Sergio Oliveira, administrador

Indignação com a situação política

rotina diária do empresário Sergio Oliveira, 53 anos, começa cedo. Às 7 horas, ele e a esposa, a professora Marilise Decoratto Oliveira, já estão de saída, embora poucos minutos tenham para conversar na primeira hora da manhã. Depois de tomar café, ela sai para a escola General Netto, onde leciona matemática para turmas das 6ª e 7ª séries do Ensino Médio. Sergio por sua vez, sai para levar o filho de 13 anos, Frederico, à escola Santa Teresa de Jesus, onde ele cursa a 7ª Série, e depois segue direto para as empresas que administra.

“O nosso tempo juntos, mesmo, durante o dia, é durante as refeições, quando fazemos questão de estar reunidos – sempre que é possível claro. O Sergio é tranquilo, só que envolvidíssimo com tudo. E pelo visto não quer nem vai parar”, comenta Marilise. A expressão usada por ela define bem o que o empresário pensa sobre as responsabilidades que assume. “Eu entendo que a gente não pode ser relapso com nada, seja em uma atividade esportiva ou de lazer, seja nas nossas atividades profissionais, seja nas nossas relações com a família, vizinhos, colegas de trabalho… Temos que cumprir a nossa parte com o máximo de qualidade possível para que os demais também tenham como fazer a parte deles. É assim que as coisas vão funcionar bem e proveitosamente para todos”, analisa ele.

É esse compromisso com a qualidade e a organização ordenada das atividades que possibilita ao empresário administrar diariamente várias responsabilidades. Depois de deixar o filho na escola, pela manhã, ele segue para suas empresas, dividindo o tempo entre a gestão do provedor de internet Via Expressa e a organização das atividades na tradicional loja de móveis Decoratto. Além da revisão diária do movimento, também se encarrega pessoalmente de checar o cumprimento dos compromissos com fornecedores e colaboradores.

“Esse é um aspecto primordial, no meu entendimento. Principalmente em relação às pessoas que trabalham comigo, preciso que elas estejam tranquilas, satisfeitas, para que estejam também compromissadas a fazer o melhor, porque só assim eu também vou ter tranquilidade de confiar em que o sistema vai funcionar corretamente. Sozinho, eu sei que não consigo, porque é impossível para qualquer um estar em todos os lugares, fazendo tudo o tempo todo, mas de modo organizado, uma equipe de pessoas consegue sim realizar atividades que muitas vezes pode até parecer impossível”, ensina.

Os poucos momentos de intervalo são dedicados especialmente à família. “É quando a gente recupera a energia essencial, a parte espiritual, emocional, para continuar”, diz ele. Em casa, sobra pouco tempo para atividades de lazer. Após o almoço, relaxa um pouco conversando com Marilise e Fred e brincando com as cadelas Rubi, Mel e Poli. Um momento indispensável na rotina é o do contato, via telefone, com a filha Isadora, de 20 anos, acadêmica de Arquitetura e Urbanismo na Unifra, em Santa Maria. “Nós conversamos muito, felizmente. Sempre tivemos esse vínculo de confiança com ela e com o Fred. Acho isso fundamental”, reforça o empresário. 

Confiança 

Essa franqueza nas relações aprendeu com o pai, o pequeno produtor Ibrahim Oliveira, que completa 97 anos no próximo dia 24 de outubro. Enquanto acompanhava “seu” Ibrahim na lide diária na propriedade da família na região do Caverá, em Rosário do Sul, Sergio Oliveira, então um guri cheio de curiosidade, conversava muito sobre a importância de cuidar das coisas do cotidiano, do dia a dia, “para que se tenha o conjunto das coisas boas que se quer da vida”.

Com o pai, ele aprendeu a plantar, a cuidar da lavoura, a lida com o gado, entre outras atividades. “Foram anos maravilhosos, que contribuíram de modo muito significativo para esse sentimento de valorização das pequenas coisas da vida, que eu tenho hoje e que estou sempre transmitindo para a Isa e o Fred”, diz ele. A relação aberta e de confiança que aprendeu com o pai e que tem com os filhos foi fundamental, segundo ele, no momento em que decidiu aceitar a convocação para concorrer à Prefeitura.

“Eu recebi muito mal essa possibilidade, porque o que eu vi até hoje na política é muita baixaria, falta de respeito com as pessoas… E não poderia aceitar que talvez viessem a falar coisas negativas sobre a minha família, inventar coisas ruins. Fui aceitando com o tempo e agora, à base de muita conversa com eles, estou encarando melhor”, conta Isadora. Marilise acrescenta que o temor de Isadora foi se dissipando na medida em que os amigos começaram a se manifestar, elogiando a decisão do pai dela e a postura que ele vem tendo durante a campanha eleitoral.

Candidato a prefeito pelo Partido Progressista, Sergio Oliveira nunca havia sido filiado a nenhum partido político. “Eu também acreditava que, como empresário, como integrante de uma entidade de classe, pagando meus impostos, estava fazendo a minha parte, e que isso era o suficiente, mas o que vemos diariamente, o nosso cotidiano, as condições das nossas ruas, a má qualidade de serviços simples como a iluminação, nos causa uma tristeza muito grande. Falávamos sempre sobre esses problemas nas reuniões de toda segunda-feira pela manhã, na Associação Comercial e Industrial de Livramento, e nessas discussões chegamos à conclusão de que infelizmente, por mais boa vontade que tenham, os políticos tradicionais, experientes em fazer política, não em administrar, não conseguiram até hoje dar à gestão pública a qualidade que a população espera e merece, e foi essa a principal razão pela qual decidimos que alguém com experiência em administrar, não em fazer política, teria que tentar fazer alguma coisa, e o escolhido para essa missão acabou sendo eu”, relata.

Para a filha Isadora, Sergio lembrou que, “se os bons não ocupam os espaços, ele acaba sendo ocupado pelos outros”. “A gente sempre pensa que esse tipo de coisa só acontece na nossa cidade, mas não é assim. A presença de aproveitadores e corruptos na política é comum no mundo todo, infelizmente. É por isso que a gente tem que participar, tem que fiscalizar, tem que analisar muito bem quem a gente vai eleger. É como eu sempre digo: o nosso voto não tem preço, mas tem consequências muito sérias, que podem ser positivas ou negativas dependendo de quem a gente elege. Só existem corruptos porque existem corruptores, existem aqueles que lhes permitem ocupar esses espaços na vida pública”, pondera o empresário. 

Santa Casa 

Sergio Oliveira recorda os 25 anos em que atuou na CEEE, onde chegou a exercer o cargo de gerente da área comercial, quando coordenava as contas de um grupo de 55 mil clientes. Nesse período, durante longo período trabalhou lado a lado com o saudoso poeta José Rufino de Aguiar Filho, com quem conversava muito sobre os problemas sociais que entravavam o desenvolvimento da região. Segundo Sergio, era uma visão muito real e, mesmo que um pouco romântico, um entendimento de mundo, de relação entre os homens, o que também contribuiu para sua postura em relação à política.

Foi com esse sentimento que, junto com os demais diretores da Associação Comercial e Industrial de Livramento-ACIL, entidade que preside desde 2009, Sergio Oliveira vem incentivando uma participação mais intensa da sociedade nos assuntos que são de seu interesse. É o que tem feito na ACIL durante sua gestão como presidente reeleito pela terceira vez pelos empresários filiados. A entidade integra a maior parte dos conselhos municipais e também tem atuado diretamente em campanhas de mobilização pela conquista de diversos benefícios e melhorias para a comunidade.

Uma dessas ações foi a campanha desenvolvida pela ACIL para arrecadar os recursos necessários para a recuperação física do hospital Santa Casa de Misericórdia, no final de 2009. “Durante nossas reuniões semanais, chegamos à conclusão de que não poderíamos ficar omissos. A Santa Casa havia sido fechada em outubro e até o final do ano ninguém tinha se movimentado para fazer alguma coisa. Felizmente tivemos da comunidade o eco necessário e com isso conseguimos, paulatinamente, fazer as reformas necessárias no bloco cirúrgico, na pediatria, a cozinha foi totalmente reformada, os corredores e quartos foram pintados, as portas substituídas, enfim, e isso possibilitou a liberação pelo Cremers para a reabertura do hospital”, comemora.

A partir daí, cada vez mais os assuntos nas reuniões da diretoria giravam em torno dos muitos problemas do cotidiano. Em 2011, dentro do prazo limite para a filiação partidária, ele resolveu se filiar no Partido Progressista, junto com um grupo de empresários e apoiadores. “A minha rotina só se tornou mais intensa, a partir da confirmação da candidatura, mas percebi que, assim como eu, a grande maioria da comunidade também está indignada com esse estado de coisas, com a dificuldade para o atendimento das necessidades mais simples do nosso dia a dia, como a manutenção das ruas e das calçadas, estradas rurais em qualidade, iluminação em condições, transporte coletivo digno, canalização de esgoto, postinhos médicos, enfim. É impressionante”, diz Sergio Oliveira.

Essa troca de experiências o candidato tem tido com a população nas visitas diárias que vem fazendo aos bairros. “Infelizmente, não posso ter uma dedicação exclusiva para a campanha, porque também preciso atender aos meus negócios. Ao contrário de outros candidatos, nunca ocupei e não ocupo nenhum cargo público, do qual pudesse me licenciar e continuar recebendo salário. Talvez por isso não tenha conseguido estar tão presente nas vilas como os adversários me acusam, mas as pessoas entendem essa dificuldade. Tenho conversado com a comunidade, apresentado as nossas propostas e ouvido as preocupações e anseios das pessoas. E isso é gratificante, porque nos mostra que realmente estamos com a visão correta: Livramento precisa de alguém que saiba administrar para resolver problemas que são muito fáceis de solucionar mas que acabam quase que se perpetuando”, lamenta.

O longo período em que praticou esportes, inclusive profissionalmente, também ajuda a manter o moral elevado no corre-corre da rotina de campanha eleitoral. Sergio integrou equipes universitárias de vôlei e chegou a disputar o campeonato brasileiro de vôlei de areia como contratado de uma universidade gaúcha. Ele só lamenta a falta de tempo, atualmente, para se dedicar à leitura, uma das atividades que mais lhe dá prazer. “Adoro ler, aprender coisas, entender como funcionam as coisas à minha volta. A leitura me propicia isso”, diz ele, que é formado em Pedagogia e cursou ainda Administração, Ciências Contábeis e Gestão Empresarial.

A rotina diária se estende até por volta de 1 hora da madrugada seguinte. “Apesar disso, eu me sinto muito motivado, principalmente pelo carinho que recebo das pessoas, que se aproximam espontaneamente para me dar apoio e manifestar sua esperança em uma cidade melhor. Ouvir uma palavra de estímulo dos meus irmãos, que têm se feito presente na minha vida, perceber a vibração da Dona Zilá, minha sogra, que aos 83 anos agora volta a acreditar que podemos fazer alguma coisa parta melhorar Livramento, ou ainda contar com o apoio presente do meu pai, seu Ibrahim, orgulhoso pela nossa luta, e também o carinho que os amigos e a comunidade em geral nos expressam, tudo isso nos dá a força necessária. Não é uma luta isolada, é uma luta de todos nós”, avalia Sergio Oliveira.

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