Do ensino médio à faculdade

Michele Maiara, Angela Lotito, Laura Pereira Araújo Leite e Ivonete Pereira Leite, mãe de Laura

A dificuldade dos estudantes que vêm de fora para arranjar uma moradia

Depois de tanto tempo estudando, em horários rígidos e com atividades impostas, o estudante do Ensino Médio chega à faculdade e ganha autonomia, em um universo muito mais amplo. A liberdade que vem com a vida universitária traz consigo a necessidade de iniciativa. Ninguém fará a apresentação formal de cada parte do campus e nem obrigará os estudantes a participarem de todas as atividades potencialmente úteis para seu desenvolvimento. Por isso, nessa etapa, aumenta a importância de tomar a iniciativa para aprender e conhecer pessoas e lugares.

Sant’Ana do Livramento recebe pessoas das mais diversas partes do Brasil, anualmente, e estudantes que não têm familiares, casa, ou conhecidos e que nunca estiveram em nossa cidade, dizem ter dificuldade para encontrar um lugar para morar. Em virtude disso, famílias estão abrindo as portas de suas casas e abrigando esses jovens “desabrigados”. O ambiente familiar proporciona ao estudante uma réplica da casa onde moravam, pois em hotéis ou apartamentos eles ficam sozinhos ou com outro colega, o que não é tão aconchegante, como eles mesmos contam.

De acordo com estudantes que vieram de fora para começar as aulas no próximo dia 26, lugares como hotéis, apartamentos, ou pousadas, têm um alto custo mensal. Michele Maiara Marchetti, 18 anos, estudante do curso de Relações Internacionais, ressaltou que até há algumas repúblicas, no entanto são particulares. O ideal, de acordo com ela,

O local onde será a casa do estudante

seria que houvesse mais lugares gratuitos, como a casa do estudante, à disposição dos jovens que vêm de tão longe.

Michele também destacou a importância que têm as redes sociais, pois foi através do facebook que ela encontrou moradia e a colega de quarto, Laura Pereira Araújo Leite, de 19 anos, de São Paulo. Segundo ela, Laura também não tinha encontrado lugar para ficar,. Como Michele não conhecia ninguém, convidou Laura para ocupar um quarto que ainda estava vago na casa de Ângela Lotito. Ambas se chamam de irmãs hoje, pois já têm uma ótima afinidade.

Segundo Ivonete Pereira Leite, mãe da estudante Laura, os valores dos aluguéis estão muito altos. O jovem que vem de fora não tem nem móveis, e precisaria de lugares mobiliados, mas parece que a cidade ainda não está pronta para receber tantas pessoas vindas das várias partes do País. “Ouvi falar muito bem da cidade, em relação à segurança. Nesse sentido, fico muito mais tranquila em deixar minha filha aqui, durante todos esses anos”, ressaltou Ivone. 

Depoimentos

“Primeiramente, me informei pela internet a respeito de lugares para ficar, com pessoas que já moravam aqui, em um grupo na rede social só de pessoas do curso de Relações Internacionais. Foi então que fiquei sabendo do Núcleo de Desenvolvimento, que é um perfil no facebook, que posta as moradias que estão disponíveis para quem vem de fora para estudar na Unipampa. Assim,fui conhecendo lugares e ligando para saber da possibilidade, se a vaga ainda estava disponível, como eram os moradores, como eram os quartos. Enfim, tudo eu perguntava primeiramente pelo telefone. Liguei para diversos lugares, como pensões, residências familiares, hotéis. Foi então que soube da casa de Ângela Lotito, que a principio estaria à disposição. Depois, liguei novamente para a confirmação, e adorei o lugar. Ângela é bem receptiva, conversa bastante conosco, é como se tivéssemos nossos familiares com a gente, pois a casa é bem familiar e aconchegante. Adorei”, contou Michele Maiara Marchetti.

Victor Almeida Figueiredo, 17 anos, aluno do curso de Relações Internacionais, de Vitoria da Conquista, na Bahia

“Sei que irá ter uma casa para estudantes, mas o estudante que tiver interesse deverá passar por uma avaliação socioeconômica. Quem tiver as menores rendas na família é que poderá usufruir da casa. Eu acho que deveria ter mais vagas na casa do estudante, pois só tem cinquenta lugares para serem ocupados, sendo que há cinquenta pessoas só na sala de aula em que eu vou estudar. Quando a gente vem de fora, tem que arcar com várias despesas, como alimentação, moradia, roupas, pois aqui é demasiadamente frio, e tantas outras coisas. A principal dificuldade que encontrei aqui foi o frio. Eu vou morar sozinha em um hotel. Claro que foi um pouco difícil encontrar um lugar para ficar, principalmente pelo fato de que não conhecemos ninguém na cidade. O que complica mesmo é a alimentação, pois eu mesma não sei fazer comida nenhuma”, contou Aline de Castro, 18 anos, aluna no curso de Relações Internacionais da Unipampa, que veio de Belém, no Pará.

“Eu tive uma dificuldade muito grande em me adaptar com frio, que é intenso aqui na região. Como eu e minha família sabíamos que precisaríamos de um tempo para procurar lugar para que eu pudesse morar, então estou em um hotel, provisoriamente. A ideia é morar em um apartamento, com outros dois colegas”, relatou Victor Almeida Figueiredo, 17 anos, aluno do curso de Relações Internacionais, que veio de Vitoria da Conquista, na Bahia.

Em relação à casa dos estudantes que estará à disposição dos jovens que vêm de outras cidades, a equipe de reportagem conversou com Caiane Lopes, Assistente Social Nude/ Unipampa, para esclarecer possíveis dúvidas dos interessados.

Aline de Castro, 18 anos, aluna no curso de Relações Internacionais da Unipampa, de Belém, no Pará

A Plateia: Quando estará em funcionamento a casa do estudante?

Caiane: Em breve. Ainda não temos uma data exata, pois estão sendo feitos os últimos ajustes, para que o imóvel possa ser liberado.

A Plateia: A casa do estudante tem capacidade para quantas pessoas?

Caiane: A casa possui capacidade para 50 alunos.

A Plateia: Como se dá o processo seletivo? Seria Processo seletivo ou triagem?

Caiane: O processo seletivo é feito por meio de edital, que está aberto na página da Unipampa. Em “eventos e editais”, o aluno que tiver interesse em uma vaga na casa do estudante (bem como outros auxílios, como o auxílio alimentação) deverá se inscrever pelo edital e passará por uma avaliação socioeconômica, com comprovantes de documentação de sua renda familiar. O aluno deve entrar no site da UNIPAMPA e se inscrever no edital PBP 2013, além de apresentar a documentação exigida em edital no setor do NuDE, no Campus Livramento.

Sandro Burgos, técnico administrativo e Marcio Cordeiro, coordenador administrativo da Unipampa Livramento

A Palteia: Onde fica a casa do estudante?

Caiane: A casa do estudante fica próxima à UNIPAMPA, na rua dos Andradas, 1021, antiga pousada Zingari Village.

A Palteia: Como se dá a permanência do aluno na casa?

Caiane: Os alunos selecionados para participarem dos programas de assistência estudantil passam por uma reavaliação socioeconômica anual. Se através desta reavaliação constatar-se que o mesmo segue atingindo os critérios de vulnerabilidade social, ele será mantido com os auxílios e/ou a vaga na casa do estudante.

A Plateia: Como será o funcionamento da casa?

Caiane: A proposta da Universidade é de uma gestão compartilhada, todas as regras de convivência e de conduta na casa serão elaboradas pelos estudantes, juntamente com uma equipe de servidores do Campus Livramento.

A Plateia: Cada quarto abriga quantos alunos?

Caiane: Cada quarto comporta quatro ou seis alunos. 

A Assistente Social Nude/ Unipampa destacou, ainda, que a casa do estudante foi um anseio da comunidade acadêmica do Campus Livramento e dos alunos em geral, e será implementada em todos os Campi da Universidade. Nas outras cidades será construída a moradia estudantil (projeto João de Barro), somente em Livramento a casa será alugada. Porém, a Universidade busca um terreno na cidade para, posteriormente, construir a casa do estudante, tendo em vista esta ser uma política de assistência estudantil da Universidade. 

Unipampa recebe sinal verde para construção de moradias estudantis 

Em reunião em Brasília, na terça-feira, 19, a reitoria da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) recebeu sinal verde do Ministério da Educação (MEC) para iniciar as tratativas de construção de dez unidades de moradias estudantis, uma para cada campus da Instituição, batizado de Programa de Moradia Estudantil João de Barro. O aporte financeiro para o investimento será de pelo menos R$ 10 milhões.

Segundo Marcio Cordeiro, coordenador administrativo da Unipampa/Lvto, a concepção das casas prioriza a autonomia do universitário, deixando a ideia de um modelo verticalizado por um modelo horizontal de pequenas casas geminadas. A proposta, que será apresentada para discussão com a comunidade acadêmica, pretende sair do modelo de quartos e banheiros comunitários para unidades mais completas.

O projeto, que ainda está em fase de desenvolvimento, passará por um período de dois a três meses de discussão junto à comunidade acadêmica e às direções de campus para sua consolidação. A expectativa é de que até outubro possam licitar estas moradias estudantis.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.