Relato de uma tensão

Santanense que vive na Coreia do Sul fala da preocupação com possível ataque

Sulany dos Santos, durante entrevista exclusiva, na tarde de ontem

“Desde que a Coreia do Norte fez o teste subterrâneo, no início do ano, as tensões aumentaram”. Assim iniciou o relato da santanense Sulany dos Santos, que há seis anos mora na capital da Coreia do Sul, Seul. A educadora, que está em Livramento, aguardava, ontem, a chegada do esposo, que também trabalha na península. Orientados pelo governo a deixar o país, o casal agora aguarda o desenrolar da crise internacional para saber se volta, ou não, ao País.

“Sempre existiu tensão na península. Volta e meia o pessoal do norte ameaça, joga uma bomba… Mas depois desse teste, houve embargo das nações unidas”, relatou Sulany. 

 

A Plateia: Como está o clima entre a população?
Sulany: Em geral, a gente vive como se não existisse nem uma tensão. Claro que sentimos que existe esse desconforto a nível governamental, mas a gente vive normalmente, embora saiba que alguma coisa deve acontecer.

A Plateia: O noticiário local repercute a real situação local?
Sulany: Sim, sempre. Tem uma ala da Coreia, mais entre os jovens, que são pacíficos e querem a reunificação. Mas tem outra parte da população que não quer. Nesse sentido, eles estão divididos. 

A Plateia: As pessoas já estão em alerta para um possível ataque?
Sulany: Fiquei sabendo que há poucos carros na rua, todas as lojas fechadas. Sabemos que na Coreia do Sul existem vários abrigos subterrâneos. 

A Plateia: Vocês participam de treinamentos?
Sulany: Sim, sempre. Quando toca a sirene, todos os carros na rua devem parar e procurar o refúgio mais próximo possível. Nas empresas, ao sinal, todo mundo deveria ir para debaixo da mesa, e tomar outros cuidados. Mas esses treinamentos eram muito esporádicos, talvez presenciamos um por ano. 

A Plateia: Você fica mais tranquila estando no Brasil?
Sulany: Sim, mas também ficamos preocupados, porque temos muitos amigos, muitos colegas de empresa. Também temos vários amigos cujos filhos homens terminaram o Ensino Médio e foram servir o Exército, como acontece lá. Estamos preocupados, pois tem um filho de uma amiga nossa que está na zona de confronto. São meninos de 19 ou 20 anos, e ficamos muito apreensivos com isso.

A Plateia: Quando vocês pretendem voltar para Seul?
Sulany: Estamos programados para voltar no fim deste mês. Isso, se tudo der certo, e essa tensão toda acabar. 

A Plateia: Qual seria o dano de um possível ataque?
Sulany: Seul é uma cidade muito tecnológica, qualquer estilhaço de bomba fará muita destruição. A densidade demográfica é muito grande, acredito que chega a 500 habitantes por quilômetro quadrado, então, acredito que os danos serão significativos.

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