Livramento mobilizada

Apesar de não haver paralisação propriamente dita, sindicalistas e estudantes manifestaram sua indignação nas ruas e no poder público

Como já estava marcado, durante a manhã de ontem, um grupo de sindicalistas de vários segmentos da sociedade, além de estudantes e demais membros da comunidade, reuniu-se na Praça General Osório, para manifesto em alusão ao Dia da Luta Nacional, programado para 11 de julho.

Em apoio às manifestações, as agências bancárias da cidade não atuaram no dia de ontem, exceto duas, que mantiveram seus serviços inalterados. “Após a assembleia, o pessoal decidiu aderir à paralisação. Essa pauta é nossa e também lutamos pelo fim da corrupção. Acredito que o povo acordou, pois são coisas que devemos inverter”, destacou Jorge Pedra, presidente do sindicato dos bancários da cidade.

Segundo o presidente do 23º núcleo do CPERS, professor Neimar Quines, a expectativa era de que as escolas paralisassem, mas essa mobilização foi parcial. “Hoje é o dia de mostrar nossa indignação. Estamos cobrando do governo um posicionamento firme no sentido do cumprimento da lei do piso do magistério”, salientou.

Nas escolas municipais, segundo informações repassadas pelo secretário de Educação, Mario Santanna, devido à mobilização, foram canceladas as aulas na zona rural, tendo em vista que os ônibus que levam os professores até os educandários passam por rodovias, que poderiam estar interditadas. Na zona urbana, as instituições funcionaram normalmente, exceto pela eventual falta de alguns professores, que aderiram à paralisação.

Na Escola Municipal Professor Dias, segundo a supervisora do turno da manhã, Cinara Barrios, os próprios alunos organizaram e prepararam seus cartazes, que ficaram fixados nas grades da escola durante o dia. “Consideramos que é o momento oportuno de os alunos manifestarem tudo que desejam. É o momento de eles poderem dizer o que sentem necessidade, o que o bairro e a comunidade escolar precisa”, destacou Cinara.

Os trabalhadores da saúde, como a equipe dos postos de saúde, trabalharam de forma normal.

No Departamento de Água e Esgotos, parte da categoria se mobilizou durante a manhã, em frente à autarquia. Justo Itiberê, representando o Sindiágua, relatou que as reivindicações são referentes à valorização e qualificação dos funcionários. Entre elas, a criação do cronograma de reajuste salarial e vale-alimentação para todos.

Por volta das 10h, várias entidades reuniram-se na Praça General Osório, com faixas e bandeiras do País e do Estado; e o grupo dirigiu-se para a Prefeitura Municipal, ocupando o plenário do local. Após a manifestação dos líderes sindicais presentes, foi entregue ao prefeito em exercício, Eduardo Olivera, o manifesto contendo as reivindicações nacionais e as pautas municipais. Após a entrega, os manifestantes retiraram-se do Palácio Moisés Vianna, voltando à Praça General Osório, onde logo em seguida dispersaram-se.

 REIVINDICAÇÕES

A lista abaixo foi entregue à presidenta e ganhou destaque na paralisação de ontem, em Livramento

Fim do fator previdenciário
10% do PIB para a saúde
10% do PIB para a Educação
Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários
Valorização das Aposentadorias
Transporte público e de qualidade
Reforma agrária
Mudanças nos leilões de petróleo
Rechaço ao PL 4330, sobre terceirização
Reforma política
Reforma Urbana
Democratização dos meios de comunicação

À tarde, manifestantes dirigiram-se à Câmara Municipal de Vereadores 

Após nova mobilização na Praça General Osório, no turno da tarde, os manifestantes, munidos de bandeiras, balões, faixas e cartazes, subiram a Rua dos Andradas, gritando palavras de ordem, e alguns manifestantes entregaram panfletos aos que assistiam, em frente ao comércio da rua central.

A caminhada pacífica, como os próprios manifestantes fizeram questão de chamar, atraiu a atenção dos transeuntes, que observavam em silêncio a passagem dos reivindicadores, sem nenhuma manifestação de apoio ou repulsa.

O grupo subiu a Rua dos Andradas, dobrou à direita na Avenida Tamandaré, à direita na Rivadávia Corrêa, e à esquerda na Manduca Rodrigues, parando por poucos minutos em frente à Santa Casa de Misericórdia, onde reforçaram o desejo do “Hospital 100% SUS” e a palavra de ordem: “A Santa Casa é nossa”.

Logo após, o grupo adentrou a Câmara de Vereadores, onde foi recebido pelo presidente Dagberto Reis e os vereadores Aquiles Pires, Jansen Nogueira e Itacir Soares.

Após, cada categoria ali presente realizou uma explanação de cada reivindicação levada ao legislativo.

REIVINDICAÇÕES

As pautas foram centralizadas em quatro eixos principais:

1 – Saúde – É nosso problema mais sério e o que afeta boa parte da população. Defendemos que haja uma intervenção municipal na Santa Casa; e que ela seja 100% SUS. Que prevaleçam os interesses do povo, e não mais os da atual oligarquia médica, corporativista e elitista, que privilegia seus interesses sobre os da população.

2 – Direitos aos Trabalhadores – Que o poder público seja firme (por meio de manifestações e/ou medidas concretas) contra a exploração que sofrem nossos trabalhadores em Livramento. Muitos não têm carteira assinada e nem os direitos garantidos na Constituição (como férias remuneradas, 13º salário, salário mínimo, etc.)

3 – Infraestrutura no campo e bairros – Que as zonas mais pobres da cidade sejam privilegiadas no asfaltamento, no saneamento básico, e no transporte coletivo. Aprimoramento do transporte coletivo no meio rural. Expansão e reestruturação das vias rurais.

4 – Assistência Social e Estudantil – Criação de um Restaurante Popular que tenha convênios com estudantes da rede pública e bolsistas.

ENTIDADES PARTICIPANTES: MST, CPERS, Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Sindicato da Saúde, União Nacional de Estudantes, e demais entidades apoiadoras.

Poder público recebe reivindicações e dá resposta aos manifestantes

Prefeitura Municipal 

“Recebi as reivindicações e, em primeiro lugar, gostaria de dizer que, mesmo não podendo me manifestar em público, já que o movimento optou por fazer um monólogo e a gente respeita da mesma forma, nós reconhecemos como legítimo o movimento. A prefeitura é a casa do povo, assim sendo, sempre serão bem-vindos ao Palácio todos aqueles que entenderem que devem se manifestar, ainda mais se for de uma forma pacífica e ordeira, como foi feito nesta manhã. Isso é um exemplo de cidadania. Bom, recebemos as demandas e percebemos que uma boa parte das reivindicações que nos foi entregue não são da alçada do poder executivo municipal, ou seja, não estão ao nosso alcance. No entanto, aquelas que são direcionadas a nós, enquanto municipalidade, serão debatidas em nossas reuniões. Claro que demanda de muito trabalho e esforço do governo, partindo do princípio de que não recebemos uma casa limpa. Então, primeiramente, tínhamos – e temos – o dever de arrumá-la, para então cumprir com nossas promessas de campanha. Com relação à questão da melhoria de trafegabilidade no meio rural, com a melhoria das estradas: a comunidade é testemunha de que há pouco tempo tentamos fazer a implementação de um parque de máquinas e a compra de equipamentos, no entanto, nos foi negado. Então, se hoje não temos instrumentos para atender ao nosso povo, foi devido a essa questão, e isso comprova que estávamos no caminho certo quando buscamos meios de financiar um novo parque de máquinas. Nós queríamos o que o povo quer. Na questão da saúde pública, por força da legislação, temos um contrato firmado com a Santa Casa. Somos, por lei, obrigados a fazer um repasse de verba ao hospital e, muitas vezes, nós não temos a resposta à altura do que está sendo investido pela Prefeitura Municipal. Estamos trabalhando fortemente na criação de uma Unidade Básica de Saúde, que vai modificar a forma do pronto-atendimento em Livramento e vai desafogar o hospital e os postos médicos. Quando ouvimos essas reivindicações, procuramos transformá-las em agenda de trabalho e respostas para a comunidade. Claro que temos que pensar que é um governo que cumpre seu primeiro semestre, trabalhando com um orçamento do ano passado, um orçamento que, além de pequeno, veio pela metade, pois houve uma antecipação, em dezembro, no IPTU de 2013, o que impactou no nosso orçamento e reflete nos serviços que necessitam ser feitos em nossa cidade”, Edu Olivera, vice-prefeito de Sant’Ana do Livramento.

Câmara de Vereadores

“É claro que levaremos as reivindicações entregues a mim, como presidente da Câmara, para o prefeito Glauber Lima. Porém, são assuntos que já vêm sendo debatidos na Câmara de Vereadores, e aquilo que estiver sob a nossa responsabilidade será visto e trabalhado em prol dessas causas. Embora não sejam pautas novas para a Câmara de Vereadores, pois são questões que já estão sendo debatidas há algum tempo, aqui na casa que é do povo. Somente a comunidade organizada, os movimentos sociais e movimentos populares, são capazes de fazer a diferença, já que o poder emana do povo e também tem que ser exercido pelo povo, através da democracia participativa, e é isso que foi realizado no dia de hoje, na Câmara de Vereadores. A única novidade que temos nas reivindicações é a questão dos universitários, com relação à criação de um restaurante popular que tenha convênios com estudantes da rede pública e bolsistas. Essa é uma questão para ser discutida em conjunto com os diretórios acadêmicos”, Dagberto Reis, presidente da Câmara de Vereadores. 

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