Pouco mais de trinta professores participaram, ontem, da assembleia de greve

Direção do Cpers em Livramento acredita que o movimento deverá crescer em adesões com o passar dos dias, tese esta contrariada pela 19ª Coordenadoria Regional de Educação

Uma greve de adesões parciais, sinais de enfraquecimento por parte da categoria e números que ainda faltam ser desvendados e que revelarão, talvez já nesta terça-feira, o real efeito da ação dos professores da rede estadual de ensino no Rio Grande do Sul.

Durante todo o dia de ontem, as informações ainda confusas fizeram com que pais e alunos precisassem fazer opções entre ficar em casa ou rumar para as escolas em Sant’Ana do Livramento. Durante todo o dia, a reportagem de A Plateia tentou entrar em contato com os principais personagens de mais um capítulo na histórica luta do Cpers, e ouvir posições, opiniões, argumentos pró e contra o movimento paredista que tomou conta do Rio Grande do Sul e chegou também na Fronteira. Para a coordenadora da 19ª CRE – Cordenadoria Regional de Educação, Meire Garagorry, a discussão não deve se dar em cima do direito dos trabalhadores de fazer ou não a greve, mas sim do momento, que é considerado por muitos como inoportuno.

Número baixo de adesões em Livramento foi refletido na assembleia de ontem, na Sociedade Espanhola

CRE

 

Procurada no sábado, a Coordenadora da 19ª Coordenadoria Regional de Educação, Meire Garagorry, havia pedido um tempo maior, concedido até esta segunda-feira, para se pronunciar a respeito da greve.

Segundo a coordenadora, reuniões estavam marcadas, e ocorreram, ao longo de toda a manhã, inclusive com presença de representantes do Cpers Sindicato, onde foram tratadas questões referentes à greve. “Hoje, fizemos uma reunião com os professores e recebemos a visita do sindicato. Foi produtivo porque tivemos um diálogo bastante respeitoso e deu para ver bem de perto a situação, tanto nós, quanto a direção do Cpers”, afirmou ela.

A coordenadora afirmou, ainda, que em todo o município está clara a situação das escolas que não paralisaram completamente e algumas, em sua maioria, estão com as atividades normais. “Temos pelo menos uma escola fechada e que fica localizada no interior do município, Escola Claudio Moreira. Esta, inclusive, é uma situação particular, porque independente do que possa ocorrer ao longo da semana, as aulas naquele educandário só voltarão ao normal na sexta–feira.

Nas demais escolas do município, a situação é parcial e com alguns professores que paralisaram de manhã ou de tarde. Nenhuma escola do centro está completamente fechada. Portanto, podemos afirmar que a greve em Sant’Ana do Livramento é parcial. Quanto às questões da exigência do sindicato, nós, enquanto governo, recebemos 17 itens de pauta e o governo já atendeu 16. O único item que não foi atendido ainda é o piso, o qual o governador deverá apresentar uma proposta de pagar parcelado”, frisou ela. Ainda de acordo com a coordenadora, há uma questão de orçamento que não permite que seja feito esse pagamento (do piso nacional da categoria), ainda esse ano. “Para o ano que vem, já estão previstos R$ 400 milhões para a educação e agora o governador deverá destinar R$ 500 milhões. Com concurso público e com o desconto que estamos pagando da greve da Yeda de 2008 e 2009, mais 10,9% que estamos dando nesse primeiro ano, é um indicativo de muito respeito e consideração. Eu espero mesmo que haja a sabedoria e a consciência e o respeito à democracia. Não queremos desqualificar o sindicato, mas também não queremos criar um problema para os estudantes, que não merecem. Espero que possamos sentar na mesma mesa para chegar a um bom termo”, afirmou Meire Garagorry

23° Núcleo do Cpers

Os professores que aderiram à greve estiveram reunidos na tarde de ontem, na sede da Sociedade Espanhola, no centro de Livramento. Para o diretor do 23° Núcleo da Cpers, Neimar Quines, em todas as escolas tem professores parados e a tendência é que com o passar dos dias os números aumentem.

Ontem à tarde, o diretor do Cpers falou com a reportagem de A Plateia e fez a primeira avaliação da greve deflagrada na última sexta-feira e que iniciou ontem em todo o Estado. “É evidente, a nossa greve não foi grande em sentido de adesão, mas em todas as escolas ela causa estragos e dificuldades aos diretores para conseguir atender ao andamento normal. Ontem, estivemos na escola Julho de Castilhos, e esta fechou o seu turno da tarde fazendo a dispensa de todos os alunos. Essa greve vem tendo um crescimento. O nosso movimento irá se manter. Seguimos acreditando que na medida em que conseguirmos reunir todos os colegas, teremos um movimento satisfatório”, frisou ele. Ao ser questionado sobre os primeiros números da greve, Quines disse que seria preciso esperar um pouco mais para obter respostas mais precisas, até porque novas adesões eram esperadas para as próximas horas. “Não temos percentuais claros de paralisações. Hoje, muitos professores com contratos emergenciais ficam com medo das represálias do governo do Estado e não aderem às paralisações, isso dificulta as nossas ações e faz com que, hoje, as escolas em sua grande maioria tenham em suas lotações de professores, cerca de 50% a 60% feita por professores contratados, o que acaba dificultando a estes a adesão, porque faz com que temam por seus empregos, e nós compreendemos isso. Em todas as escolas existe paralisação e em algumas com turnos fechados”, disse.

Ao falar da afirmação do secretário de educação que disse não ter verba para pagar o piso neste ano, Neimar Quines salientou que há uma portaria editada em 2011 que define critérios claros e objetivos para que os governos dos estados façam suas reivindicações ao governo federal solicitando o aporte de valores para que façam o pagamento do piso. “Ou seja, se o governo do Estado obedecer à constituição e fizer sua parte, terá como efetuar o pagamento”, declarou. Sobre os pais e alunos que se posicionaram contra a paralisação, Neimar disse que as manifestações são, sim, relevantes, e no momento certo serão levadas em consideração.

“Ouvimos as manifestações dos pais, mas o governo do Estado nos ameaça com duas armas, uma de avaliação dos professores e outra de mudança no ensino médio, e isso não podemos aceitar de um governo popular, que tanto cobrou dos outros governos e da sociedade sobre a participação em discussões. Onde estão os ditos parâmetros que anteriormente eram usados por esse partido que hoje encabeça o governo do Estado? Eles hoje não mais precisam consultar a população para implementar as mudanças necessárias? Gostaríamos que os pais entendessem que nesse momento o governo do RS tenta mexer no ensino médio, o que trará uma prejuízo profundo para a educação. Fizemos nesse momento porque o governo do Estado não nos dá outra alternativa, e faz as coisas de forma ditatorial. Não só os filhos dos pais que se queixam agora que poderão ter um futuro melhor, mas de todos os trabalhadores deste Estado”, finalizou o diretor do 23° Núcleo do Cpers, Neimar Quines.

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