Uma injustiça ao General Curado

Nossa história cometeu uma injustiça pelo esquecimento dos feitos militares do Marechal Joaquim Xavier Curado ao homenagearmos apenas como fundador da nossa cidade Antônio José de Menezes, o doador das sesmarias para a povoação. Esquecemos que se não fosse a bravura de um valoroso soldado guardião destas fronteiras, o General Joaquim Xavier Curado, que com suas tropas foi de fato o primeiro povoador da Colônia que se formara nestas bandas por volta de 1810. Defendeu nos primórdios da nossa formação, não só o nossa povoação, bem como estas terras fronteiriças. Cumpriu sua grande missão histórica com suas tropas defendendo a fronteira e criando assim, outras cidades, pois na fronteira sudoeste só existia São Borja na fronteira das Missões.
O nome do Cerro do Depósito (hoje 7º RC Mec) data de 1820 ou 1825, quando o General Curado fez seu quartel nesta cidade. As forças do Coronel José de Abreu, galões conquistados em São Diogo, onde chegou como tenente. Por ordem do Marques de Alegrete, então governador, fundou e organizou a Povoação de Nossa Senhora Aparecida, hoje Alegrete. Seus Soldados treinados em São Diogo pelo infante Marechal Curado, disciplinado e tenaz, soube transformar os milicianos nos valentes Dragões de Abreu, cuja coragem e intrepidez serviram de estímulos a seus comandados, onde neste pampa valentia era lugar comum.
Em 27 de outubro de 1816 ocorreu uma Batalha denominada Carumbé. Nos dias precedentes a batalha, o General Joaquim Xavier Curado, que defendia a fronteira do Rio Grande do Sul, destacou o Brigadeiro Joaquim de Oliveira Alvarez, para reconhecer as posições de Artigas, com 760 homens e duas peças ligeiras. Ao chegarem às imediações de Carumbé (Cerros de Sant’Ana), a coluna de reconhecimento viu-se em presença de numerosa força inimiga. O comandante era o próprio Artigas, sendo o número de seus soldados superiores a mil e quinhentos homens. Acompanhavam-no Toribio Fernandez, Baltazar Ojeda, Inácio Catelli, Domingos Manduré e Andrade Latorre. A divisão comandada pelo general de infantaria do General Curado, estava concentrada desde 09 de fevereiro de 1811[] próximo do Povoado dos Aparecidos (Capela Queimada), às margens do arroio Inhanduí (afluente do rio Ibirapuitã chico) a 25 km a noroeste dos atuais municípios de Alegrete e Sant’Ana do Livramento. Estava integrada por: 2 batalhões de infantaria da Legião de São Paulo. 2 baterias montadas de artilharia da Legião de São Paulo. Um esquadrão de milícias de Rio Pardo. Uma companhia de lanceiros guaranis. O avanço de Curado era comandado por Thomaz da Costa. Nestes dias, surpreendido enquanto marchava, o Brigadeiro Álvares viu-se repentinamente obrigado a aceitar o combate. Foi um desastre para as forças artiguistas. A derrota fragorosa soprou o pânico nas fileiras em vias de serem dizimadas, tanto que os soldados do caudilho Artigas retiraram-se em fuga. Por nosso lado, a perda foi de 29 mortos e 55 feridos, enquanto que o inimigo teve 600 mortos e vários prisioneiros. Isso descrito magistralmente por Gustavo Barroso no seu livro “A guerra de Artigas”.
Não podemos esquecer assim tanto heroísmo, tanto sangue vertido em nosso benefício, renegando tudo o que é belo e nobre pela liberdade que ora desfrutamos. O legado imperecível dos valentes dos valentes dos nossos antepassados, daqueles que nos enchem de orgulho e veneração. Daqueles que estão na nossa maravilhosa história encravados no legado deste torrão que tanto amamos, não podem ser olvidados por nós e nem pelas gerações que nos sucederão. Os documentos falam por aqueles que partiram e nos deixaram aqui, para seguir-lhes os exemplos e honrá-los, como bons brasileiros forjados nas lutas que ficaram os marcos desta gigante pátria amada, Brasil.

Carlos Alberto Potoko

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