Conservação ambiental aliada à geração de renda
Localidade do Caverazinho, em Rosário do Sul, sediou a realização do evento com mais de 70 pecuaristas
Práticas conservacionistas de manejo do campo nativo foram apresentadas durante o Dia de Campo, do projeto RS Biodiversidade, na última quarta-feira, em Rosário do Sul. A atividade aconteceu na propriedade de Edson Nunes Paulo, na localidade do Caverazinho, e reuniu mais de 70 pecuaristas familiares.
Participaram do evento produtores das mais variadas localidades em âmbito de município e região, segundo informou a organização do evento.
A abertura do Dia de Campo foi realizada pelo produtor Paulo, que destacou a importância de mostrar os benefícios da produção animal aliados à preservação ambiental.
O produtor conta que a ideia de criar bovinos e ovinos em sistema rotacionado surgiu há mais de dez anos.
“Quando decidi morar aqui, vi que precisava tirar o máximo desta terra para viver. Precisava fazer alguma coisa que valesse a pena”.
Foi então que resolveu dividir o campo em grandes piquetes. Com o tempo, o produtor foi se aperfeiçoando e vendo que era possível melhorar. “Encarei, acreditei que era possível”, afirma.
Na sequência, o técnico da Emater/RS-Ascar Moacir Wesz Bonotto apresentou o projeto RS Biodiversidade, que visa à conservação e recuperação da biodiversidade através do uso sustentável dos recursos naturais, com o objetivo de promover o desenvolvimento regional. “O campo nativo é o recurso mais nobre dentro da propriedade”, afirma.
Bonotto falou ainda sobre as características do pecuarista familiar e salientou que Rosário do Sul é um dos municípios da região com o maior número de criadores, por isso a importância de levar informação a esse público e incentivá-lo a explorar os recursos de forma racional. O manejo do campo nativo, além de beneficiar a área piqueteada, colabora no beneficiamento do restante da propriedade.
O pastejo rotacionado auxilia também no desempenho animal, já que há maior oferta de forragem durante todo o ano, inclusive no inverno.
Os resultados quanto ao desempenho animal e controle reprodutivo, foram apresentados pelo produtor Paulo e pela médica veterinária da Emater/RS-Ascar, Mônica Foldenauer.
O escore corporal foi desejável, variando de três a quatro, “já a taxa de prenhez foi excelente em vacas solteiras, resultado da boa oferta de pasto em todos os períodos do ano”, esclarece Mônica.
A médica veterinária explica que a principal preocupação dos pecuaristas familiares é com a diminuição da criação, no entanto, ela afirma que “é possível manter uma lotação boa e melhorar o campo nativo”. Na propriedade de Paulo são 68 hectares de área útil, com 130 bovinos, 95 ovinos e dois cavalos.
Nesse sistema, Paulo possui 1,61 unidades animal por hectare, exemplifica.
Já para o produtor Paulo, “o interessante do sistema rotacionado é que ele possibilita que as áreas melhorem com o tempo. Ele não faz milagre, é uma ferramenta de trabalho”.
Manejo do campo nativo
Por fim, o zootecnista da Emater/RS-Ascar,Fábio Eduardo Schlick, falou sobre o manejo do campo nativo e fez uma avaliação sobre a oferta de forragem. Schlick também apresentou algumas espécies nativas que surgiram na propriedade. O zootecnista afirma que é preciso saber o quanto os animais precisam comer, para assim dispor a quantidade suficiente. Os bovinos de corte, em média, consomem 2% do peso vivo em matéria seca.
“Os animais não consomem 100% do que está ali, pois primeiro eles consomem a folha, por isso devem receber três a quatro vezes o que eles precisam”, explica.
Os pecuaristas familiares foram bastante participativos, esclareceram dúvidas e demonstraram interesse em implantar o sistema.
Segundo o produtor Ely Coelho de Mello, que possui uma Unidade Demonstrativa do projeto RS Biodiversidade, muitos pecuaristas ainda desconhecem o sistema e duvidam da eficácia do piqueteamento, mas ele garante, “enquanto os outros falam e criticam, a gente cresce” – pontua.