A expansão do Ifsul em Livramento em momento de decisão

Diretor do Campus do Instituto Federal Sul Rio-Grandense diz que comunidade deve apontar quais áreas têm mais chances de demandar a criaçaõ de novos cursos  

O salão nobre da Prefeitura Municipal recebeu os conselheiros do Comude, além de representantes de diversos setores da comunidade

“Temos que começar a pensar o que vamos fazer com essa escola. Que escola queremos, que cursos queremos e, poderemos, oferecer daqui para frente para as pessoas desta, e de outras cidades”. Estas foram algumas das palavras do diretor do campus avançado do Instituto Federal Sul Rio-Grandense – Ifsul, na tarde de ontem, durante audiência com os integrantes do COMUDE – Conselho Municipal de Desenvolvimento, além de integrantes de outras instituições e entidades de Sant’Ana do Livramento. Alessandro de Souza Lima, durante uma hora, aproximadamente, apresentou o instituto àqueles que ainda não o conheciam, enquanto explicou um pouco da evolução e dos passos que foram dados desde o início das suas atividades na cidade, em meados de 2008.

Em silêncio, os presentes, que praticamente lotaram o salão nobre da Prefeitura Municipal na expectativa que fosse feito o anúncio de um novo curso no campus de Livramento, puderam compreender um pouco mais do processo de expansão do ensino técnico no Brasil e que também atingiu a Fronteira, uma vez que as atividades do Ifsul se dão em parceria com a UTU – Universidade do Trabalho do Uruguai, e que mantém curso do lado uruguaio da Fronteira.

“Hoje, do que jeito que está o nosso novo prédio, somente podemos suportar o curso de informática e, quem sabe, algum curso de poucas horas. É por isso que estamos aqui hoje, ou seja, para saber que futuro vamos dar à nossa obra. A gente precisa saber que nossa escola só suporta curso de informática, e do jeito que está não suporta mais nada. Precisamos seguir essa reforma e, para isso, precisamos demandar um novo curso. Cabe salientar que foi feito um estudo que comprova que os números de Sant’Ana do Livramento são extremamente tímidos para a área de formação técnica e tecnológica. Nós não identificamos uma área que com certeza poderá ter um campo de atuação. Os números, comparados com outras regiões que fizeram o mesmo relatório, são bem ruins. Algumas áreas aqui não criam postos de trabalhos formais que possam suprir vagas que poderiam ser criadas em determinadas áreas. Trabalhamos também com pesquisas que foram feitas com alunos nas escolas, nas entidades de classe, associações, empresas, enfim, tudo para tentar saber o que a comunidade quer, por isso estamos aqui”, afirmou Alessandro.

O diretor disse que a meta é tentar agora levantar dados para justificar a criação de novos cursos. “Quando fazemos avaliações para ver quais setores que mais cresceram, aparece uma área que cresceu mais de 1.000%, quando na verdade aumentou o número de vagas de 6 para 40 pessoas, isso não justificaria a criação de um novo curso”, salientou. Alessandro disse que a justificativa para apresentar a questão no Comude se deu porque o grupo reúne condições de compartilhar a informação com outros setores da comunidade e buscar ideias que possam ajudar no processo.

Contraponto 

Depois de ouvir o depoimento do diretor do Campus, representantes de vários segmentos tiveram a chance de se manifestar e sugerir áreas que poderiam suprir uma eventual demanda criada a partir dos profissionais que venham a ser formados nos cursos do Ifsul. Para o gerente-geral da Vinícola Almadén, Afrânio de Moraes, uma das saídas seria apostar na formação de pessoas qualificadas para atuarem no setor primário. “Estamos acompanhando o crescimento do setor de vitivinicultura em Sant’Ana do Livramento, com a aposta feita por algumas empresas nas possibilidades que esta região oferece. Posso, inclusive, ajudar a comprovar com dados que esta é uma área que sem dúvida é capaz de absorver mão de obra qualificada e que venha a ser formada no Instituto Federal Sul Rio Grandense em Livramento”, salientou. Afrânio disse, ainda, que o curso de Enologia da Universidade Federal do Pampa atropelou os processos e acredita que antes a mão de obra para atuar nas empresas deveria ter sido qualificada. “Muitas vezes temos que buscar mão de obra fora da cidade para suprir as nossas necessidades, sendo que poderíamos ter isso aqui. Assim, pela expansão do setor podemos comprovar esses dados”, salientou. Afrânio disse que no que tange à indústria, é impossível comprovar dados, porém, na área da vocação natural da região, é possível comprovar os dados com a visível carência de mão de obra capacitada. “Outra questão está ligada à área de análises químicas, laboratorisas, que não precisam trabalhar especificamente no setor de vinhos, mas em outras áreas da cidade que comprovadamente precisam de pessoas formadas. Já fizemos demandas para Embrapa, inclusive, para capacitar pessoas, mas ainda estamos penando em áreas onde não há profissionais. Se for preciso, vamos encaminhar um estudo mostrando as posições formais que temos carência, porque acho que é possível sim criar um novo curso que será para sempre, ou seja, não sairá mais daqui”, destacou Afrânio.

O encontro durou cerca de duas horas e uma nova data deverá ser marcada para discussão dos dados que serão apresentados pela comunidade, em resposta ao chamado que foi feito pelo diretor do campus Avançado do Instituto Federal Sul Rio-Grandense. O debate em torno do tema deverá ter novos desdobramentos para que as soluções possam ser encontradas em conjunto com a comunidade, de acordo com a proposta do diretor Alessandro de Souza Lima. O professor Carlos Cespedes, da Universidade Federal do Pampa, sugeriu a criação de cursos que fomentem a área do turismo e que tenham foco na reconstrução do patrimônio cultural e histórico. “Creio que não existem indústrias suficientes que demandem as pessoas qualificadas. Creio que o turismo e a cultura são áreas nas quais Livramento poderá se tornar em um polo de desenvolvimento.

Trabalhar no patrimônio histórico da cidade com pessoas que tenham esse perfil seria uma boa ideia. A área do comércio também precisa de pessoas qualificadas e apresenta uma vocação conhecida por muitos”, frisou.

Cleizer Maciel
cleizermaciel@jornalaplateia.com 

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