Simas na luta pela valorização do carvão mineral

Elifas Simas está à frente da CRM desde janeiro

A necessidade de manter a luta para que a geração termelétrica a carvão mineral seja incluída no projeto da matriz energética nacional é um alerta constante do presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), o ex-prefeito Elifas Simas. Apesar da decisão do governo federal de deixar o carvão mineral de fora dos leilões A-5, mesmo com toda a campanha do Sul em favor de sua valorização na geração de energia, Simas quer desenvolver ações que contribuam para elevar a participação do carvão mineral na matriz energética do Estado dos atuais 2% para 5,5% do total até 2023. À frente da CRM desde 18 de janeiro, ele falou à reportagem sobre essa luta e também avaliou esses primeiros meses à frente da estatal.

Entrevista

A Plateia - Como o sr. avalia esses primeiros meses à frente da CRM?

Elifas Simas - A nossa avaliação desses primeiros meses é muito positiva. No aspecto operacional, nesse período adquirimos quatro caminhões, duas perfuratrizes e uma carreta semirreboque para a mina de Candiota, em um investimento de R$ 11 milhões. A aquisição desses equipamentos integra o plano de expansão daquela unidade, diminuindo o processo de terceirização e contribuindo para que a CRM se torne cada vez mais fortalecida e pública.

Já no aspecto político, visando o fortalecimento da utilização do carvão como gerador de energia, apoiamos o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Aproveitamento do Carvão Mineral, pela Assembleia Legislativa. A chegada do tema ao parlamento gaúcho vai proporcionar um avanço na discussão envolvendo a comunidade do Rio Grande, devendo trazer importantes resultados na geração de emprego e renda. Também apoiamos a instalação de igual frente na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, assim como o movimento pró- -carvão, iniciado no Sul do Estado e que tende a se ampliar. Além disso, participamos de audiências públicas com o governador Tarso Genro e com o ministro das Minas e Energia, para quem foi entregue uma nota técnica elaborada com a participação da CRM, demonstrando o potencial estratégico do carvão mineral.

A Plateia - Como recebeu a decisão do governo de não incluir o carvão nos leilões A-5?

Elifas Simas - Como uma dificuldade a mais na luta em favor do aproveitamento dessa riqueza mineral abundante em nosso Estado. Hoje, apenas 2% da matriz energética do país é baseada no carvão, contrariando a tendência mundial que já chega a 39%. Só aqui no Rio Grande do Sul estão localizadas 90% das reservas nacionais, o que representa 5,376 bilhões de toneladas. Se as térmicas tivessem sido colocadas no leilão A-5 teríamos no Estado a geração de 2550 megawatts, o ingresso de R$ 8 bilhões na economia e a criação de cinco mil empregos diretos e indiretos em regiões fortemente necessitadas – a Metade Sul do Estado (Candiota e Cachoeira do Sul) e Baixo Jacuí (região carbonífera).

A Plateia - Quais as perspectivas para a Companhia?

Elifas Simas - A Companhia Riograndense de Mineração está preparada para atender novas usinas termelétricas através de suas jazidas em Candiota e na região do Baixo Jacuí, multiplicando o crescimento e o desenvolvimento nas regiões onde está inserida, além de conferir maior confiabilidade ao sistema energético. Hoje, a CRM conta com tecnologia suficiente para fortalecer a utilização dessa riqueza natural no Estado, com investimentos em recuperação ambiental e programas sociais, ampliando o potencial multiplicador do carvão gaúcho para geração de empregos, desenvolvimento e qualidade de vida. Nesse sentido, para reduzir impactos ambientais, e com a extração do carvão, a CRM trabalha na construção de uma planta-piloto de beneficiamento de carvão a seco na mina de Candiota. O sistema será baseado em tecnologia utilizada na Alemanha e buscará diminuir as emissões de gases e cinzas na queima do insumo, além de aumentar o seu poder calorífico.

Consciência ambiental

A CRM considera o meio ambiente um fator relevante em todas as etapas de produção de suas unidades mineiras, considerando-se comprometida com a preservação e o equilíbrio ambiental. “Nesse sentido, procura associar a produção de um bem mineral essencial para o desenvolvimento humano com as mais modernas técnicas de preservação ambiental”, destaca o engenheiro Edson Beltrame de Aguiar, assessor de Meio Ambiente. Segundo ele, mesmo antes do surgimento das leis ambientais, a CRM já iniciava os primeiros trabalhos de recuperação de solos em áreas de mineração de carvão. A área da Boa Vista, em Minas do Leão, incorporou a recuperação do solo em sua operação de mineração a céu aberto já antes da década de 80. Em 1981, a Mina do Iruí, em Cachoeira do Sul, já operava com recuperação concomitante do solo, uma das experiências mais bem sucedidas da empresa. Em Candiota, os primeiros experimentos de revegetação de áreas mineradas ocorreram em 1980.

Atualmente, a Companhia desenvolve uma série de projetos visando reduzir os impactos ambientais. Conforme o assessor de Meio Ambiente, a CRM também busca compensar o passivo ambiental trabalhando na recuperação de 65 hectares de solo na Malha 1 e de cerca de 300 hectares na Malha 2 de Candiota. Durante o ano de 2010, a CRM investiu um total de R$ 926.165,71 em projetos de meio ambiente. Para 2011, a CRM prevê investimentos no valor de R$ 1.170.388,00 em projetos de Recuperação Ambiental, EIA/RIMA e SGA. A geração de energia a partir do carvão mineral, com a aplicação de tecnologia atualizada, é ambientalmente aceitável, além de ser uma alternativa técnica e economicamente viável, principalmente na jazida de Candiota, que possui as condições geológicas mais favoráveis do país.

Energia e desenvolvimento social

A Companhia Riograndense de Mineração (CRM), empresa de economia mista controlada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, é detentora de grande potencial energético sob a forma de reservas de carvão mineral no local de origem. São cerca de três bilhões de toneladas distribuídas em áreas ainda em fase de pesquisa e áreas com titulação de lavra já consignada pelo órgão regulador federal. Suas unidades mineiras em atividade estão situadas nos municípios de Minas do Leão e Candiota, com exploração a céu aberto.

Originária do Departamento Autônomo de Carvão Mineral (DACM), criado em 1947 visando à exploração industrial e comercial e o beneficiamento de carvão mineral para abastecer a viação férrea do Rio Grande do Sul, a CRM passou a existir em 1969. Em outubro daquele ano, diante da necessidade de maior flexibilidade operacional frente às perspectivas de expansão da produção, o DACM se transformou na Companhia Riograndense de Mineração, hoje vinculada à Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado do Rio Grande do Sul.

 

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