Uma Casa para concretizar sonhos e realizar negócios
Empreendedores ampliam as vendas de produtos artesanais através da Casa da Economia Solidária Regional
O espaço está fazendo a diferença na vida das 25 pessoas que fazem parte, atualmente, de cinco empreendimentos solidários, com cerca de cinco integrantes em cada um deles. Elas resolveram investir em uma ideia e desenvolver o próprio negócio, fazendo artesanato ou trabalhando com o setor de alimentação. O que elas produzem está, agora, na Casa da Economia Solidária Regional, que foi inaugurada há dois meses.
Conforme a coordenadora da Casa, Marisa da Luz, “a Casa surgiu justamente para suprir a necessidade de expor o que essas pessoas produzem e também para oferecer cursos de formação para a população. A economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como uma inovadora alternativa para a geração de trabalho e renda, além de promover a inclusão social”. O prédio foi doado ao município pela Superintendência do Patrimônio da União no Estado.
O resultado de ter um local exclusivo para comercializar os produtos já pode ser constatado através do relato de uma das empreendedoras. Denise Marques Gomes faz doce e rapadura de leite. Ela traz para a Casa em torno de 20 potes de doce de leite e cerca de 300 rapaduras, por mês. E tudo é vendido. A doceira mora no distrito de Vista Alegre, a 75 quilômetros do centro, e justamente por causa dessa distância, ela até deixava de vender os produtos, porque não tinha como se deslocar todos os dias para a cidade. “Foi muito bem-vinda a inauguração da Casa para eu poder vender o que faço, a minha produção. E como moro na campanha eu não teria como vir para a cidade para comercializar os meus produtos”, comentou ela.
A localização da Casa, bem no centro da cidade, tem favorecido também o aumento das vendas. “Até os uruguaios acabam comprando os nossos produtos, são os que mais compram, e isso ajuda a impulsionar o trabalho dos artesãos”, afirmou a coordenadora, Marisa da Luz.
O local oferece uma grande variedade de produtos. São opções diferenciadas para presentes, decoração e utilitários domésticos. É possível encontrar peças, que vão desde um adesivo para geladeira a cobertores de lã de ovelha, e cujos preços variam de R$ 1,00 a R$ 200,00.
Como participar da economia solidária
E se entre os leitores existem pessoas que também almejam fazer parte da economia solidária e utilizar a Casa da Economia Solidária Regional para vender os seus produtos, o critério é estar inserido num grupo, associação ou cooperativa.
Os grupos precisam repassar 10% de tudo o que é comercializado durante cada mês para a coordenação do espaço. O valor, segundo a coordenadora, é destinado para a manutenção, para as viagens dos artesãos às feiras de outras cidades e para a compra de utensílios.
Cada grupo dos empreendimentos fica responsável em fazer o revezamento para fazer o atendimento ao público no horário de funcionamento do local.
O que funciona na Casa da Economia Solidária
O local tem três salas. Uma, onde são expostos e vendidos os produtos, e outra para a realização de cursos e oficinas e uma cozinha. Nas terças-feiras, das 14h às 17h, são oferecidos os cursos de pintura em tecido e em tela. Nas sextas-feiras, no mesmo horário, tem a oficina de crochê. O aluno paga o valor de R$ 10,00 por três horas de aula e permanece estudando durante o tempo que for necessário para aprender as técnicas em pintura. O material pode ser comprado no local, e não há limite de idade para participar dos cursos.
Gabriel Quatrin, de 12 anos, faz parte da turma do curso de pintura em tela. O gosto pela arte e por desenho o fez aproveitar a oportunidade para aperfeiçoar o que já aprendeu. “Eu pretendo vender os meus quadros para investir na minha faculdade, e assim, não depender muito dos meus pais”, aposta o estudante.
Já a aposentada Enoir Nunes Marques, de 58 anos, viaja 30 quilômetros desde o Cerro do Chapéu até o centro da cidade, duas vezes por semana, para as aulas de pintura em tecido. Ela faz outros trabalhos em artesanato, mas resolveu investir no curso para aprimorar a apresentação das peças de tecido. “Faz muito tempo que eu pinto e esse curso está em ajudando a melhorar a minha pintura. Com a venda das peças, eu consigo auxiliar na renda da família”, comentou ela.
Como a Casa se tornou regional
Desde a inauguração da Casa da Economia Solidária, no dia 18 de abril, a Secretaria Estadual de Economia Solidária determinou que o local passasse a atender, além de Sant’Ana do Livramento, também outros cinco municípios da região: Quaraí, Barra do Quaraí, Santa Margarida do Sul, Dom Pedrito e Rosário do Sul. Assim, os artesãos e pessoas que trabalham no ramo da alimentação nessas cidades também vão poder expor e vender os seus produtos na Casa.
Recentemente, a diretora do Departamento Estadual de Incentivo e Fomento à Economia Solidária, Nelsa Fabian Nespolo, esteve na cidade para fazer uma avaliação dos primeiros dois meses do trabalho realizado pelos empreendedores. E ela anunciou que, futuramente, só irão participar da Casa os grupos que tiverem a certificação dos seus produtos, que deverá ser realizada pelo Departamento.
Serviço
A Casa da Economia Solidária Regional está instalada no primeiro andar do prédio da antiga sede da Junta de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho, na rua Rivadávia Corrêa, número 60, bem próximo à linha divisória, no centro da cidade. Funciona de segunda a sábado, das 9h às 18h, sem fechar ao meio-dia.
ESPECIAL: Jandira Vanin | FOTOS: Marcelo Pinto