Primeira paralisação de bancários acontece em meio à negociação da categoria

Ontem, o banco Itaú fechou suas portas e clientes realizaram somente transações via caixa eletrônico 

Clientes foram orientados a voltar hoje à agência para executar serviços que não poderiam ser feitos no caixa eletrônico

Nem bem iniciaram as negociações das representações sindicais com a classe patronal, e os bancários já dão o primeiro sinal de que as paralisações serão uma constante caso o pedido da categoria não seja atendido ou mesmo não haja uma reposta à altura do que apresentam os indicativos. Ontem, aqui na cidade, aconteceu a primeira paralisação, sendo que a agência local do banco Itaú manteve suas portas fechadas durante todo o dia. Somente aqueles clientes portadores de cartões e que procuraram por serviços que poderiam ser executados diretamente no caixa eletrônico puderam realizar transações bancárias como depósito, saque e solicitação de talões de cheque. As demais atividades, como pagamento de bloquetos, saques sem cartão, desconto de cheques e saques de valores elevados, tiveram que esperar até hoje, quando a agência volta a funcionar normalmente.

Para o presidente do sindicato na cidade, Jorge Pedra, a atividade de ontem já faz parte da campanha salarial, já que está sendo cumprido um calendário de negociações que foi realizado nesta terça e quarta-feira, e deverá ter continuidade nos dias 15 e 16 de agosto. “Fizemos uma reunião a nível de Estado e ficou deliberado que nos bancos onde existem problemas, como no caso do Itaú, com as demissões e a falta de funcionários para atendimento aos clientes, as atividades seriam paralisadas. Existe uma sobrecarga de serviço para quem fica trabalhando, e a gente resolveu paralisar as agências do Itaú em todo o Estado para que o banco venha e mude esta postura e contrate mais funcionários. Porque não é só ganhar, tem que dar um retorno”, destacou Pedra.

Ele acrescentou, ainda, que os altos índices de adoecimento dos funcionários acabam por dar despesas para o Estado, porque as condições de trabalho não são propícias. “Temos o caso aqui na agência de uma funcionária que está afastada por doença e que deve carregar este prejuízo por toda a vida. A saúde é um bem inestimável. Os casos de LER – Lesão por Esforço Repetitivo – são comuns entre os bancários e também irreversíveis. Dá até para manter com menos dor, mas é um quadro que não se reverte. Temos também altos índices de adoecimento mental na categoria, em função das metas abusivas estipuladas para os funcionários. Não existe um estudo das praças (cidades) se um funcionário atinge a meta neste mês, no próximo mês ela aumenta, porque a intenção é que o funcionário venda cada vez mais, e isso acaba resultando em problemas de saúde para os funcionários das instituições bancárias”, completa. 

Jorge Pedra: presidente do Sindicato dos Bancários na cidade

Aquecimento 

A paralisação realizada ontem foi considerada como um aquecimento para a campanha salarial que começa no início de setembro, já que a data-base da categoria é o dia 1º de setembro. Possivelmente nos primeiros dias de setembro, se não houver avanço nas negociações, como ocorre todos os anos, deverá ser deflagrada a greve da categoria. “O governo reduziu os juros, mas os banqueiros aumentaram as tarifas, eles não perdem e tão pouco querem saber do atendimento ao público. Hoje, todo mundo é refém do banco, se você é aposentado, você precisa do banco para receber, se trabalha em uma empresa, precisa abrir conta em banco, e nestes serviços incidem as taxas”.

Inadimplência 

O grau de inadimplência aumentou porque hoje em dia o crédito está muito acessível. Pedra destacou que as pessoas devem estar atentas, principalmente na hora de usar o cartão de crédito, que cobra um juro de 15% ao mês. “O que tem é que mudar esta postura, precisamos de mais funcionários para orientar as pessoas sobre estas questões e para isso precisamos de pessoas valorizadas que trabalhem em boas condições e em um ambiente saudável e que deem retorno para a empresa que trabalham”, finaliza Jorge Pedra.

LEONARDO SILVEIRA

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