Vereador fala sobre denúncia feita pelo Ministério Público

“Tenho esperança de ser inocentado porque o que fiz foi inconsciente”, afirmou o vereador Sergio Moreira

Sergio Moreira, ex-presidente do Legislativo municipal, disse acreditar na Justiça e espera provar sua inocência, mesmo sabendo que será julgado pela soberania da comunidade

 

O caso dos Combustíveis na Câmara de Vereadores de Sant’Ana do Livramento ganhou novos desdobramentos nesta semana, quando o Ministério Público ofereceu denúncia contra 13 pessoas envolvidas no que o próprio órgão convencionou chamar no seu site de “Farra dos Combustíveis”. O caso veio à tona ao longo de 2011, e apontou um suposto esquema em que parentes e amigos de Vereadores do Município abasteciam veículos particulares com dinheiro público em um posto conveniado ao Legislativo. Os denunciados, pelo crime de peculato, são os ex-presidentes da Câmara de Vereadores nos anos de 2010 e 2011, Bernardino Gularte Fontoura e Sérgio Nunes Moreira, respectivamente; dois servidores do Parlamento local e outras nove pessoas. Bernardino Fontoura foi denunciado, ainda, pelo crime de supressão de documentos. Um dos supostos envolvidos no caso, o vereador Sergio Moreira, recebeu a reportagem do Jornal A Plateia na tarde da última sexta-feira, na Câmara de Vereadores, para falar sobre o caso e apresentar a sua versão dos fatos.

Prática moral, porém, ilegal

“No início da nossa gestão, em 16 de março de 2011, eu solicitei um parecer à Procuradoria Jurídica da Câmara, no qual ela dizia que não existia legalidade nas doações de combustíveis, mas que essa era uma prática que sempre foi feita na casa. Se observarmos todas as legislações anteriores, vamos perceber que isso sempre ocorreu. Acentuou-se em 2010, quando foi vendida uma Van que tínhamos na Câmara. As entidades sempre solcitavam veículos para acompanhar uma cavalgada, por exemplo. Além disso, existem várias entidades das quais a gente sabe as dificuldades que enfrentam, por exemplo, as igrejas e os CTGs, e a gente não pode se omitir. Quando tínhamos condições de fazer o transporte, tínhamos uma legislação interna que dizia que o veículo da Câmara só poderia deslocar-se juntamente com um Vereador, e isso realmente acontecia. Isso eu entendo que seja moral. Tem muitas coisas que são ilegais, mas são morais. No nosso caso, na intenção de ajudar as entidades, acredito que seja moral. Isso vai passando de pai para filho. Fui vice-presidente em 2009, por exemplo, e quando o presidente viajava, tinha que ter o requerimento. Das minhas doações, eu tenho os requerimentos de todas as entidades para mostrar”, afirmou Moreira.

O passado

“O que está sendo discutido é o ano de 2010 e 2011, mas se forem analisados os anos anteriores, isso vai ser encontrado. Essa era uma prática comum (doações para entidades). Isso sempre aconteceu. Agora, eu tenho a tranquilidade de dizer que regrei esses atos nos três primeiros meses do meu mandato, e ainda devolvi com juros e correção monetária os valores que por mim foram doados. Tenho a tranquilidade de dizer que o meu erro foi reparado e procuramos ajudar de uma certa forma a comunidade. Se eu for punido por ter ajudado a comunidade, as entidades, eu fico tranquilo, sabendo que fiz de boa fé. No momento que tive conhecimento, tomei as providências cabíveis de imediato”, disse o vereador.

Política

“Confio na justiça e espero poder provar a minha inocência. Meu futuro político eu digo que está nas mãos do povo. O povo é soberano e as pessoas que me conhecem têm a tranquilidade de dizer que este vereador sempre agiu corretamente. Se cometi esse deslize, espero já ter reparado. Eu prezo o trabalho da imprensa, porque nunca escondi nada. Fico triste quando não tenho como responder, por isso sei que as pessoas vão entender”, disse.

Bernardo Fontoura

Também procurado pela reportagem, o advogado Claudio Munhoz disse que seu cliente somente irá se pronunciar após ter conhecimento do teor da denúncia oferecida pelo Ministério Público.

Por Cleizer Maciel
cleizermaciel@jornalaplateia.com

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