Ações realizadas na semana marcam o dia contra a exploração sexual

Atividades palestras, passeatas e mateada chamaram a atenção da população para o tema

Alunos participantes da campanha realizada na escola

O fim de semana está sendo marcado pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (18 de maio). A data foi escolhida, pois, neste dia, em 1973, uma menina capixaba de Vitória /ES, foi sequestrada, espancada, estuprada, drogada e assassinada. Seu corpo apareceu seis dias depois, desfigurado por ácido. Os agressores jamais foram punidos. O movimento em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, após uma forme mobilização, conquistou a aprovação da Lei Federal 9.970/2000. O dia de hoje foi instituído com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la para o engajamento pelos direitos de crianças e adolescentes e na luta pelo fim da violência sexual. Portanto, esse é um dia em que toda a população do Brasil deve se manifestar contra a violência sexual cometida contra crianças.

Violência Sexual

Ana Selenave, professora de Ensino Religioso e pós-graduada em Tecnologias da Comunicação e da Informação Aplicadas à Educação, com o logotipo da campanha

A violência sexual é uma violação dos direitos sexuais, porque abusa ou explora do corpo e da sexualidade, seja pela força ou outra forma de coerção, ao envolver crianças e adolescentes em atividades sexuais impróprias a sua idade cronológica, ou ao seu desenvolvimento físico, psicológico e social.

Abuso Sexual e Exploração Sexual

A violência sexual, abuso ou exploração, pode ocorrer no ambiente familiar, quando há relação de parentesco entre vítima e agressor, e extrafamiliar, quando não há uma relação de convivência familiar entre agressor e vítima. O abuso sexual é a utilização do corpo de uma criança ou adolescente, por um adulto ou adolescente, para a prática de qualquer ato de natureza sexual. A exploração sexual caracteriza-se pela utilização sexual de crianças e adolescentes com a intenção do lucro ou troca, seja financeiro ou de qualquer outra espécie. Ela ocorre de quatro formas: em redes de tráfico, pornografia, redes de prostituição e turismo sexual.

Ações chamam a atenção da comunidade para a data

A semana foi marcada por diversos acontecimentos realizados pela população santanense. A Escola Estadual de Ensino Médio Júlio de Castilhos, por exemplo, teve suas atividades voltadas à data.

Alunos criam comunidade para divulgar o assunto

Ana Selenave, professora de Ensino Religioso e pós-graduada em Tecnologias da Comunicação e da Informação aplicadas à Educação – TICs – pela UFSM/UAB/EAD (Educação a Distância), pelo Polo de Livramento, realizou trabalhos com as turmas de Ensino Médio da escola. “Ninguém ouve, ninguém vê, ninguém fala”, desabafou Ana, em relação ao assunto abordado nas aulas, violência sexual, e o que fez ter a ideia do símbolo da campanha. “É um dia para pensarmos a respeito, divulgar, refletir, denunciar, pois existe toda uma rede de proteção a nível nacional contra esse tipo de violência”, destacou ela, enfatizando que para quem quer denunciar, mas não quer se identificar, há o disque 100.

Facebook

“Foi feita uma reflexão com os alunos em sala de aula, dentro da semana. Então, tivemos a ideia de usar o facebook como forma de chegar até as pessoas”, destacou Ana Selenave. Foi criada uma comunidade, segunda-feira (13), cujo nome é “18 de maio – Dia Internacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescente”. Dois dias após o início do grupo na rede social, já havia setecentos e noventa e dois membros.

Os alunos costumavam fazer trabalhos para expor no interior na escola, no entanto, este ano, resolveram ampliar essa abrangência, expandindo com a ajuda da rede social, o que está tendo um alcance muito relevante, segundo Natieli, aluna do 2º ano e criadora da comunidade. A ideia inicial era apenas realizar postagens, cada um usando sua rede social, mas foi então que a aluna teve a ideia e a pôs em prática, e está tendo uma grande repercussão. A atividade sugerida pela professora era criar cartazes que divulgassem a campanha e publicar; aproveitar imagens já existentes e colocar apenas a apresentação, e incentivar os amigos a compartilhar. A tarefa poderia ser feita em grupo de, no máximo, 4 alunos, em dupla ou individual. Os alunos também deveriam usar palavras como compartilhe, ajude, denuncie, você também é responsável, que auxiliassem no trabalho para uma melhor divulgação, fazendo um chamamento para a comunidade em geral, para que se discutisse o assunto e que cada cidadão tivesse a noção de que a violência contra a criança e o adolescente pode estar acontecendo em qualquer lugar, às vezes mais perto do que se imagina.

Ana Selenave enfatizou que, na maioria das vezes, o agressor é conhecido da vítima ou é da própria família, dificilmente o praticante do abuso é um desconhecido. “Acontecem casos de crianças agredidas nas ruas por desconhecidos, mas é raro”, declarou ela. Foi explicado aos alunos, pela professora, que em algumas vezes há a sedução, com promessas, doces, balas, roupas, alimentos, dinheiro. Nesse caso, não é abuso, mas sim exploração sexual, que é outro meio, não necessariamente com violência.

Sinais de abuso

De acordo com a professora, as crianças que foram abusadas sexualmente sofrem mudanças em seu comportamento, como agressividade, dificuldades de relacionamento e isolamento. Outros conjuntos de mudanças também são analisados, como gestos, brincadeiras e desenhos, alteração de comportamento na escola, na família e na comunidade, insônia, falta ou excesso de sono, medo aparentemente infundado, pesadelos, tremores noturnos, ganho ou perda de peso, agressividade e atitudes como morder, chutar, gritar e chorar.

Depoimentos

Natieli Adriane de Souza da Cunha, turma 202 da escola Júlio de Castilhos

“Tive a ideia de expor os materiais feitos em uma comunidade do facebook, pois é o meio mais acessado ultimamente. Várias pessoas estão conectadas simultaneamente, e assim fica mais fácil de divulgar os trabalhos realizados. Criei o grupo com o objetivo de que as pessoas possam perceber que o abuso e a exploração sexual com crianças e adolescentes é um caso muito sério. As pessoas vivem compartilhando fotos de piadas, de futebol, coisas engraçadas, então quis ver se por um assunto mais grave, as pessoas também se interessariam, ou não. Na madrugada de segunda para terça, criei a comunidade, e postei a primeira imagem, que foi bem compartilhada, teve uma boa divulgação. O nome da comunidade é 18 de maio – Dia Nacional de Luta Contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A Lei nº 9.970, de 17 de maio de 2000, institui o dia 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças. Após quase 13 anos, essa data passa despercebida por muitos. Muita gente não sabe a quem denunciar, os meios de como realizar as denúncias e mecanismos de identificar estas questões. Tem várias pessoas que olham e não dão importância ao fato, até que um dia pode acontecer, dentro da própria casa dessas pessoas, pois os dados estatísticos comprovam que cada vez o abuso contra crianças é maior”. Natieli Adriane de Souza da Cunha, turma 202.

“Pensei em realizar um trabalho com a rede social, pois tenho pós em Tecnologias da Comunicação e da Informação, foi onde nos qualificamos mais para inserir as tecnologias ao nosso fazer pedagógico. Sempre estou tentando incluir as tecnologias e os recursos multimídias nas tarefas de sala de aula, por acreditar que assim como elas estão presentes no dia a dia dos alunos, precisam estar presentes na sala de aula. Aproveitando o grande poder de comunicação das redes sociais, especialmente do facebook, para divulgar, mobilizar e convocar a sociedade para o engajamento nessa luta, interessou aos alunos e deu certo. Peço que quando alguém souber de algum caso, que denuncie. A criança muitas vezes é seduzida e como não tem maldade não sabe que está sendo praticado um crime contra ela”. Ana Selenave, professora de Ensino Religioso.

“Acho muito triste, acontecimentos como esses, do tema abordado para a campanha, pois se trata de crianças, são elas que sofrem com esse tipo de agressão, com sequelas para a vida toda. Nunca ouvi dizer que alguma pessoa que eu conheça tenha sido violentada, mas sei que já deve ter acontecido. O que acontece é que as pessoas têm vergonha, mas contanto que denunciem, não precisam ser expostas”. Jerbel Bitencurt de Melo, 18 anos, 1º ano do Ensino Médio.

 

 

“A campanha foi feita, principalmente para a conscientização da denúncia: as pessoas que sabem de algum caso devem ligar denunciando os abusadores. Não acontece só em novelas fatos desse tipo, todo mundo pensa que está longe de acontecer com a gente ou com um familiar. No entanto, não é verdade”. Patrícia Gomes Silveira, 16 anos, turma 202.

 

 

“Muitas vezes, a pessoa que está sendo violentada não se anima a falar, pois acontece de estar sendo ameaçada, em alguns casos. Então, a campanha serve também para conscientizar essas pessoas para denunciar, procurar ajuda, um suporte, uma pessoa em quem possa confiar”. Jerusa Pereira Cavalheiro, 15 anos, turma 202.

 

 

“É bom falar com as crianças a respeito desse assunto, de uma forma mais sutil, claro. Os pais devem alertar seus filhos, cuidar com que os deixam e não confiar em qualquer pessoa, e nem em certos parentes”. Mikaela Daiane Garcia Ferreira, 16 anos, turma 202.

 

 

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