Conselheira tutelar desabafa: “Estou pedindo socorro”

Alegando que o Conselho Tutelar chegou ao seu limite, Alcina destacaque situação de menores infratores já está fora de controle

Alcina da Rosa

Em tom de desabafo, a conselheira tutelar Alcina da Rosa destacou que todas as pessoas que formam, hoje, o conselho tutelar de Livramento estão trabalhando no limite de suas forças. Ela destacou como caso de maior estresse psicológico, os recentes fatos envolvendo menores infratores em nossa cidade. “Eu sei de nossas atribuições e entendo que atividades envolvendo menores infratores extrapola as nossas atribuições. Apesar disso, estamos fazendo o acompanhamento na tentativa de recuperação dos mesmos. Estamos pedindo socorro, porque enquanto estamos lutando para desfazer uma turma, outras se formam, inclusive tendo grupos de crianças de 10, 11 ou alguns anos mais de idade”, destaca inicialmente. Ao longo da entrevista, foram feitos vários questionamentos à conselheira tutelar Alcina da Rosa, os quais ela respondeu expondo o que aponta como a melhor solução para a questão.

A Plateia – Conselheira, qual a maior carência no atual momento do Conselho Tutelar?
Alcina da Rosa - Nossa maior carência é, sem dúvida, uma casa de passagem, onde pudéssemos abrigar estas crianças que tiramos diariamente das ruas. Um lugar onde pudéssemos dar uma ocupação para estas crianças, um objetivo.

A Plateia – No que consistiria este atendimento prestado em uma Casa de Passagem, caso houvesse uma?
Alcina da Rosa - Seria um atendimento direcionado à recuperação dos jovens, com acompanhamento psicológico, atendimento à família e visitas periódicas às casas das pessoas envolvidas com o menor.

A Plateia – Como ocorre o atendimento dentro da atual situação?
Alcina da Rosa - Hoje, a gente vai até o local onde o jovem está, mas apesar disso, não temos muito o que fazer, pois todo o trabalho que realizamos em um dia, desmorona no outro, quando ele volta a cometer um ato infracionário, muitas vezes reiniciando os atos ilícitos em outras turmas.

Menores estão sendo recolhidos constantemente, mas leis brandas os colocam novamente na rua

A Plateia – Para você, o que poderia ser feito para amenizar esta situação?
Alcina da Rosa – Acho que devemos correr atrás de soluções, porque depois vai ficar muito difícil contornar a situação. Eu estou aqui para pedir socorro, para pedir que as autoridades pensem com carinho e providenciem uma casa de passagem onde possamos colocar estas crianças e adolescentes, equipada, é claro, para que eles possam ter atendimento direcionado para uma recuperação imediata.

A Plateia – Alguém estaria por trás destes jovens infratores?
Alcina da Rosa – Por trás destes grupos, sempre existe um adulto. Esses menores sempre assumem as “broncas”, os furtos, porque sabem que a lei é branda para os menores de idade. É preciso uma lei que puna mais e ajude a recuperar.

A Plateia – Como está a distribuição do serviço para cada um dos membros do conselho?
Alcina da Rosa – Atualmente, estou atendendo oito casos envolvendo crianças. Entre eles, são dois com dez anos, e um com onze. Mas não podemos esmorecer, temos que recuperar o maior número possível de jovens e adolescentes, pois eles são o futuro da nossa cidade.

A Plateia – Em que local da cidade estes jovens costumam agir?
Alcina da Rosa - Atualmente, estamos com um problema muito grande nas proximidades de um supermercado na João Goulart, mas também temos problemas no centro e também alguns bairros da cidade. Embora eu entenda que o problema não é para o conselho tutelar, eu me proponho a atacar este problema de frente. Falo aqui nem como conselheira, mas como uma cidadã santanense.

A Plateia – Conselheira, fica algum pedido ou recomendação?
Alcina da Rosa - Quero pedir que a comunidade não fale do conselho tutelar que não digam que as conselheiras tutelares não trabalham ou não fazem nada, pois fazemos mais do que nos compete.

Eu, particularmente, estou sempre junto com a Polícia Civil e com a Brigada Militar que são nossas parceiras. Eu recomendaria aos pais destes jovens, que a responsabilidade com os filhos continua mesmo depois de uma separação.

LEONARDO SILVEIRA

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