Protagonistas registram impressões com trabalho

Victor Hugo Argiles e Luis Eduardo D’Ávila

Ao vivo, a rádio RCC FM e a reportagem do jornal A Plateia, procuraram os protagonistas do julgamento, buscando ouvir, in loco, as avaliações. É justamente esse clima, no momento dos fatos, entre 3h38 e 4h10min de 29 de fevereiro, que os profissionais procuraram captar.

Depois do anúncio oficial da sentença, por parte do juiz Frederico Menegaz Conrado, determinando a condenação de Edson Reina, o Xirica, a 21 anos de prisão por homicídio qualificado, o promotor José Eduardo Gonçalves, conversou com a reportagem da RCC FM e A Plateia, fazendo uma avaliação dos trabalhos. Gonçalves, ao manifestar sua satisfação com o resultado do julgamento, disse que, depois da exposição feita, comprovando a culpabilidade do réu, deu a lógica. O agente do Ministério Público confirmou que foi um trabalho árduo, em um caso que finalmente teve desfecho após 14 anos e outros dois julgamentos. “Quando as coisas correm dessa maneira, como ocorreram hoje, no tribunal do júri, a justiça é feita. É uma alegria imensurável e o apoio dos familiares da vítima, essa sua energia, em que pese todo o sofrimento dessas pessoas conforta e faz com que a gente tenha forças para continuar” – disse José Eduardo Gonçalves.

Atuando como assistentes à acusação, representando a família da vítima, os advogados Luis Eduardo D’ Avila e Victor Hugo Cunha Argilês também ressaltaram que o resultado estava dentro do esperado. “Saímos muito tranquilos, porque agora a família da Deise e a sociedade santanense encerram um momento triste na história de Livramento, com essa condenação” – diz. Registrou a satisfação com a paz que passa a viver a família da vítima com o resultado. Argilês acrescentou que a condenação era o único resultado possível para esse caso.

Jorge Flores e o promotor José Eduardo Gonçalves

A sentença condenatória do réu foi lida pelo juiz a partir das 3h38min, no salão do tribunal do Júri do Fórum de Livramento, fixando a pena de 21 anos de reclusão, inicialmente em regime fechado. Não há mais qualquer recurso, salvo, após análise dos advogados de defesa, seja possível solicitar a anulação do julgamento.Após a conclusão dos trabalhos, com a condenação do réu, o mesmo foi levado para a Penitenciária Regional de Sant’Ana do Livramento, onde cumprirá a pena determinada na sentença.

Juiz Frederico Menegaz Conrado, com o relatório de sentença na mão direita, disse que o saldo dos trabalhos foi 100% positivo. “Os trabalhos foram desenvolvidos com seriedade, lealdade, com respeito de parte a parte durante todo o tempo, embora com alguns momentos mais intensos na sustentação dos debates. Mas isso é inerente ao tribunal do júri, inerente aos procuradores, tanto defesa, quanto Ministério Público, que são calorosos em suas defesas de argumentos” – disse o magistrado. “Todos estão de parabéns, a comunidade de Sant’Ana do Livramento e, inclusive, a imprensa local” – mencionou. Menegaz Conrado afirmou que os trabalhos foram, a cada instante, conduzidos de maneira espetacular, fazendo questão de mencionar: “O resultado do julgamento é o resultado dos jurados”. Afirma que a abertura do fórum para a imprensa na transmissão do julgamento é inerente ao poder judiciário.

“É preciso sopesar o interesse público, porém, sem descurar a intimidade das pessoas que vão estar envolvidas no processo, como é o caso das testemunhas que prestaram depoimento. Acredito que conseguimos acolher o interesse de todos, concebendo a possibilidade de cobertura para os veículos de comunicação” – concluiu. O magistrado, que dentro em breve estará se transferindo para outra comarca, também fez agradecimentos a todos os presentes, passando pelos serventuários do Judiciário, operadores do Direito, profissionais de mídia dos veículos de comunicação de Livramento e de Rivera. Menegaz Conrado recebeu vários elogios pela forma como conduziu a sessão do tribunal do júri e, mais especificamente, pela abertura do judiciário à transmissão radiofônica ao vivo.

Henrique Bachio, da RCC FM, com Fernando Góes, da defesa

Questionado sobre o resultado do julgamento, o advogado de defesa Filipe Góes disse que para o réu foi muito ruim. “Acreditamos na inocência dele, acho que teve momentos do julgamento em que se formaram tendências; nós não sabemos a totalidade dos votos, pois a gente não permite” – disse ele. Góes trabalhou com seu pai na defesa de Xirica, e afirmou que em determinados momentos a defesa conseguiu formar tendências, “porém, o jurado é livre para julgar e o resultado foi indesejado”. Para ele, foi um trabalho leal, um sacrifício enorme por parte de todos.

“O trabalho do dr. Frederico foi excepcional e é isso o que queremos da justiça, aberto, com acesso, participação da mídia e meios de comunicação. Essa é a ideia central” – concluiu. Já o advogado Fernando Góes considerou uma batalha terrível e um resultado ainda mais terrível. “Está constituído o maior erro da história judiciária de Sant’Ana do Livramento. Não havia provas para condenar. Os jurados estavam com a cabeça pronta, influenciados pela grande mídia, como por exemplo esse caso

O advogado Filipe Góes, que integrava a bancada de defesa

recente em São Paulo, com 90 anos de condenação, depois o caso Nardoni, que foi escandaloso. Com isso, o trabalho em plenário fica reduzido a segundo ou terceiro plano, porque os jurados já vêm prontos para condenar” – explanou Fernando Góes. “Condenar o Xirica por causa de uma agenda, porque brigava com a namorada é um absurdo. É absurdo esse tipo de justiça no Brasil” – sentencia Góes.

 

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. jcfialho

    O Sr Fernando Góes está com o seu orgulho ferido pois, como ele mesmo disse durante o julgamento, o promotor José Eduardo Gonçalves era um perdedor e ele, Fernando Góes, um vitorioso em causas judiciais. Não foi isto o que aconteceu. O que esse senhor tem a fazer é descer do seu pedestal de areia e reconhecer que seu cliente é um psicopata e encaminhá-lo para tratamento, se é que adiantará alguma coisa.

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