Número de feriados em 2012 acende discussão sobre abertura do comércio

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, tema somente será discutido depois de fechadas as convenções coletivas. Do outro lado, o Sindilojas acredita na negociação

Cidade poderá ter ruas cheias de turistas, mas comércio de portas fechadas

Dezessete. Esse é o número que vai pairar na cabeça de empresários e trabalhadores ao longo de 2012, e que significam exatamente a quantidade de feriados que estão marcados oficialmente no calendário. A quantidade de dias que o comércio de Sant’Ana do Livramento, no primeiro momento, permanecerá com as portas fechadas não seria problema se as datas coincidissem com os domingos.

 

Ao contrário disso, a maioria dos feriados deverá cair na sexta-feira, quinta-feira, sábado, segundas e terças-feiras, o que remete a comércio fechado e um grande número de turistas vindo de outras cidades para Sant’Ana do Livramento, apenas para cruzar para a lado uruguaio da Fronteira e assim poder fazer as suas compras. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, João Carlos Gonzales, esse é um tema que precisa ser discutido para ter a ideia amadurecida com serenidade.

Sindicato dos Comerciários

“Muitos trabalhadores trabalham grandes quantidades de horas por dia. É compreensível que estes queiram descansar nos feriados. É preciso levar em conta, também, o número de mães que somente conseguem trabalhar porque seus filhos ficam nas creches. Nos feriados, as creches municipais e particulares não abrem. Então, como vamos pedir que uma mãe deixe seus filhos com outras pessoas com quem não estão acostumados?”, questionou João Carlos. Segundo ele, a primeira meta do Sindicato é conseguir fechar as convenções coletivas. “Fechamos com o comércio varejista todo, com os supermercadistas, mas não conseguimos fechar com o maior hipermercado instalado na cidade. Eles não aceitam pagar o mesmo piso que as outras empresas estão pagando aqui. Então, não podemos nem pensar em negociar os feriados enquanto outros setores estão sem fechar a convenção. Não podemos chamar os trabalhadores quando alguns segmentos ainda não fecharam as negociações. Os feriados, basicamente, se dão em cima da decisão dos trabalhadores que optam por trabalhar, ou não. Mesmo assim, se for o caso, depois das convenções todas fechadas, e quando procurados pelo Sindilojas, aí vamos sentar e conversar. Por enquanto, temos trabalhadores aqui que trabalham em empresas que não aceitam o reajuste que outras já aceitaram. Outro ponto é a proximidade que estamos da possibilidade de ter aqui em Livramento os free shops. Aí sim, a realidade seria outra. Por enquanto, ainda é uma negociação difícil. Não há de se negar que fizemos uma negociação razoável recentemente para categoria com muita sensibilidade do Sindilojas e dos supermercadistas daqui, com exceção de uma empresa de fora, que deixa claro que é de fora mesmo”, afirmou ele.

João Carlos Gonzales disse que, mesmo diante das questões que precisam ser debatidas, o entendimento se dará a partir de propostas que serão apresentadas pelos sindicatos patronais. “Nós aqui de Livramento compramos muito pouco em Rivera. Os clientes daqui, são apenas daqui. Hoje não temos clientes de fora que venham comprar aqui. Agora, a partir do momento que tenhamos uma área de livre comércio, aí sim entendo que os trabalhadores precisarão ser mais sensíveis. Hoje, por decisão da categoria, o comércio permanecerá fechado nos feriados. Claro que isso não pode ser para toda a vida, e entendo que os trabalhadores entenderão a necessidade de mudar quando se apresentar a necessidade. Os feriados sempre existiram a cada ano, mas temos trabalhadores que trabalham quase todos os dias. No feriado é complicado pedir que trabalhem, porque essas pessoas precisam também atender as suas famílias”, frisou João Carlos, ao dizer que a remuneração não descansa o trabalhador. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Sant’Ana do Livramento disse que irá esperar pelo posicionamento do Sindilojas para tratar sobre o tema.

Sindilojas

Procurado pela reportagem de A Plateia para se pronunciar sobre o tema, o presidente do Sindilojas – Sindicato dos Lojistas de Sant’Ana do Livramento, Pablo Escosteguy, disse que a ideia anterior era já ter colocado o tema “feriados” em discussão dentro da categoria, o que, segundo ele, não foi aprovado no momento oportuno. “Queríamos ter deixado essa negociação agendada para o ano todo, mas não foi possível. Sendo assim, na véspera de cada feriado, vamos sentar para negociar. Acredito que não vamos correr atrás de todos os feriados e que alguns como Dia dos Pais e Dia das Mães, o comércio poderá funcionar tranquilamente”, informou o presidente.

Pablo Escosteguy disse ainda que acredita na necessidade de uma negociação consciente de ambos os lados para que os resultados sejam satisfatórios para empregados e patrões. “Se o nosso caminho é sonhar com um futuro turismo de compras próximo, quem sabe já não começamos agora a alicerçar? Temos estados no Brasil que abrem normalmente boa parte dos dias do ano. Acho que a gente tem que saber a necessidade de mudar a nossa cultura nesse sentido”, disse. Questionado sobre uma possível campanha de conscientização deflagrada pelo Sindilojas, o presidente disse que a busca agora é por maior união dos empresários para discutir temas relevantes como o dos feriados, por exemplo.

Por Cleizer Maciel

 

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