Como surgiram as bandas marciais no Brasil e com que finalidade?

Fim principal das bandas era animar desde festas religiosas até mesmo festas consideradas profanas à época de sua criação

“Coreto” da praça General Osório está abrigando uma exposição

As bandas marciais, para a maioria das pessoas, parece uma história recente. Porém, ao contrário disso, essa manifestação popular surgiu em meados do século XVIII. À época, surgem, no Rio de Janeiro, as primeiras bandas de música, formadas por barbeiros – escravos em sua maioria -, que tocavam fandangos, dobrados e quadrilhas, em festas religiosas e profanas. Em 1831, são criadas as bandas de música da Guarda Nacional, e esta arte se espalha pelo País. Em 1896, Anacleto de Medeiros funda a mais famosa de todas as bandas de música: a do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Já no século XX, as bandas de música se transformam em uma das mais populares manifestações da cultura nacional: onde havia um coreto, existia uma bandinha, orgulho da cidade. Nas bandas, formaram-se músicos profissionais e amadores, eruditos e populares, como Patápio Silva, Anacleto de Medeiros e Altamiro Carrilho, entre muitos outros.

As bandas também foram um centro gerador de novos gêneros musicais e de um vasto repertório de chorinhos, marchas e dobrados. 

Risco de extinção 

Com o desenvolvimento da cultura de massa, porém, esta rica e alegre tradição brasileira começou a correr sério risco de extinção. Era necessário realizar uma política de Estado que apoiasse o desenvolvimento deste trabalho: foi esse o objetivo do Projeto Bandas, criado pela Funarte em 1976. A fundação Nacional da Arte é o órgão responsável, no âmbito do Governo Federal, pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo. Os principais objetivos da instituição, vinculada ao Ministério da Cultura, são o incentivo à produção e à capacitação de artistas, o desenvolvimento da pesquisa, a preservação da memória e a formação de público para as artes no Brasil.

Para cumprir essa missão, a Funarte concede bolsas e prêmios, mantém programas de circulação de artistas e bens culturais, promove oficinas, publica livros, recupera e disponibiliza acervos, provê consultoria técnica e apoia eventos culturais em todos os estados brasileiros e no exterior. Além de manter espaços culturais no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, a Funarte disponibiliza parte de seu acervo gratuitamente na internet.

Bandas Marciais: elas ditam o ritmo e a ‘disputa’ sadia dos desfiles cívicos

Cada qual quer superar as bandas das demais instituições, inovando com coreografias e repertório 

Desfile na comunidade é o “apronte” para o desfile da escola no Sete de Setembro.

Durante esta semana, a equipe de reportagem do jornal A Plateia irá contar as histórias das bandas das escolas da cidade que participam do desfile cívico que acontece na próxima sexta-feira, dia 7 de setembro.

Vamos levar para nosso leitor a batalha que cada escola trava para mandar para o desfile cívico o que tem de melhor, sempre na busca de superar, no bom sentido, o desfile apresentado por outras bandas. Vale tudo: coreografias inovadoras, músicas de amplo apelo popular e também as tradicionais marchas marciais. A primeira escola a ser apresentada neste especial é a escola Doutor Élbio Silveira Gonçalves. A outra escola que participaria hoje não realizou atividades na tarde de ontem, impossibilitando a entrevista.

À frente da escola Doutor Élbio Silveira Gonçalves há dez anos, a professora Mari da Rosa Severo trouxe seu entusiasmo de infância para dentro do ambiente escolar. Ela conta que, quando ainda era estudante, participava ativamente da banda da escola em sua cidade de origem. Vindo para Livramento, e como diretora da escola Doutor Élbio Silveira, resolveu tomar para si a responsabilidade de criar uma banda para a escola que dirige. Contando com o apoio que vem de colaboradores e até mesmo de dentro da família, conseguiu criar e manter uma banda marcial para a escola.

“Quando assumi a direção da escola, uma das minhas metas era formar uma banda marcial. Iniciamos em 2003 com uma banda. Tínhamos somente instrumentos de percussão e fazíamos caminhadas e apresentações somente no bairro, mas tinha muita vontade de colocar instrumentos de sopro na banda e realmente transformá-la em uma banda marcial. Porém, esses instrumentos só chegaram ao grupo em 2010”, relata a diretora. A questão dos instrumentos de sopro é uma situação que está se perdendo, conforme o depoimento da diretora, pois é difícil encontrar pessoas que tocam esse tipo de instrumento. “Muitas vezes, temos que acabar procurando essas pessoas fora do grupo escolar, pois não temos na faixa etária dos alunos, no momento, alguém que possa passar para os demais as técnicas dos instrumentos de sopro”, completa. Estas pessoas prestam serviço voluntário à escola.

A banda da escola Doutor Élbio Silveira Gonçalves possui 25 componentes e está ativa todo o ano, realizando dois ensaios semanais, segundas e quartas-feiras. A pessoa que é responsável por estes ensaios integra a banda do 7° Regimento de Cavalaria Mecanizado, a “Fanfarra do 7°”, e os ensaios acontecem entre as 18h e 19h. “Temos um aluno que está estudando música e esperamos que futuramente ele integre a banda e ensine aos colegas a tocar. O próprio filho da diretora da escola, que foi aluno da instituição e hoje presta serviço militar, encontra tempo para dividir com os mais novos o conhecimento adquirido. Ele participa da banda da escola desde a sua formação, em 2003. 

Parceira da banda com a comunidade 

Se acontece algum evento na comunidade e a banda marcial da escola é convidada a participar, ela vai e, todos os anos, acontece um desfile cívico no bairro, para que os pais dos alunos acompanhem o trabalho que estamos realizando com seus filhos. “Esse é o momento de apresentar a banda e prestarmos esta homenagem à comunidade, com um desfile cívico pelas ruas do bairro”. 

Instrumentos 

Quando foi formada a banda, os instrumentos foram adquiridos pela direção da escola com verba proveniente do permanente da escola. Atualmente, o governo está mandando verbas como forma de incentivo, mas a escola não escreveu sua banda por já possuir instrumentos de percussão. Os instrumentos de sopro, cada um dos alunos que tocam possui o seu e a escola dois. “Na minha família, meus filhos tocam instrumentos de sopro e eu tenho os meus, que coloco à disposição da escola”, finaliza a diretora da escola, professora Mari da Rosa Severo.

 

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1 Comentário

  1. Jorge Lagarretta

    Excelente iniciativa. Vou matar a saudade da minha banda querida do colégio Santanense. Lá toquei bumbo de 1974 até 1980. Tinhamos a concorrência do Estadual, Instituto, Prof. Chaves mas, quando subíamos a andradas era emoção pura. Parabéns a todos os envolvidos nessas reportagens.

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