Administrador da Santa Casa espera fechar acordo com cirurgiões

“Entendo que há um grupo tentando trazer de volta um colega profissional, mas também há, de outro lado, uma comunidade que não pode ficar desguarnecida”, diz José Milton da Rosa

Um novo capítulo na história recente de reestruturação da Santa Casa de Misericórdia começa a ser escrito e vivenciado, tanto pela comunidade, quanto pelos profissionais que atuam na instituição centenária.

José Milton da Rosa, administrador da Santa Casa de Misericórdia

Depois do fechamento das portas da instituição em outubro de 2009, reabertura em março de 2010, polêmicas em torno da construção da nova Unidade de Terapia Intensiva do tipo II, obras paralisadas, greve de funcionários antes do fechamento das portas, renegociações com obstetras, atraso nos repasses do Governo do Estado em função da abertura da U.T.I. provisória, além de outros problemas que estão sendo resolvidos pela atual administração, agora é a vez dos cirurgiões reivindicarem questões relacionadas ao grupo de sete profissionais que atuam na Santa Casa de Sant’Ana do Livramento. Em entrevista concedida ao jornal A Plateia para matéria que circulou na edição do último domingo (28), o médico cirurgião Carlos Moura disse que o grupo era de sete médicos e de repente o grupo foi reduzido a quatro. Segundo o médico, a direção da Santa Casa até aceita recontratar dois dos três cirurgiões que foram demitidos, mas o debate esbarrou no impasse quando um dos nomes foi vetado. “Dessa forma, entregamos a nossa carta de demissão e exigimos que este colega que ficaria de fora da lista seja novamente contratado. Nosso prazo se extingue no próximo dia 22 de setembro, e esperamos que até lá a direção consiga chegar a uma proposta”, frisou.

Ontem, o administrador do hospital, José Milton da Rosa, disse que a instituição começou a discussão não por interesses internos. “A contratualização do hospital com a Secretaria de Saúde do governo do Estado prevê 50 cirurgias eletivas. Seriam procedimentos feitos por esse número de médicos e mais algumas que entrariam nessa conta. Mas para atingir esse número, dependíamos do contrato com esse grupo. As urgências, normalmente em número de 22 a 24, deveriam ser complementadas então com 24 ou 26 eletivas, mas nunca conseguimos atingir esse número. Com isso, evidentemente, na próxima contratualização a ser feita, não tendo atingido esse número, seriam penalizados com uma redução de valores, por isso começamos a discutir a questão com os cirurgiões. Eles demoraram um pouco a fazer uma proposta concreta, não houve uma proposta formal. Aí, para apressar a discussão, os três cirurgiões que tinham o menor número de cirurgias eletivas, e um deles inclusive só tinha auxílios, não tinha eletiva em um período de quatro meses. Para este se fez uma carta de rescisão, mas sabendo que depois isso seria reconsiderado. Aí, tem uma proposta financeira que, diga-se de passagem, os médicos recebiam pouco mais de R$ 36,00 (trinta e seis), para R$ 30,00 (trinta reis), só que hoje é R$ 36,00 com eletivas e urgências, e eles, pela proposta, passam a R$ 30,00 somente com sobreaviso, e reivindicam o pagamento de cirugias eletivas por um valor de Coeficiente de Honorários, que é um valor relativamente elevado em se tratando do valor que o hospital recebe. Aí temos outra divergência. Mas a questão acabou se concentrando no fato de um dos cirurgiões do grupo não ter o perfil de atuar pelo SUS. Algumas vezes, esse profissional em questão disse que alguns casos não eram a especialidade dele, repassava pacientes para outros colegas, o que resultou em alguns entraves. Esse profissional cirurgião que o grupo defende o retorno, também relatou algumas dificuldades de fazer suas cirurgia de convênio aqui, ou seja, se tem essa dificuldade com convênio, também as terá para realizar cirurgias pelo SUS, além de outras questões que nos levaram a definir esse cirurgião como não tendo o perfil adequado para o SUS. Ele permanece no Corpo Clínico, mas no planejamento nós recomendamos que não fosse mantido no grupo, e isso resume o impasse que temos hoje”, frisou o administrador.

Ao ser questionado sobre a possibilidade do médico ser reintegrado ao grupo, José Milton da Rosa disse que esta é uma questão que está bem fechada, uma vez que foi uma decisão da mesa diretora. “Agora, as questões econômicas, mesmo que fiquem um pouco mais pesadas para a Santa Casa, nós revemos todas. Todos os demais médicos também são bem-vindos nesse grupo. Mas esse, especialmente, tem questões que se tornaram intransponíveis. Está muito claro que ele não tem perfil para atuar no plantão SUS, pelo próprio histórico. Isso pode ser revertido, até porque pretendemos equipar mais o hospital, neste caso ele teria condições de atuar com seus pacientes de convênio e, no outro momento, tendo condições, poderia atuar. Mas não agora, porque estamos buscando equipamento. Mas como ele afirmou que não tinha condições da atuar pelos convênios, também entendemos que não tem as mesmas para atuar pelo SUS. Questionado sobre alternativas a serem utilizadas, no caso dos médicos pararem de atuar no dia 22, José Milton disse que existe um, sim, um plano “B”. “Na verdade, somos obrigados a ter alternativas, mas não queremos usá-las. Espero que ainda haja tempo de recompor. Se de um lado estão os profissionais que querem preservar a presença de um membro do grupo, de outro está a comunidade que precisa do serviço. Trazer médicos de fora seria uma última alternativa. Não estamos trazendo médicos de fora, mas se ficarmos sem alternativa, a alguma circunstância teremos que recorrer. Por ora, queremos recompor com esse mesmo grupo que tem profissionais que atuam já há muitos anos na Santa Casa de Misericórdia”, afirmou o administrador José Milton da Rosa.

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