O segredo da vida
Jovens amantes procuram a perfeição, velhos amantes aprendem a arte de unir retalhos da vida pela beleza da abundância dos sentimentos. Somos um pedaço de história para termos nomes, dizem alguns. Se você tem medo da morte você não é livre, dizem outros. Se você vê uma boa briga, entre nela, dizem os idealistas. Não se encontra paz na vingança, dizem os mais espiritualizados. Respeitando o livre arbítrio de cada ser humano, temos todos de concordar que a energia dos homens insatisfeitos é que faz o mundo progredir. Diante de tanto niilismo hoje em dia, basta que um homem de bem não faça nada para o mal triunfar. A paralisia é loucura, pois vida é saber usar a sagrada energia de Deus construtivamente para se crescer.
Quando se é jovem, acha-se que vai viver para sempre, quando se chega à meia idade, tem dúvidas e quando a gente chega lá, já não temos mais dúvidas, pois a vida já passou diante de nós sem a menor cerimônia. Hoje em dia, as pessoas mais velhas junto com as crianças são as maiores vítimas de uma sociedade que desmantela alternativas de qualidade de vida devido a um tempo que voa. Portanto, está mais que na hora dos mais lúcidos serem uns insatisfeitos diante deste regime de escravidão, porque o futuro, mesmo que pertença às crianças, não esquecer que o presente é condicionado pelos mais velhos.
Temos que descobrir o que há de bom e de belo em cada etapa da nossa vida. Aos 20, 40, ou 70 anos, não importa, na vida não se morre, se estabelecermos as nossas relações de verdade com a terra, que é um ser vivo pulsante e que pode ser ferida não só pelas armas nucleares como por esgotamento dos seus recursos naturais.
Disse Ponette: “Um espírito feliz não morre”. “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte” – disse Gandhi. Para mim, a liberdade, a dignidade e a felicidade estão dentro da cabeça de cada um de nós. O desafio não é ser “biltre” na vida, mas sim, ser um homem espiritual, de mãos dada uns com os outros para cuidar da terra como se fosse a nossa única casa, pois não sabemos nunca onde nossa caminhada termina, só quando termina.
Penso que o segredo da vida reside na paixão, paixão por nosso trabalho, por um ideal ou uma atividade qualquer. O ser humano tem que ser um apaixonado pela vida. É como uma luz de vela: acesa é farol; apagada é obscuridade. Viver a vida é o que nos obriga a escolher um caminho, não que seja fácil viver, mas não se vive sem uma amizade límpida, de confiança na jornada de uns com os outros, e assim, adormecer com esperança em cada amanhecer. Concluo com um poema: Vida: nada me deves. Vida: nada lhe devo. Vida: estamos em paz.
Carlos Alberto Potoko
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