MARIA HELENA E A ARTE DE SOMAR E MULTIPLICAR

Vereadora eleita pelo PDT pretende atuar de forma efetiva em bandeiras da comunidade santanense

A advogada Maria Helena Alves Duarte, santanense, filha de Wolney Araújo Duarte e Maria Araújo Duarte, é uma das integrantes da bancada do PDT eleita em 7 de outubro. Separada, nascida em Livramento em 21 de setembro de 1952, tem três filhos – Silvia Helena Duarte Reis, Wolney Araújo Duarte Neto e Antonio Claudio Duarte Peres – e seis netos – Ivanhoé, Daniel, Luciano, Daniele, Ligia Helena e Antonio.

Fez o primeiro ano no extinto Colégio Portugal e logo depois ficou órfã da mãe, quando tinha oito anos de idade, indo residir com sua vó, nas imediações do colégio Estadual (Liberato), para onde foi transferida. Ela conta que apesar da perda da mãe, teve uma infância tranquila, como a época permitia. Casou aos 17 anos, com o primeiro namorado e teve que interromper os estudos, indo ajudar seu pai, proprietário de uma conhecida barraca de materiais de construção. Quando já tinha seus três filhos, aos 21 anos, decidiu retomar os estudos.

“Aí, já havia mudado todo o sistema, não havia mais o ginásio, era o segundo grau, passei a estudar no Professor Chaves, à noite, e conclui, dedicando-me ao magistério, logo depois, no colégio Santa Teresa, das freiras. Recordo que lá era pago, e metade do valor era custeado pela Câmara, em iniciativa do então vereador Carlos Cesar Araújo, com verba que havia para isso, que estimulava as pessoas a estudar” – lembra Maria Helena. Ela conta que após, foi para a Fumba, na época em que os estudantes tinham que pegar ônibus na praça José Bonifácio, deslocarem-se a Bagé, e depois retornarem para Livramento, ao término das aulas, diariamente. “Lembro do Badra (Antonio Badra), que era presidente da Associação de Estudantes da Fumba, lutar para comprar um ônibus e cada um comprou uma cadeira. Depois, consegui vender a minha, quando concluí a formação em 1986” – conta.

Na Andradas com General Câmara, a jovem advogada instalou, nos anos seguintes, seu escritório de advocacia. Os anos 80 rumavam para o fim e ela começava a trabalhar com direito de família, na defesa de algumas pessoas que cometiam pequenos ilícitos e assimilava um entendimento: não trabalharia no crime. “Uma vez advoguei para um cidadão, a pedido da esposa dele que foi me procurar aos prantos. Dias depois que tirei ele da cadeia, vencendo a demanda, ele assaltou meu pai. Veja que situação difícil essa. Nunca mais trabalhei no crime, em causas assim” – conta.

“Nunca perdi o contato com meu pai, mesmo morando com a família de minha mãe e foi ele que pagou minha faculdade. Eu era professora e tinha atração pelas Ciências Exatas, mas na opção, como primeira, marquei Direito e fui qualificada para cursar a primeira opção. Ingressei em Direito e hoje posso me considerar realizada como profissional, pois gosto muito do que faço e acho que Direito e Política andam juntos” – opina.

Maria Helena não é afeta à cozinha ou às lides domésticas. “Gosto é de trabalhar, e muito, pois depois de minha separação – que ocorreu quando meus filhos já eram maiores – adquiri minha independência” – enfatiza. Sem gostar de bebida alcóolica, nem de cigarros, Maria Helena opta por um bom carreteiro nos domingos em família, mas seus familiares, normalmente, preferem outros pratos. “Gosto de comida simples” – diz.

Em relação à comunicação, destaca que passou a ouvir mais rádio e ler mais jornais desde que retornou para a Câmara – desta vez como vereadora – pois foi lá, como assessora do ex-vereador Marcirio Silva – que ingressou na política.

“Fui convidada pelo ex-vereador Marcírio para ser sua chefe de gabinete. Isso foi há 14 anos e trabalhei nos dois mandatos dele. Na terceira eleição, quando não conseguiu se eleger, ele foi para o DAE, como diretor e eu fui para assumir uma função na assistência judiciária gratuita da prefeitura municipal, onde permaneci por três anos” – refere ela. Recorda que saiu do PDT, filiando-se ao PTB, tendo concorrido a vereadora e sido eleita suplente. Saiu do PTB, retornando ao partido trabalhista fundado por Leonel Brizola. Quando Claudio Coronel perdeu o mandato, ela foi comunicada de que assumiria a vaga na função de vereadora e, dali, disputou a reeleição, conseguindo uma cadeira por mais quatro anos.

“Comecei a fazer política assim, mantendo minha aspiração de ser vereadora e entendo que política, bem feita, é como Direito, está aí para abrir as portas para as pessoas, inclusive creio que eu seja um bom exemplo para as mulheres que não estão, hoje, participando da política tanto quanto deveriam” – recorda Maria Helena.

A vereadora eleita afirma que há uma necessidade fundamental de que as mulheres passem a ocupar os espaços partidários e politicos. “Nós precisamos nos fazer representar. Eu sou uma representante da mulher, talvez até por trabalhar, diariamente, na área do Direito, com questões relacionadas à família e à mulher. Veja, 80% das ações na área do Direito envolvem mulheres. No caso da Lei Maria da Penha, que é uma das que visa proporcionar condições de dignidade, fim de agressões e excessos por parte dos homens sobre as mulheres, na grande maioria as ações não passam da primeira audiência. Motivo? As mulheres acabam tendo que se submeter e voltar ao agressor em função de não terem condições de se sustentar, não terem uma profissão, um trabalho, ou de assumirem como chefe de família, pois o homem é o mantenedor da família. Isso precisa ser modificado de forma rápida, e pretendo, na Câmara, dar minha colaboração para que essa mudança seja efetiva e rápida” – destaca Maria Helena.

A vereadora também pondera que é de fundamental importância que as mulheres tenham condições plenas de se prepararem profissionalmente, frequentando cursos de qualificação e de aperfeiçoamento, a fim de que tenham condições de ingressar no mercado de trabalho, ou, ainda, tenham qualificação para seus próprios negócios. “A ideia é que tenham condições de prover seus próprios sustentos e o de suas famílias, caso não tenham mais condições de viver com os homens em função de maus tratos, agressões ou situações de violência psicológica ou física” – pondera a legisladora, ressaltando que a independência só se dá com a oportunidade de profissionalização.

“É preciso compreender que devem ser geradoras de resultados as políticas públicas voltadas para proteção da mulher e de seus filhos, e para isso é necessário estrutura, como uma casa de passagem, capacitação, encaminhamento e orientação” – diz.

Outro elemento citado pela vereadora pedetista diz respeito à necessidade de promoção de uma reciclagem nos horários disponibilizados para as mães deixarem seus filhos nas creches. Ela informa que apurou uma situação muito comum, que está ocorrendo. “A mulher deixa seu filho na creche e vai trabalhar. Quando chega as 17h, a creche fecha e alguém tem que ir pegar essa criança, quando não a própria mãe deve realizar essa tarefa. O problema é que o expediente dessa mãe termina às 19h ou 19h30 em alguns casos. Então, o serviço prestado não é o adequado em função de acabar gerando um outro problema: ou a mãe sai do trabalho, pega a criança, leva em casa ou leva consigo, volta para trabalhar ou precisa achar alguém que faça isso; ou, pior ainda, essa criança fica com outra um pouco maior, em casa, só, suscetível a perigos do ambiente e também a invasões de domicílios. Não podemos continuar assim. Isso precisa ser revisto” – defende ela.

Maria Helena diz que, como pedetista e brizolista, a escola em tempo integral é uma necessidade para ajudar a mulher e sua família e sob esse ponto de vista pretende trabalhar no sentido de colaborar com a implementação, de forma efetiva, de turnos integrais a fim de equacionar essas situações.

Outra questão, conforme a vereadora, diz respeito aos idosos. Ela afirma que o projeto Melhor Idade está vinculado à Secretaria da Assistência Social e depende de verba não específica dessa pasta para funcionar. Maria Helena considera que o ideal seria transformar o projeto em um programa público ou ainda, transformar a secretaria em Secretaria do Idoso, a fim de que os recursos venham e sejam devidamente aplicados na condição necessária, solucionando os problemas que se apresentam.

“Precisamos lembrar que esse também é um problema das famílias, pois, do que os idosos recebem, às vezes R$ 622,00 apenas, vive uma família inteira. Então, é preciso centralizar o atendimento para essas pessoas, tanto no que se refere à marcação de consultas, encaminhamentos de exames, entre outras necessidades. É fundamental que tenham a atenção devida, a fim de que tenham dignidade” – pondera ela. “Inclusive, dentro em breve, estarei em Bagé, onde há uma referência que funciona muito bem nessa questão do idoso e pretendo saber como funciona e como pode ser efetivamente implementada” – comenta.

Kardecista, Maria Helena afirma que tem muita fé, pois na espiritualidade encontra muitas das respostas que procura, porém, não é frequentadora assídua desta ou daquela casa de oração.

A pedetista faz questão de deixar muito claro que foi eleita pelo PDT, mas depois da eleição é uma vereadora de todos os santanenses, pois seu trabalho está permanentemente voltado para toda a comunidade santanense. “Agradeço a cada um dos votos, a cada uma das pessoas que deixaram suas casas, dirigiram-se aos locais de votação e me depositaram essa confiança. Quero que saibam que indistintamente estarei atendendo a todas elas, pois a eleição que foi diferenciada em muitos aspectos, passou e sou uma vereadora de Livramento, dos santanenses. Gostaria que as pessoas fossem até a Câmara e tivessem consciência de seus direitos e obrigações e, ainda, que em havendo necessidade, dirijam-se a meu gabinete levando suas demandas, aquilo que presenciam ou constatam, pois estamos lá para servir, legislando. Não podemos dizer que vamos resolver este ou aquele, mas vamos dar uma resposta e a orientação sobre como funciona. Há coisas que não é o vereador que soluciona, mas no que tange ao que temos que fazer, faremos” – conclui.

Maria Helena acredita que sua relação dos demais legisladores será de respeito e de bom convívio, e finaliza lembrando uma frase do recentemente falecido Sylvio Mendina, de quem era amiga e colega advogada: “A política é uma arte, a arte de somar e multiplicar, nunca de dividir e subtrair”.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.