Ele se calou

Hugo Cháves não me emocionava com o seu socialismo do século XXI, mas também não o censurava pelos seus métodos polêmicos, ortodoxo até, da maneira como tirou o seu povo de uma oligarquia de exclusão social para subjugar seus opositores com mão de ferro e a quem mais se atrevesse em discordá-lo. Para mim um líder político deve ser valorizado por seus atos, não por rumores veiculados contra ele. Os candidatos fazem promessas para ser eleitos: poucos são aqueles que, uma vez no poder, cumprem tais promessas. Desde o início, a proposta eleitoral de Chávez foi muito clara: trabalhar em benefício dos pobres, ou seja – naquele momento – a maioria dos venezuelanos. E cumpriu sua palavra.
Com toda a crítica que sofreu, os fatos são teimosos. Alguém viu um “regime ditatorial” estender os limites da democracia em vez de restringi-los? E conceder o direito de voto a milhões de pessoas até então excluídas? As eleições na Venezuela só aconteciam a cada quatro anos, Chávez organizou catorze eleições em treze anos, em condições de legalidade democrática, reconhecidas pela ONU, pela União Europeia, pela OEA, pelo Centro Carter, etc. Chávez provou seu respeito à vontade do povo, abandonando uma reforma constitucional rejeitada pelos eleitores em um referendo em 2007. Não é por acaso que a Fundação para o Avanço Democrático (FDA), do Canadá, em um estudo publicado em 2011, colocou a Venezuela em primeiro lugar na lista dos países que respeitam a justiça eleitoral.
O mais escandaloso, na atual campanha difamatória, é a pretensão de que a liberdade de expressão esteja restrita na Venezuela. A verdade é que o setor privado, contrário a Chávez, controla amplamente os meios de comunicação. Qualquer um pode comprovar isso. De 111 canais de televisão, 61 são privados, 37 comunitários e 13 públicos. E 80% da imprensa escrita está nas mãos da oposição, sendo que os jornais diários mais influentes – El Universal e El Nacional – são abertamente contrários ao governo.
Nada é perfeito num regime político e na Venezuela bolivariana não é diferente. E mais, francamente, nada justifica essas campanhas de mentiras e ódio a um líder que a maioria do povo adora. E a democracia? A nova Venezuela é a ponta da lança da onda democrática que, na América Latina, varreu os regimes oligárquicos de nove países logo depois da queda do Muro de Berlim, quando alguns previram o “fim da história” e o “choque de civilizações” como únicos horizontes para a humanidade.
A Venezuela bolivariana é uma fonte de inspiração da qual nos nutrimos, sem fechar os olhos e, claro, sem inocência. Chávez não só despertou seu povo como o fez Bolívar para a sua emancipação, como foi um resignado por um “Por que no te callas?” do Rei da Espanha. Pois não é que agora Cháves se calou! Só que agora é para abrir o apetite do impossível do seu povo.

Carlos Alberto Potoko

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