Trem na Estação dos Sonhos

O Instituto ALL de Educação e Cultura nos presenteou no dia 17 de janeiro de 2013 a almejada Estação Ferroviária de Sant’Ana do Livramento restaurada. Tudo começou quando a ALL (empresa ferroviária fundada em 1997, com a concessão da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), para atuar na malha sul do país), entregou em 2010 ao prefeito de Sant’Ana do Livramento Wainer Machado, um projeto de revitalização da Estação Ferroviária para edificar ali um grande ambiente cultural. Com um orçamento de R$ 1,7 milhão, o projeto exaustivamente capitaneado por um amoroso santanense, Sergio Moreira como maquinista. O projeto do Instituto ALL de Educação e Cultura, na pessoa do dedicado velho ferroviário Sr. Pedro Roberto colocou nos trilhos o carro turístico embalado pelo sonho do nosso maquinista. Viajaram… viajaram… por este país a fora em busca de recursos para transformar em realidade trilhos do passado em malha ferroviária do presente e futuro com gare e tudo. O novo espaço público tem um envolvente ambiente nostálgico cultural que certamente abrigará muitos eventos enternecedores sob o apito do passado em passeios turísticos bem como em encontros culturais dos mais diversos nascimentos em dormentes firmes.
O atual prédio foi construído em 1943, onde antes a linha férrea e estação “Livramento” contribuíram muito para o desenvolvimento do município, transportando cargas e pessoas, foi inaugurada em 1910 como ponta do ramal entre Cacequi e a nossa cidade, localizada, onde germina com a cidade de Rivera, esta com uma linha desde 1892. Em maio de 1912 foi inaugurado o tráfego mútuo entre Livramento e Rivera, fazendo com que os trens pudessem ligar o Rio de Janeiro e São Paulo a Montevideo e dali a Buenos Aires (Entre 1943 e 1954 foi denominado o lendário Trem Internacional). Em 1925, Livramento foi ligada a Dom Pedrito e a São Sebastião por outro ramal. No final dos anos 1970 este último ramal foi erradicado e Livramento hoje apenas se liga com Cacequi e com as ferrovias uruguaias. Os trilhos do Ferro-Carril Central del Uruguay (bitola 1,435 m) chegavam até o Frigorífico Armour, de onde partia diariamente (pelo menos até os anos 1930) um trem frigorífico com destino ao porto de Montevideo. Este trem protagonizou em 1927 um dos maiores acidentes da história da ferrovia uruguaia, na estação de Berrondo. Além do frigorífico, entre Rivera e Livramento existiam dois trens de carga diários. Em Livramento, os trilhos passavam na frente da estação (de Livramento) rumo ao frigorífico. Essa via foi erradicada. Os trens da VFRGS chegavam até a estação de Rivera, onde a saída do trem noturno (trem 6) a Montevidéu estava condicionada à chegada do trem internacional desde São Paulo. Claramente veem-se os dois pátios de bitola métrica da VFRGS em Rivera, uma de carga para intercâmbio a vagões da FCCU (depois AFE) e outra com plataforma para o desembarque de passageiros. Viu-se muitos passageiros descendo na estação de Livramento e caminhando a pé para a estação de Rivera para embarcar nos trens uruguaios. Hoje, mais felizes, já podemos sonhar com o lendário trem internacional de volta.

Carlos Alberto Potoko

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