Desembargador Bráulio Marques abre a Semana do Advogado falando sobre Mídia e Criminalidade

Conselheiro Carlos Thomaz Albornoz, desembargador Bráulio Marques, radialista Fernando Moura; presidente da subseção, Luis Eduardo D’Ávila, e advogado Gilbert Gisler

Teve início ontem, na Casa do Advogado, a 5ª Semana do Advogado de Estudos Jurídicos, uma promoção da diretoria da OAB subseção de Sant’Ana do Livramento, evento também alusivo às comemorações da Semana do Advogado. Ontem à noite, no auditório Dr. Lúcio Soares Neto, após o cerimonial de abertura, o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado Dorval Bráulio Marques foi o dissertante, com uma palestra que abordou especificamente o tema Mídia e Criminalidade. Logo após à palestra de Marques, foi realizado um coquetel de confraternização, marcando a integração entre os participantes, alusivo à Semana do Advogado, no salão de festas da subseção.

O desembargador chegou à cidade e foi recepcionado pelos integrantes da diretoria da subseção local da OAB e esteve participando do programa Canal Livre, da RCC FM, comandado por Fernando Moura, ao meio-dia de ontem. Marques foi acompanhado pelos advogados Luis Eduardo D’Ávila, presidente da seccional local; Carlos Thomaz Albornoz e Gilbert Gisler.

O desembargador adiantou alguns pontos da palestra proferida ontem à noite.

Advogado e professor, Dorval Bráulio Marques falou sobre elementos de sua tese de Mestrado, a Mídia e a Criminalidade. O palestrante enfatizou que todos os cidadãos, de uma ou outra forma, sofrem a influência da mídia, havendo incidência também em relação à criminalidade, pauta constante dos veículos de comunicação. “Tenho com Livramento uma relação de amor muito grande, pois quando sonhei em criar asas na política do Rio Grande do Sul, depois de Alegrete, vim plantar a semente do meu sonho em Livramento, pela mão do meu querido e saudoso amigo Oriovaldo Grecellér. Fui eleito deputado constituinte e não esqueço que foi aqui, pela votação que tive, pela forma com que fui recebido, que solidifiquei essa possibilidade de ser o que eu sou. Sou profundamente agradecido a esta gente, a estes amigos de Sant’Ana” – disse ele.

ENTREVISTA

Dorval Braulio Marques – DesembargadorNaturalidade: Uruguaina, RS.Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Santo Ângelo, em 1973. Pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica/RS, em 2001.Atuou como Advogado nas áreas Cível, Administrativa e Criminal. Foi Professor da Faculdade de Direito da Ritter dos Reis; da Escola Superior do Ministério Público; da Escola Superior de Advocacia; e da Escola Superior da Defensoria Pública. Desde 2001, leciona no Centro Universitário La Salle.Foi Deputado Estadual Constituinte de 1988 a 1990. Em 1998, foi membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/RS.É membro do Conselho Superior de Polícia e do Corpo de Palestrantes da Escola Brasileira de Gestão Pública (EGEP), membro fundador do Instituto de Estudos Jurídicos da Atividade Rural (IEJUR) e do Instituto Transdisciplinar de Estudos Criminais (ITEC).Produção Acadêmica:“O Crime, a Criminalidade, e o Sistema Judicial” (Dissertação de Mestrado PUC)“A Mídia como Filtro do Fato Social” (Ensaios Penais em Homenagem ao Professor Alberto Rufino Rodrigues de Souza)“A efetividade da Norma Penal: Abordagem Psicanalítica” (Ensaio, no prelo)

AP – Que papel ou papéis exerce a mídia?

Marques - Quando meu filho Jader Marques me incentivou a fazer pós-graduação, comecei a me preocupar porque já não tinha mais condições de acompanhá-lo em seus raciocínios jurídicos. Sou como Gandhi, o líder da família. Onde eles vão, vou atrás. Fiz mestrado em Ciências Criminais e minha dissertação foi sobre a mídia, em todos os aspectos. Tenho feito várias palestras enfocando o papel da mídia em vários aspectos, econômico, social, político e esse da criminalidade permeia todos os demais em função de que a crítica que eu faço tem um viés ideológico, óbvio, e cientificamente eu monitorei uma pesquisa para fazer uma crítica da mídia quando pauta a violência da forma como pauta e isso possibilita que todo o fato traumático, vamos dizer assim, nos incentiva à curiosidade. Quase que natural, é isso. Este poder de nos interessar exacerbadamente, na forma como é colocado para a mídia, impede nossa percepção para outros fatos de reais importâncias, como o fator econômico, o educacional, nossa problemática de saúde, política, ficam em segundo plano. Assisti, hoje, o programa da rede Globo, Mais Você. Estranhei porque os 10 primeiros minutos foram de fatos já antigos, todos violentos. Vários outros assuntos que, ao sairmos de casa, poderiam surgir, ficaram em segundo plano. Esse é um aspecto.

AP – Qual o outro aspecto preponderante em sua análise?

Marques – Outro, a forma de se pautar a violência. Leio e recorto vários jornais. Um jornal fez um mapa do Rio Grande do Sul, região por região, mostrando cidade por cidade e dizendo: aqui temos problemas, aqui falta policiais; ali não há viaturas; acolá não há delegado; ali tem só dois brigadianos; em outra a delegacia está sem telefone. A quem interessa, na forma como foi pautada, essa reportagem? O foco foi a crítica ao sistema de segurança estadual, mas, na prática, isso é um instrumento para a marginalidade. Quem se beneficiou dessa reportagem? O bandido, claro. Ele usa essas informações.

AP – E a Justiça?

Marques – Todas as demais instituições da cadeia penal se intoxicam com a mídia que pauta a violência como prioridade 1. Temos exemplos muito claros.

AP – Cite um exemplo:

Marques - O sequestro relâmpago. Em cinco anos, no início da década de 90, sequestraram no Rio e São Paulo, 125 pessoas, em crimes de maior repercussão, e no entanto o menor e abrangência. Imagina se se importassem com latrocínio, homicídios, etc… Essas 125 ocorrências determinaram uma transformação de mentalidade em todo o Brasil. Começaram a trancar as casas, utilizar cercas de ferro, grades, cercas elétricas, em Alegrete, em Tucunduva, começaram a blindar carros e os instrumentos de segurança surgiram em uma velocidade incrível pela oportunidade de valorar a segurança por causa dos sequestros. A violência pautada pelos grandes meios não faz uma análise seletiva.

 

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