Os combustíveis fósseis na mira da COP – 17

Uma semana depois de iniciado encontro da ONU sobre mudança climática, Fundo Verde e metas claras para reduzir emissões de CO² parecem distantes. A presidente, Dilma Rousseff, defendeu na abertura no dia 06.12.11 a aprovação do segundo período de vigência do Protocolo de Quioto. Foi uma espécie de recado às discussões entre diversos países que participam da 17ª Conferência das Partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-17), em Durban, na África do Sul.

Essa é a posição do Brasil e nós consideramos que isso seria essencial, definiu Dilma, no Palácio do Planalto. O Protocolo de Quioto foi o primeiro acordo global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no mundo. O primeiro período de compromisso, estabelecido pelos países, vai de 2008 a 2012.

Para a presidente, é necessária uma decisão “adequada” da conferência sobre a questão do clima. “Em Copenhague [sede da Conferência do Clima em 2009, na Dinamarca] tomamos a iniciativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no horizonte de 2020 para 36% a 39%. Estamos vendo uma situação um tanto problemática nessa área, do ponto de vista das decisões tomadas em Durban”, avaliou Dilma.

O documento de preservação climática foi assinado em 1997, entrando em vigor no ano de 2005. O protocolo estabeleceu compromissos legais de redução de emissões de gases do efeito estufa para 37 países desenvolvidos, com a exceção dos Estados Unidos, que sempre se recusou a assiná-lo. Nações em desenvolvimento, como o Brasil, exigem a extensão do acordo, mas Rússia, Japão e Canadá já disseram que não renovarão o tratado enquanto seus concorrentes comerciais – China, Índia e Estados Unidos – não assumirem os compromissos.

Um dos fatores de maior influência no aquecimento global é a liberação de gases poluentes provocada pelo uso de combustíveis fósseis. Três tipos são usados em larga escala pelo planeta: carvão mineral, petróleo e gás natural. Entre os três, o carvão é o maior vilão. Ainda assim, e apesar dos sinais cada vez mais preocupantes da mudança climática, o uso desse combustível parece longe de ser substituído por alternativas menos poluentes.

A queima de carvão para obtenção de energia produz efluentes altamente tóxicos como, por exemplo, o mercúrio e outros metais pesados como vanádio, cádmio, arsênio e chumbo. Além disso, a libertação de dióxido de carbono causa poluição na atmosfera, agravando o aquecimento global e contribuindo para a chuva ácida. Na década de 1950, a poluição atmosférica devido ao uso do carvão causou elevado número de mortes e deixou milhares de doentes em Londres, durante “o grande nevoeiro de 1952″.

Por ser barato e abundante, o carvão ainda é uma alternativa muito atraente do ponto de vista econômico para as empresas fornecedoras de energia elétrica… O erro político mais grave, porém, é o de sentido oposto. Há quem julgue que o aquecimento global é ficção inventada por ONGs dos países ricos para constranger as nações “em desenvolvimento” a reduzir sua atividade econômica e perder oportunidades. Orientada por um desenvolvimentismo arcaico, esta visão fecha os olhos a fenômenos que já estão em curso. As consequências não virão em décadas: estão diante de nós.

 

Carlos Alberto Potoko

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