Zona Franca de Iquique tem interesse em ampliar negócios com o Brasil

O gerente comercial da ZOFRI explica a empresários santanenses que, mesmo sendo o maior país da América Latina, Brasil ocupa apenas 9% dos negócios da Zona Franca

Cristobal Donoso explicou o funcionamento da zona franca aos empresários santanenses e garantiu interesse em ampliar negócios com o Brasil

O grupo de empresários santanenses que visita o Chile desde segunda-feira, a fim de conhecer o funcionamento da Zona Franca de Iquique e entabular contatos para possíveis negócios a partir da provável criação do sistema de free shops nas cidades brasileiras de fronteira, foram recebidos na manhã de ontem pelos diretores da ZOFRI AS, que administra a Zona Franca. Na oportunidade, os executivos explicaram detalhadamente a sistemática de funcionamento do entreposto de importação e exportação que movimentou nada menos do que US$ 4,3 bilhões em distribuição de mercadorias de várias partes do mundo, somente no ano passado.

A Zona Franca de Iquique é “uma ponte de negócios entre a América do Sul e o mundo”, conforme definiu o gerente comercial da Zofri, Cristóbal Donoso. Acompanhado pelo subgerente de Estudos da Zona Franca, Werner Wassaf, e pelo subgerente comercial Jorge Dominguez, Donoso pediu, inicialmente, que o grupo explicasse os motivos da viagem e quais as pretensões em relação à Zona Franca. A apresentação do grupo santanense foi feita pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas-CDL de Livramento, Mozart Hillal, que relatou a diferença de condições de trabalho na fronteira com Rivera, em virtude dos free shops na vizinha cidade, e o desejo do equilíbrio nas oportunidades de desenvolvimento, com a possível criação do sistema free shop também para o lado brasileiro.

Donoso disse que a administração da zona franca fica feliz com essa possibilidade. Segundo ele, mesmo sendo o maior país da America Latina, o Brasil ocupa um lugar muito modesto no volume de negócios feitos pelas empresas estabelecidas na Zofri com os mercados da região. Criada em junho de 1975, a zona franca cresceu significativamente em importância na economia do Chile ao longo dos anos. Em 2002, por exemplo, o volume de comercialização atingiu a marca de US$ 1,2 bilhão em vendas, sendo que, no ano passado, as vendas quadriplicaram, chegando aos US$ 4,2 bilhões. O Brasil, nesse montante, representou, porém, apenas US$ 9 milhões em negócios, bem atrás da Bolívia, por exemplo, que ultrapassou a marca dos US$ 700 milhões no ano passado. Seguem-se, em volume de negócios com a zona franca de Iquique, o Paraguai, com US$ 400 milhões; o Peru, com US$ 330 milhões; e o Uruguai, que movimentou mais de US$ 50 milhões no ano passado em negócios com a Zofri.

Cristobal Donoso disse que a administração da Zofri acredita no grande potencial que o Brasil ainda representa, especialmente em razão do tamanho do mercado consumidor. Segundo ele, a Zofri já vem trabalhando no estabelecimento de um corredor bi-oceânico ligando o porto de Iquique ao porto de Santos, no Brasil, para incrementar os negócios com essa região da América Latina. Além disso, já para 2013, a Zofri deve iniciar a construção de uma grande estrutura industrial na cidade Arica, vizinha a Iquique, destinada à fabricação de produtos, tanto para consumo interno quanto para exportação. Atualmente, a Zofri funciona apenas como intermediária em negócios de exportação e importação e ainda oferecendo serviços de depósito de mercadorias em trânsito, tudo oferecido pela Zofri S.A.

A Zofri S.A. é a empresa administradora e exploradora da Zona Franca de Iquique, em concessão por 40 anos, firmada com o Estado do Chile. Dentro de suas linhas de negócios, constam o serviço logístico, que inclui recepção de mercadoria, gestão de documentação, transporte, inventário e despachos, e ainda negócios imobiliários, incluindo a venda ou arrendamento de terrenos, tanto para indústrias, quanto de espaço no centro comercial. Após a apresentação feita na sede administrativa da Zofri, os empresários santanenses visitaram o espaço, onde cerca de 600 estabelecimentos oferecem os mais diferentes produtos originários de todos os cantos do mundo.

A zona franca se divide em dois espaços distintos. Para entrar, o visitante precisa apresentar documentos de identidade e retirar um visto, que deve ser apresentado nos portos de acesso, tanto na entrada, quanto na saída, e que tem validade exclusivamente para aquele dia. O visto e obrigatório para visitantes e funcionários das lojas estabelecidas na zona franca. Dentro, as lojas se dividem em dois setores. Em um deles, destinado ao comércio de produtos no varejo, é possível ao visitante adquirir produtos importados na modalidade free shop, isenta de vários impostos que tornam os preços bastante competitivos. São cerca de 400 lojas, que formam um shopping de 30 mil metros quadrados e que oferecem perfumes, eletrodomésticos, artigos eletrônicos, peças de computação, cigarros, licores, jogos e vestuário.

No outro setor, cerca de 200 galpões expõem produtos diversos, exclusivamente para o comércio atacadista. Nenhum negócio é feito ali, a menos que envolva uma quantidade mínima de cada produto, sendo a compra feita por pessoa jurídica habilitada para importação. “Essa seriedade é que nos dá o respaldo necessário para o crescimento queregistramos ao longo de todos estes anos. Nós queremos continuar com esse ritmo de crescimento sustentável”, justifica o subgerente de negócios, Jorge Dominguez, que orientou a visita da comitiva santanense ao espaço edificado que ocupa 240 hectares conhecido como o “recinto murado” ou “bairro industrial”.

Os empresários permaneceram no local até o fim da tarde, devendo cumprir uma missão mais difícil nesta quarta–feira. O grupo deverá visitar o local conversando diretamente com os operadores de importação e exportação, visitando as lojas, conhecendo os produtos, pesquisando preços e informando-se sobre as ofertas de negócios. “Esse talvez vá ser o momento mais importante e objetivo desta nossa viagem, porque poderemos conhecer realmente, na prática, como funciona esse negócio e poderemos, inclusive, definir algumas parcerias para um trabalho conjunto em breve”, previu, ontem, o presidente da ACIL, Sérgio Oliveira. O empresário Vandirnei da Rosa, tesoureiro da entidade, acredita que a visita feita na terça-feira já deu indicativos importantes: os valores praticados no shopping da zona franca de Iquique se aproximam muito dos preços dos produtos comercializados nas lojas free shop de Rivera. “Isso pode nos indicar que, ao fazermos negócios através de Iquique, também poderemos ter preços bastante competitivos nos free shops de Livramento, quando isso se concretizar”, imaginou ele. Do ponto de vista alfandegário, as mercadorias que permanecem dentro do recinto da Zofri são consideradas como se estivessem no estrangeiro, portanto, ao saírem com destino ao estrangeiro, não pagam impostos.

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2 Comentários

  1. marcioallemos

    Uma zana franca em Lvto seria, no minimo, viavel? Qual o potenical de compra do Uruguai? Sendo autorizada essa zona franca em LVTO, sera que seria somente em LVTO? e Quarai, Barra do Quarai, Chui, Jaguarão? Um projeto desse porte depende de Lei Federal especifica. E as fronteiras com a argentina e o paraguai? Na minha humilde e ignorante opnião, Lvto tinha que deixar sonhos utópicos e pouco provaveis, pra dedicar-se ao seu verdadeiro potencial a agricultura a pecuaria e o turismo. Ao invés de pleitear a criação de uma Lei muito complexa. Vamos lutar por um complexo hidro mineral aproveirando a “melhor agua do mundo”. Isso depende apenas de santanense pra tornarse realidade e não de um “quase milagre” que seria uma Lei desse porte. O uruguai nao tem potencial de compra de importados, pois eles tem acesso muito mais facil pelas regra alfandegarias daquele pais. De outra forma não existe como vender em uma Zona franca pra os proprios brasileiros a regra dos free shops é bem clara.

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