento e Rivera só está sendo cobrada agora em razão da força-tarefa pela visita do Papa Francisco ao Brasil. “Mas a previsão é que essa fiscalização se torne permanente e se estenda a todas as demais fronteiras”, avisou.

Atenção

Lista dos produtos agropecuários que não podem ingressar no Brasil sem autorização prévia e/ou certificação sanitária:
Frutas, verduras
Leite, queijo, manteiga, iogurte, doce de leite
Mel, cera, própolis
Animais de companhia
Carnes “in natura” ou industrializadas (presunto, embutidos, enlatados, pescados)
Comida para animais, ovos, sêmen, embriões, agrotóxicos e produtos veterinários (soro, vacinas, medicamentos)
Mudas, sementes, hortaliças frescas, madeira e terra
Comida servida a bordo

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1 Comentário

  1. Liane Vargas Martins

    Sou Santanense e atualmente moro em Cachoeirinha. Gosto muito de ir a Rivera fazer compras e uma das coisas que mais gosto de comprar é o famoso Doce de Leite Conaprole. Fiquei muito triste com essa reportagem, mas infelizmente vamos ter que nos acostumar. 

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