Crime em Uruguaiana: Delegado relembra do caso e lamenta a não condenação dos suspeitos

O delegado titular da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), Othelo Saldanha Caiaffo, ao ler o 21º caso da série do especial “Boletim de Ocorrência”, publicado em ZH, escrito pelo jornalista e colunista, Celito De Grandi – A morte de um pecuarista durante assalto em Uruguaiana, lembrou de sua atuação neste caso, juntamente com outra policial de Livramento.

Em seu relato ao jornal A Plateia, Caiaffo lamentou a absolvição dos três suspeitos e afirma que a Polícia Civil, na época, possuía indícios concretos para a condenação dos mesmos.

“O Zequinha, um dos autores, possuía, na cidade de Uruguaiana, um cabaré, e nós ‘junto nesta canoa Policial’, participamos, com outro delegado, de um mandado de busca naquele local, pois estávamos atrás da arma do crime. Na época, atrás de um balcão dentro da casa, notamos que havia um saco de lixo de supermercado e perguntamos à moça que estava na casa, quem teria feito o rancho, pois verificamos que a geladeira e demais dispensas estavam abastecidos, portanto alguém tinha feito estas compras há pouco tempo. Essa mulher informou que quem teria realizado as compras era o tal Zequinha. Perguntamos a ela onde ele estava, e fomos informados que ele teria feito as compras e logo saído.

Após revista na casa, não encontramos a tal da arma e já estávamos de saída, quando uma policial que nos acompanhava- que inclusive está lotada juntamente comigo em Livramento – notou que do outro lado, em um terreno baldio, debaixo de uma árvore, tinha um amontoado de lenha que estava muito organizado. Então esta policial sugeriu que o local também fosse verificado. E eis que ali estava a arma do crime, mais umas luvas cirúrgicas, dentro de um saco plástico do mesmo supermercado de onde tinham vindo as compras.

Logo se tem uma prova indiciária, porque aquele saquinho seria do mesmo supermercado, sendo o principal suspeito o mesmo que fez as compras.

Na perícia em Porto Alegre, ficou constatado que o projétil expelido daquela arma apreendida era o mesmo que matou o empresário Fittipaldi.

Tínhamos, ainda, prova de que um homossexual, companheiro do rapaz que atirou, tinha, em sua casa, fotos do rapaz da motocicleta, que provavelmente era quem teria desferido o tiro, porque o Zequinha estava pilotando esta moto. Então, lamentavelmente, estes fatos, pelo visto, não foram incluídos no processo criminal, porque se assim fosse, certamente o Zequinha e o rapaz que deu o tiro teriam sido condenados.

Quando eu cheguei a Uruguaiana, o Zequinha Maidana estava foragido, e passados uns seis meses ou mais, recebi um telefonema da Delegacia de Erechim, quando um colega fez uma operação e localizou uma pessoa de nome José Maidana. Durante oitiva com este indivíduo, ele nos revelou que frequentava o prostíbulo do Zequinha e que certa vez ficou devendo um consumo e que Zequinha teria ficado com sua carteira de identidade. Desta forma, concluímos que Zequinha teria utilizado esta identidade falsa, trocando a foto, para poder foragir. Então, a partir deste fato, já com a preventiva decretada, fomos a Erechim e trouxemos o Maidana preso, para felicidade da família Fittipaldi, em Uruguaiana. Mas, lamentavelmente, ficamos sabendo depois que nenhuma prova policial foi considerada nos autos do processo e, por isso, eles não foram condenados. Apesar disso tudo, temos certeza que estes três foram os autores do crime, em Uruguaiana”.

 

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