Carvão, o coringa no baralho da energia

Você chega em casa, abre a porta e aciona o interruptor, acendendo a lâmpada para iluminar o ambiente. Pega o controle remoto e liga a TV. Cansado, tira a roupa e vai tomar um banho morno para relaxar. Certamente você nem se dá conta, mas todo esse aparato de conforto é movido a energia elétrica. Acontece que, assim como a água, a eletricidade é um bem tão integrado ao nosso cotidiano que praticamente não vivemos sem ela. Aliás, você já imaginou como seria viver nos dias de hoje, nas grandes cidades, sem energia elétrica?

Sem a pretensão de ser alarmista, porém realista, cabe o alerta: O Rio Grande do Sul está a um passo dessa situação. Nos últimos dias quentes do mês de fevereiro o consumo de energia no Estado chegou próximo aos 6 mil megawatts, enquanto a capacidade máxima de fornecimento se situa em 6,1 mil megawatts. Se o consumo ultrapassar o limite de fornecimento, haverá a necessidade de cortes. Ou seja, aquela proposta de cenário sugerida do parágrafo anterior está mais próxima de se tornar realidade do que continuar no nível da imaginação.

Evidentemente isso poderá acontecer se não houver providências por parte das autoridades do setor. Especialmente levando-se em conta o aumento no consumo de energia no Brasil neste ano, em torno de 4,5%, conforme previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), diante da retomada do crescimento da economia brasileira. É nesse cenário que o carvão mineral como fonte de produção de energia cresce em importância, não só em nível estadual, como também em termos nacionais.

O abundante carvão mineral em solo gaúcho poderá desempenhar papel fundamental para evitar conseqüências mais graves para a população do Estado. Como a energia elétrica produzida atualmente não pode ser armazenada para uso posterior, a saída está na utilização das usinas térmicas a carvão para gerar energia quando o consumo aumentar. Servindo como estabilizadoras do sistema, essas usinas poderiam reduzir sua produção assim que o consumo voltasse para patamares estáveis abaixo do teto de produção normal.

Tal procedimento não implica em nenhum gasto extra tendo em vista a versatilidade das usinas térmicas a carvão, capazes de aumentar ou reduzir sua produção de forma rápida e eficiente. E acima de tudo, pode evitar os enormes prejuízos que um eventual apagão causaria ao Estado. Para se ter uma idéia, segundo os voluntários que trabalham no grupo de energia da Agenda 2020, um apagão de uma hora na região metropolitana de Porto Alegre representaria um custo de R$ 8 milhões para a economia gaúcha.

Diante disso, cabe a pergunta: já não estaria na hora de aproveitar mais e melhor o nosso carvão gaúcho para gerar energia, desenvolvimento, emprego e renda?

Elifas Simas
Presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM)

 

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