6ª Semana da Justiça inicia com auditório completamente lotado
Tema da noite foi abandono afetivo, abordado pela Dra. Aline Biasuz Suarez Karow
Às 19h30 de ontem, o auditório Dr. Lucio Soares Neto ficou completamente lotado de advogados e estudantes de Direito que prestigiaram a sexta edição da semana da justiça, tradicional por proporcionar a atualização e o aprimoramento jurídico aos profissionais da área.
O evento é uma realização da diretoria da subsecção de Sant’Ana do Livramento da OAB, em parceria com a Escola Superior de Advocacia da OAB do Rio Grande do Sul, Comissão Especial do Jovem Advogado, Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Ajuris, Fundação do Ministério Público, Defensoria Pública Estadual e Urcamp. A primeira palestrante nesta segunda-feira foi a Dra. Aline Biasuz Suarez Karow, advogada e mestre em direito pela Ulbra.
Abandono Afetivo
A Dra. Aline Karow desenvolveu sua apresentação abordando um tema relativamente novo na área do Direito, o abandono afetivo. “É aquela demanda em que a parte que se sentiu abandonada emocionalmente e, com isso desenvolveu algum tipo de psicopatia, algum desequilíbrio emocional perante os atos do genitor, como abandono, rejeição, desprezo e indiferença. Aquela criança, no momento da sua formação, apesar de necessitar da presença, do apoio, do carinho e do amor pai ou mãe, esse genitor se fez ausente. Essa parte pode buscar a reparação pelos danos extrapatrimoniais sofridos”, explicou a advogada. Segundo ela, pode-se dizer que o abandono afetivo é um dano ao projeto de vida, pois só aquele que sofreu esse tipo de dor pode dizer o quanto isso lhe custou. “Como temos a teoria da reparação integral, do dano injusto no Brasil, não temos como voltar anos atrás para que o genitor cumpra aqueles atos que deveria ter feito. Então, o que nos resta no Direito brasileiro é a reparação, a ação indenizatória para buscar um valor que, obviamente não vai compensar esse amor que não teve, porém, vai lhe dar a oportunidade de viver determinados tipos de experiências que poderão de certa forma lhe compensar, embora não totalmente, a dor sofrida”, relatou.
Durante a palestra, também foi feito o lançamento do livro da palestrante, que é a 1ª obra, inédita no Brasil, que trata do abandono afetivo e a valorização do afeto, e que tem por título: “O abandono afetivo e o afeto como valor jurídico”.
Os focos da palestra
O ponto-chave da palestra, apontado por Aline, foi o recurso especial, publicado pelo Superior Tribunal de Justiça em 2012 em que se entendeu ser possível a reparação por abandono afetivo. Temas com relação à recente decisão do STJ, a valorização jurídica do afeto, que é uma inovação no direito de família também foram abordados pela palestrante. “Hoje, temos o princípio da afetividade, em que o afeto virou um valor jurídico. Algumas demandas têm sido decididas baseadas de forma específica no afeto”, salientou a advogada.
Segundo a Dra. Aline, o abandono afetivo é uma matéria extremamente nova, o qual se tem conhecimento de três casos no país, um em Capão da Canoa, outro em São Paulo e outro em Minas Gerais.