O carvão no drama da energia

Que a energia elétrica é o assunto mais pautado dos últimos meses todo mundo já sabe. De um lado o Governo Federal garante que não há riscos de apagão, afirmando que são apenas problemas pontuais de transmissão. Por outro lado, os níveis de água dos reservatórios continuam baixos e quedas de energia se tornaram constantes em diversos estados do país.

Com este cenário, a geração térmica volta a ser pautada como salvação do problema. No entanto, os debates sobre este sistema de geração e sua ampliação na matriz nacional, estão voltados somente para as térmicas a gás natural. Gás este, que importamos de países como Argentina, Bolívia, entre outros, que eleva os custos de energia e que por sua vez, será pago pelo consumidor brasileiro.

Enquanto isso, o carvão mineral, que existe abundante em diversas regiões do país, permanece com apenas 1,5% de participação na matriz energética nacional. Desde 2009 nenhum grande empreendimento deste tipo de termelétrica pode ser realizado, em decorrência do carvão mineral não ter sido incluído nos últimos leilões de energia, por conta de compromissos ambientais assumidos pelo Brasil.

De fato ainda há, embora que em escala reduzida, emissão de poluentes na atividade das termoelétricas a carvão. Entretanto, levantamos a questão: ao invés de desconsiderar o carvão mineral como alternativa, não seria mais coerente, levando em conta os problemas energéticos, investir em tecnologias e pesquisas para tornar esta fonte energética cada vez mais sustentável?

Países como a Alemanha e os Estados Unidos, em que o carvão ocupa mais de 40% da geração de energia, já possuem tecnologias avançadas no controle de emissão de gases das usinas térmicas. Além disso, devemos lembrar que no Brasil a pecuária o e o setor de transportes emitem bem mais CO² do que o setor energético, e nem por isso deixamos de comer carne e usarmos nossos veículos. O importante não é deixar de utilizar os recursos, mas usá-los com responsabilidade.

O Rio Grande do Sul, que depende de mais de 60% do fornecimento de energia de outros estados, disponibiliza de 90% das reservas de carvão identificadas do Brasil. Porque então temos que continuar importando gás, importando energia e deixando esta riqueza enterrada? Uma riqueza que, além de energia, geraria empregos e renda para os gaúchos. 

*Elifas Simas
* Presidente da Companhia
Riograndense de Mineração (CRM

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