Santanense enfrenta sol e chuva em condições precárias de moradia

Idoso de 71 anos mora em uma clareira na subida do Bairro Planalto e sobrevive com ajuda de populares

Morador vive em um barranco localizado na Rua João Dias Ribeiro/Planalto

O senhor Élbio Alves Martins de 71 anos sempre teve uma vida difícil, mas nunca deixou de trabalhar para garantir seu sustento. Hoje ele não vive em boas condições, não sabe definir direito os erros que cometeu, mas tem muito bom humor quando o assunto é sua própria vida, da qual caiu e se levantou várias vezes.

Elbio Alves Martins, sobrevive com ajuda de populares

Desde pequeno, morava com seus pais no centro da cidade, mais precisamente na Av. Almirante Tamandaré. Quando chegou à adolescência, se mudou para Porto Alegre acompanhando a família. Sua mãe faleceu em Caxias do Sul e ele ficou apenas com o pai. Mais tarde, na fase adulta, conta que seu pai se suicidou e ele começava a depender apenas de seu próprio trabalho, de um emprego para outro ele foi parar em Alegrete, na zona rural, onde trabalhou por anos até ser dispensado sem nenhum direito por não ser registrado legalmente. Com uma carona, ele chegou a Livramento e foi encontrar sua família que não lhe deu o auxilio que precisava. Voltou para Alegrete e foi morar em um asilo, onde diz não ter sido bem tratado. Pela última vez voltou à Fronteira, se alimentando no refeitório público por um tempo. Disse que a comida era bem vinda, mas era pouca. Preferiu ficar vagando pela cidade, e assim ficou até meses atrás quando foi morar na subida do Bairro Planalto.

A falta de respeito de quem transitava ali era tanta, que chegou ao ponto de ele ser roubado mais de uma vez pelo mesma pessoa, um homem de pele morena que ele tem medo que volte a incomodá-lo.

Vendo que o senhor de idade passava por um momento delicado em sua vida, entrou em ação o Sr. Paulo, mecânico e vizinho próximo ao local onde o idoso estava morando.

Segundo Paulo, ele estava sujeito a que alguém fosse à noite e colocasse fogo, pois a falta de respeito era tamanha pelo homem ser um morador de rua. “Homem velho, o cara que viesse brigar, ele seria presa fácil”, comentou. Paulo trouxe Élbio para o lado de sua casa onde há uma clareira. Ali ele ficou um tempo morando em cima de tábuas, mas a água da chuva que corria do barranco o ensopava. Com a doação de uma pequena barraca feita por um rapaz que ele disse ser um soldado, não sentia tanto frio à noite, mas com o inverno chegando, começou a sentir não só no corpo, mas no psicológico. “Ele sabe que não se vive assim, mas vou fazer o quê? Correr ele, não gostaria que fizessem isso comigo, faço o que está ao meu alcance” completou.

Paulo, que presta assistência ao idoso, mostra as árvores onde ele morava antes, No local, ele foi até roubado

Questionado pela existência de sua família, mulher e filhos, ele diz que mal conheceu a sua única filha, mas que ela deve estar com seus 30 anos hoje; sua esposa Joana está brigada com ele foi embora para Montevidéu quando ainda a criança era um bebê de colo. Ele nunca mais soube nada delas.

O desejo de Seu Élbio é conseguir sua aposentadoria. Ele teve seus documentos perdidos e está difícil refazê-los, ou conseguir um emprego que lhe dê um suporte. “Já foi oferecido trabalhar em uma campanha por duzentos e cinquenta reais, não aceitei por que ia ter que cortar lenha e outros serviços pesados. Por esse preço acho injusto”, exclamou. Há poucos dias outro senhor esteve convidando-o para trabalhar por um salário digno, segundo ele.

Um pouco antes da equipe do Jornal A Plateia chegar ao local onde Élbio está vivendo, ele diz que um morador ficou de lhe trazer um colchão usado para ajudar, “toda ajuda é bem-vinda, nunca disse não, se preciso eu aceito”, comentou.

Assim como o Seu Élbio, essa realidade é também de outros Santanenses que sem lar, vivem em condições precárias, em casos muito piores alguns se alcoolizam, outros usam drogam e até mesmo roubam. As autoridades competentes prestam auxílio, mas eles se negam a sair da rua para os abrigos. Na opinião do Seu Paulo, que ajuda Élbio, “eles se acostumam com essa situação e o retorno a um lar é complicado”, finalizou. Fica a torcida para que Seu Élbio seja amparado devidamente e que ele aceite a ajuda de alguma entidade, assim como refazer seus documentos para poder seguir uma vida de cidadão legal.

 

Barraca doada, segundo ele, por um soldado

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