Do norte à Capital, Chile ensina como trabalhar na adversidade

Desde a criação de uma cidade no meio do deserto, na região de Iquique, até a geração de empregos e renda na imensidão gelada das montanhas, o exemplo de criatividade e vontade de crescer

Comitiva conheceu detalhes do porto e os projetos de expansão

Depois de uma quarta- -feira movimentada, principalmente pela visita de loja em loja, nos setores atacadista e varejista da Zona Franca de Iquique, no norte do Chile, os empresários santanenses que participam da Missão Empresarial organizada pela Associação Comercial e Industrial de Livramento-ACIL, retornaram ontem para Santiago, a capital do país, onde cumprem até hoje uma extensa agenda de visitações preparada com o apoio da Câmara de Comércio Brasil-Chile e da Embaixada do Brasil em Santiago. A programação tem como objetivo apresentar à comitiva empresarial atividades de sucesso criadas pelo Chile como alternativas para as condições aparentemente adversas à atividade econômica e de geração de emprego e renda.

 

Ainda na quarta-feira, o grupo de empresários conheceu detalhes do funcionamento do porto de Iquique, por onde chegam quase 100% dos produtos importados dos principais mercados exportadores do mundo, especialmente da Ásia e Europa. O grupo foi recebido pelo subgerente de negócios da Empresa Portuária de Iquique, Hector Mardañez, que falou a respeito da estrutura do porto e do entendimento sobre a necessidade de ampliação dessa estrutura para atender a uma demanda que está em constante crescimento, representada pelos negócios em torno do crescimento da zona franca.

O porto de Iquique passou ao controle da iniciativa privada em 1998, dentro da política de modernização portuária iniciada pelo Governo. Atualmente, o porto movimenta 3,8 milhões de toneladas/ano, sendo o volume maior de automóveis importados de vários países para os mercados do próprio Chile e da Bolívia, que é o principal mercado consumidor dos produtos importados através da zona franca de Iquique. Na sequência, aparecem a exportação de minérios pela indústria mineradora e, em um ritmo de crescimento de 25% ao ano, as importações de bazar, vestuário e produtos eletrônicos pela Zofri S.A., administradora da zona franca.

Hector Mardañez disse que o ritmo de crescimento dos negócios forçou a administração do porto a planejar uma forma de aumentar a capacidade de atendimento da demanda. Dentro de quatro anos, o porto vai concluir um aterramento de uma área de 12 mil metros quadrados dentro do Oceano Pacífico, proporcionando, assim, a ampliação da estrutura portuária. Mardañez explicou que essa foi a única solução encontrada, uma vez que Iquique está imprensada entre o mar e a montanha e não tem mais espaço físico para crescer, razão pela qual o governo está, inclusive, estimulando investimentos na cidade dormitório de Alto Hospício, antigo bairro operário de Iquique, que hoje reúne 90 mil habitantes e diversos projetos de expansão, entre os quais a construção de uma moderna estrutura para abrigar a zona industrial da região. Ele reforçou a expectativa positiva dos administradores da zona franca e do próprio porto em relação à construção de uma super estrada ligando Iquique ao super porto de Santos, no Brasil, o que vai incrementar muito os negócios, segundo estima.

Exemplo de empreendedorismo, a cidade construída no meio do deserto do Atacama como polo de mineração

Criatividade

 

Após a visita ao porto, o grupo de empresários foi convidado pela administração da zona franca a visitar a Oficina Salitrera Santiago-Humberstone, que durante os anos de 1872 até 1961 foi o principal extrator de salitre do Chile. Encravada no meio do deserto do Atacama, o local era uma verdadeira cidade, com igreja, teatro, praça de esportes, piscina esportiva, entre outros serviços, e atualmente é preservada por concessão do governo chileno por uma Organização Não Governamental voltada à preservação do patrimônio histórico da Humanidade, assim reconhecido pela Unesco. “É um exemplo de empreendedorismo, de superação das dificuldades, que deve ser seguido. Imagine-se que assim, no meio do nada, os gestores acreditaram, empreenderam e fizeram tudo isto”, comentou o presidente da ACIL, Sérgio Oliveira, durante a visita.

O grupo saiu de Iquique após essa visitação e retornou para Santiago, onde teve outros exemplos da força de vontade dos empreendedores chilenos. A convite da Embaixada do Brasil em Santiago e da Câmara de Comércio Brasil-Chile, os empresários subiram 3 mil metros acima do nível do mar para visitar um dos pontos turísticos mais famosos do Chile, que é a localidade de Valle Nevado, na Cordilheira dos Andes. O local, totalmente inóspito, foi transformado em um dos mais visitados – e caros – endereços do turismo chileno e do mundo. Além de uma completa infraestrutura de serviços, atualmente, Valle Nevado possui lotes, encravados em plena montanha, que estão sendo vendidos a investidores particulares para construções residenciais. A ideia dos administradores do Valle é que os proprietários construam os imóveis de alto padrão, utilizem-nos no máximo 2 ou 3 meses por ano, e depois os cedam em parceria para a administradora, a fim de que sejam locados por turistas de temporada.

“Como se vê, sempre é possível, com empreendedorismo, com força de vontade, planejamento e investimento corretos, produzir riqueza e renda para a comunidade, mesmo nas situações que aparentemente são as mais contrárias. No Chile, tivemos em dois dias dois exemplos muito claros de que, quando a gente realmente quer, a gente consegue produzir”, resumiu o presidente da Associação Comercial e Industrial de Livramento, Sérgio Oliveira, representando o pensamento do grupo que integra a Missão Empresarial.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.