O dia de hoje é marcado pela luta contra a agressão infantil no mundo

Sergio Alves Levi, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), com o Estatuto da Criança e do Adolescente em mãos

O dia 4 de junho é uma data que nos faz pensar nas crianças maltratadas e violentadas, pois é o “Dia Mundial contra a Agressão Infantil”. De acordo com Sergio Alves Levi, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), combater a agressão infantil não é nada fácil, considerando que muitas vezes a criança ou o jovem não tem coragem de contar que está sendo violentado por razões associadas ao medo, à vergonha ou à dúvida. Sendo assim, Levi ressalta a importância dos adultos estarem atentos e vigilantes a quaisquer sinais de mudança de comportamento, tristeza ou abatimento nas crianças. “A escola, por exemplo, é um local onde a criança e o adolescente permanecem por bastante tempo e onde os indícios de violência podem aparecer”, destacou ele, lembrando ainda que, na escola, a figura do professor é a de alguém de confiança que irá educar e identificar comportamentos preconceituosos, intolerantes e agressivos. Por isso, o espaço se caracteriza como importante agente na luta contra a violência infantil, pois partindo de um diagnóstico precoce do educador, pode-se evitar futuras agressões contra a vítima.

Segundo o presidente do Comdica, às vezes, as pessoas pensam que educar sem violência é apenas não bater. Levi declarou que agredir fisicamente é um crime monstruoso, entretanto, não é nem de longe o maior problema de agressão que há hoje em dia, em Sant’Ana do Livramento, já que os índices de violência contra crianças vêm aumentando. Existem diversas formas de violência contra criança, tais como a doméstica, sexual, exploração infantil, entre outras.

“Dizer à criança: ‘você é burro’ ou ‘seu irmão é melhor que você’, e ainda ‘por que você é assim?’, é um tipo de violência muito comum nos nossos dias”, afirmou Sergio Levi. Segundo ele, esse tipo de violência, psicológica e moral, é pouco discutida e pouco levada a sério, porque não deixa marcas nas crianças. “Uma pessoa que ouve isso, no futuro será uma pessoa insegura, fechada para novas experiências, medrosa. Vai se frustrar ao ver que é diferente, sem se dar conta de todos somos diferentes e que todos têm dons e que cada um é especial”, explicou.

Ainda de acordo com Levi, o maior problema para solucionar as questões relacionadas às agressões infantis é o fato de não haver uma casa de passagem para as vítimas. Em último caso, quando não há mais alternativas, em casos extremos, a criança vai para um abrigo em Uruguaiana, e lá é atendida por uma equipe de psicólogos, médicos, psicopedagogos, entre outros profissionais que se façam necessários.

 

“Eu acredito que a violência contra crianças vem aumentando a cada dia, e acho que o principal motivo é o socioeconômico. Há muitas crianças na rua pedindo o que comer, e até mesmo se prostituindo. Essa é a pior violência contra esses seres que não pediram para vir ao mundo”. Sandra Moreira

 

 

Primeiro atendimento

Procedimentos no primeiro atendimento à criança agredida, seja fisicamente ou psicologicamente,
encaminhada a um ambiente reservado e acolhedor:
Escuta atenta: observar detalhes e aceitar o relato, sem influenciar interpretações;

Atitude de crédito, sem perguntas em demasia, evitando detalhes desnecessários;

Deixar claro que a vítima não deve se sentir culpada ou envergonhada;

Evitar que a vítima tenha que repetir sua narrativa várias vezes;

Anamnese com as palavras da vítima, sem interpretações ou pré-julgamentos;

Orientar quanto a todos os procedimentos pelos quais ela passará dali em diante;

Se você souber de algum caso de agressão contra crianças em Livramento, denuncie pelo disk 100. A ligação e anônima e gratuita.

Tipos de violência praticados contra as crianças

Maus-tratos físicos
Uso da força física de forma intencional, não acidental, praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas próximas à criança ou adolescente, com o objetivo de ferir, danificar ou destruir a criança ou adolescente, deixando, ou não, marcas evidentes.

Síndrome “do bebê sacudido”
É uma forma especial de maus-tratos, e consiste em lesões cerebrais provocadas quando a criança, em geral menor de 6 meses de idade, é sacudida por um adulto.

Síndrome da criança espancada
Refere-se, usualmente, a crianças de baixa idade, que sofreram ferimentos inusitados, fraturas ósseas, queimaduras etc., ocorridos em épocas diversas, bem como em diferentes etapas e sempre inadequada ou inconsistentemente explicadas pelos pais. O diagnóstico é baseado em evidências clínicas e radiológicas das lesões. É reconhecida como aquela em que a criança é vítima de deliberado trauma físico não acidental provocado por uma ou mais pessoas responsáveis por seu cuidado.

Síndrome de Munchausen por procuração:
É definida como a situação na qual a criança é levada para cuidados médicos devido a sintomas e/ou sinais inventados ou provocados pelos responsáveis, que podem ser caracterizados como violências físicas (exames complementares desnecessários, uso de medicamentos, ingestão forçada de líquidos etc.) e psicológicas (inúmeras consultas e internações, por exemplo).

Maus-tratos psicológicos
Correspondem a toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança ou punição exageradas e utilização da criança ou do adolescente para atender às necessidades psíquicas dos adultos. Todas estas formas de maus-tratos psicológicos podem causar danos ao desenvolvimento biopsicossocial da criança. Pela sutileza do ato e pela falta de evidências imediatas de maus-tratos, este tipo de violência é um dos mais difíceis de ser identificado, apesar de estar, muitas vezes, associado aos demais tipos de violência.

Negligência
É o ato de omissão do responsável pela criança ou adolescente em prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento. O abandono é considerado uma forma extrema de negligência, caracterizando-se pela omissão em termos de cuidados básicos, como: privação de medicamentos, cuidados necessários à saúde, à higiene, ausência de proteção contra as inclemências do meio (frio, calor); falta de estímulo e condições para a frequência à escola. A identificação da negligência é complexa devido às dificuldades socioeconômicas da população, o que leva ao questionamento acerca da intencionalidade da mesma. No entanto, independente da culpabilidade do responsável pelos cuidados com a vítima, é necessária uma atitude de proteção daquele em relação a esta.

Abuso sexual
É todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual, cujo agressor está em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado que a criança ou o adolescente, tendo a intenção de estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. Estas práticas eróticas e sexuais são impostas à criança ou ao adolescente pela violência física, por ameaças ou pela indução de sua vontade. Pode variar desde atos em que não exista contato sexual até os diferentes tipos de atos com contato sexual, havendo ou não penetração.

Abuso sexual sem contato físico
a) Assédio Sexual: caracteriza-se por propostas de relações sexuais. Baseia-se, na maioria das vezes, na posição de poder do agente sobre a vítima, que é chantageada e ameaçada pelo autor da agressão.
b) Abuso Sexual Verbal: pode ser definido por conversas abertas sobre atividades sexuais destinadas a despertar o interesse da criança ou do adolescente, ou a chocá-los. Os telefonemas obscenos são também uma modalidade de abuso sexual verbal.
c) Exibicionismo: é o ato de mostrar os órgãos genitais ou de se masturbar diante da criança ou do adolescente, ou no campo de visão deles.
d) Voyeurismo: é o ato de observar fixamente órgãos sexuais de outras pessoas, quando estas não desejam ser vistas, buscando obter satisfação com essa prática.

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