Pela consciência negra. Estudantes visitam o Centro Cultural Zumbi dos Palmares

A redução da desigualdade entre brancos e negros foi o tema central das palestras apresentadas durante o dia de visitação dos alunos da escola rural

Centro Cultural sediou a visita dos alunos na manhã de ontem

Uma visita esclarecedora, mas que pode ser também considerada uma semente com capacidade de germinar frutos contra o preconceito. Assim pode ser definida a passagem dos alunos da Escola Municipal Paulo Freire, localizada no assentamento Posto Novo, em Sant’Ana do Livramento. Durante boa parte da manhã e início da tarde de ontem, os estudantes, liderados pelo professor Aramis Salmentão, assistiram a palestras no Centro Cultural Zumbi dos Palmares. “Esses alunos vieram assistir às palestras sobre a cultura da África, um pouco das história do povo africano, nossos ancestrais, além de conhecer a própria cidade”, disse Enilce Cruz, uma das coordenadoras do Centro.

De acordo com ela, os estudantes tiveram a chance de entender os motivos que fizeram com que tantos negros viessem para o Brasil, nos chamados navios negreiros, e como eram tratados. “Tudo o que os negros passaram aqui, assim que chegaram, foi mostrado para estes alunos, que serão multiplicadores do que aprenderam aqui. Eles não têm ideia do que o povo negro passou aqui no Brasil. Como são crianças, talvez não tenham a real noção, apenas com palavras, de todo o sofrimento que se abateu sobre os ancestrais. Mas tentamos exemplificar e mostrar os dados e fatos históricos, que comprovaram um pouco do que estávamos passando como mensagem”, destacou Enilce. Os olhos atentos dos estudantes e o silêncio reverente deixaram claro que muitos estavam diante de fatos da história que marcaram profundamente a formação do povo brasileiro. “Muitos adultos, até hoje, não têm a real noção do que era um navio negreiro e as reais condições em que foram transportados os negros até o Brasil. Os estudantes também levaram um pouco de conhecimento sobre a religiosidade africana e o que houve com os negros depois da escravidão. Passamos essas informações para que eles tenham noção da nossa história. Creio que quanto mais cedo eles tiverem ideia do que significa o preconceito, as coisas podem ser diferentes. Tem muita gente que não se vê como negro até que sofra o preconceito e ouça frases do tipo ‘ah, esse negrinho’. A criança que recebe esse tipo de informação tem melhores condições de identificar e saber que todos são iguais e que a cor da pele está relacionada apenas com as questões climáticas de onde vieram os negros. Acho que ainda é importante ter um dia da Consciência Negra para fazer as pessoas se darem conta que é preciso reverenciar e que o preconceito existe. Muitas pessoas não admitem que existe o preconceito, mas agem de maneira preconceituosa. A data é para lembrar que o negro sofreu, mas que é cidadão e que participa dessa sociedade. É uma maneira de reviver o negro como ser humano”, destacou a coordenadora.

A visita dos alunos fez parte da programação das atividades alusivas à Semana da Consciência Negra. “Na verdade, nós trabalhamos com esses temas o ano inteiro, recebendo visitas das escolas e indo palestrar em muitas escolas também. Desde o mês de março de 2012 nós estamos recebendo alunos para tratar deste tema, ou seja, não é apenas nessa semana. Não adianta chegar somente agora no dia 20 de novembro, falar das questões do negro e esquecer o tema pelo resto do ano. Temos trabalhado com alguns professores também para que estes repassem conhecimento aos alunos em sala de aula, de que as diferenças existem, mas que podem ser reduzidas através da informação. Isso é muito importante”, finalizou.

Por Cleizer Maciel
cleizermaciel@jornalaplateia.com

 

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