Para quem serve?

Vasos sanitários adaptados são inúteis para deficientes

Desde 2011, Silna Barbosa Lampert reúne forças e dados para tentar fazer com que os deficientes físicos sejam ouvidos. Dessa vez, a reivindicação da presidente COMDEF (Conselho Municipal de Defesa das Pessoas com Deficiência), diz respeito aos vasos sanitários com fenda frontal que estão instalados em diversos espaços públicos como hotéis, aeroportos, shopping, hotéis, pousadas, entre outros.

Neste momento, Silna e demais interessados na causa batalham pela aplicação do desenho universal em todos os espaços públicos. “Não tem nenhum sentido colocar um vaso que possa servir apenas para uma determinada situação em detrimento das outras. Inclusive, até hoje não se sabe para que situação poderia servir, apesar de toda pesquisa realizada”, afirmou Silna.

As pessoas com deficiência relatam que este tipo de vaso com fenda frontal não é funcional, causando problemas como queda – as pernas caem dentro desta abertura causando lesões, torções, etc. “Informamos que a maioria das Pessoas com deficiência (cadeirantes) desaprova este modelo de vaso sanitário. Recebemos treinamento de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para fazer sondagem, cateterismo, higiene, etc, em vasos comuns. Sendo assim, solicitamos que seja levada em consideração a opinião das pessoas com deficiência, pois ninguém melhor que eles para saber o que é mais adequado às suas necessidades”, destacou.

De acordo com Silna Lampert, além de serem inadequados, os vasos diferenciados custam mais caros e não existe nenhum instrumento jurídico que dê respaldo, como NBR 9050 e Decreto Lei 5.296/2004. “Simplesmente, não existe nenhuma lei que obrigue a instalação desses vasos em locais públicos”, completou. Segundo ela, a NBR 9050 – norma que regulamenta o acesso a deficientes – orienta que as empresas que investiram nessa adaptação equivocada sejam ressarcidas dos custos, em um prazo máximo de três meses. 

Conferência

Esse tema foi também apresentado na Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o qual recebeu reprovação por unanimidade dos presentes. Na oportunidade, foi solicitado ao setor jurídico do Conselho Estadual a montagem de um processo solicitando a proibição da instalação desse vaso.

Dia 2 de dezembro, juntamente com mais 44 representantes do Rio Grande do Sul, Silna levará ao Encontro Nacional de Conselhos Estaduais dos Direitos das Pessoas com Deficiência algumas moções com mais reivindicações, dentre elas a proibição do uso desse vaso. Também será feita a solicitação de que os ônibus de transporte coletivo sejam de acesso universal. “Já está comprovado que os ônibus com elevador, além de serem um meio sujeito a constantes manutenções e operacionalidade vagarosa, inclui somente os cadeirantes, mantendo a dificuldade para pessoas com mobilidade reduzida”, destacou Silna Lampert.

Depoimentos de quem sabe

“Sou cadeirante e não consigo usar o vaso sanitário com fissura frontal. Acredito que não é útil para todas as Pessoas com Deficiência (principalmente cadeirantes). Este modelo de vaso sanitário pode causar algum tipo de lesão como: torções, queda…”.
Tânia Lair Manske

“Fiz uso dele, pela primeira vez, em um hospital de Santa Maria, e foi horrível a situação que vivi. Estava com traqueostomia, portanto não podia falar, minha perna e quadril caíram para dentro do mesmo e eu não consegui tirar. Sou independente quando os vasos são normais, mas com o de fenda é impossível”.
Maria Loiva Farias Morel

“Sou deficiente físico com mobilidade reduzida. Conheço o vaso e acredito que ele não é compatível para todas as deficiências e também pode causar danos a quem vier a usá-lo”,
Carlos Nilo Coelho Pintos

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