Realocação será nos dias 19 e 20
Ordeiramente, sob conferência de identidade por parte de oficiais de Justiça e fiscais da Prefeitura Municipal, os camelôs serão alojados em seu futuro ponto de permanência: o terreno ao lado do cine Internacional, que outrora serviu como estacionamento.
Será assim, nos dias 19 e 20 de maio, a partir das 8h, o procedimento com que os camelôs estarão sendo realocados seguindo uma ordem numérica. O processo, segundo explicou a juíza Carmen Lúcia Santos da Fontoura, na audiência de ontem à tarde, ocorrerá com uma frequência pré-estabelecida e previamente ajustada com a Prefeitura Municipal.
No dia 19, iniciando às 8h e findando às 17h, será feita a mudança de dez em dez tendo de 2 em 2 horas para a realização do procedimento. O mesmo valendo para o dia seguinte, 20 de maio.
Nos portões do novo local estarão posicionados os fiscais da Prefeitura Municipal, em conjunto com oficiais de Justiça. Circundando, a fim de garantir a tranquilidade e a segurança, estarão policiais da Brigada Militar, com respaldo da Polícia Federal.
Na prática, aqueles que não estiverem previamente listados – em total de 80 – e devidamente regularizados, não terão acesso ao local. Essa medida, conforme a magistrada, tem como finalidade salvaguardar os trabalhadores que hoje, precariamente, estão à margem da praça General Flores da Cunha.
Cerca de 120 pessoas – 90 delas camelôs e seus familiares- além de um efetivo do Pelotão de Operações Especiais (POE), da Brigada Militar e agentes da Polícia Federal e autoridades participaram da audiência pública iniciada na tarde de ontem, às 13h30min, com o cadastramento dos trabalhadores da linha divisória e, a partir das 14h30min, com a formalização da audiência instrutiva.
Os microempreendedores individuais acompanharam uma explanação inicial, realizada pela juiza Carmen Lúcia Santos da Fontoura, que fez um resgate dos passos do processo e explicou o motivo de não ter condições de conceder mais prazo – haja vista a insistência da Associação em obter entre 90 e 120 dias mais para fazer as bancas.
“Aceito com muita naturalidade todas as críticas, imagino a angústia de cada um de vocês, mas fico triste, chateada, porque vocês pensaram que havia desejo de tirar seus trabalhos” – disse. Para a juíza, mais uma semana é necessária em função da necessidade da área organizada, pois o Município concluiu a concretagem sábado e algumas medidas administrativas são necessárias para a mudança com tranquilidade e segurança. “Foi um acerto entre Ministério Público, Município e Judiciário. Na quinta-feira, o Município derverá revogar o decreto que torna legal a permanência dos camelôs na avenida João Pessoa e edita novo decreto, prevendo que seja feita a mudança e autorizando o uso da área por parte, somente daqueles que estão cadastrados e legalizados” – disse a juíza. O Município vai expedir um alvará para cada um deles, conforme a juíza. Carmen Lúcia Santos da Fontoura advertiu. “Quem não for, não terá mais licença para realizar atividades na avenida João Pessoa” – refere.
“As coisas ficaram muito bem esclarecidas, após esta audiência, pois o interesse foi fazer uma audiência com todos eles, não com sua associação, para que se pudesse transmitir, individualmente, qual é nosso objetivo. Em nenhum momento se teve a intenção de prejudicá-los ou tirar deles sua força de trabalho. Ao contrário, a intenção sempre foi buscar uma solução pacífica para a situação, como disse a eles no início da audiência. Entendo como natural todas as críticas, todas as discussões envolvendo esse processo. Isso é natural” – disse a juíza.
Fernanda Broll de Carvalho, promotora titular da ação, elogiou a atitude da magistrada e sua transparência, bem como reconheceu o envolvimento de Carmen Lúcia Santos da Fontoura. “Ela foi além do jurídico, do previsto em lei, sua preocupação foi com o ser humano e como tal, também, percebe a angústia e a responsabilidade do Ministério Público, Executivo e Judiciário, em prol de solução menos confllitiva. Houve peocupação social. Vejo que de todas as maneiras foi tentada solução pacífica, que atende os interesse dos vendedores e da necessidade do reordenamento urbano” – disse.
O delegado da Polícia Federal, Alessandro Lopes, elogiou o empenho da magistrada e da promotora para encaminhar solução para a questão com observação da realidade social. Deixou claro que após a suspensão do decreto que está em vigência, aqueles que não estiverem no interior da nova área, estarão exercendo atividade irregular e, portanto, na ilegalidade.
O prefeito Glauber Lima anunciou que o projeto do Executivo é edificar uma estrutura vertical, sendo a parte térrea disponibilizada aos camelôs e a parte superior a ser construída deverá abrigar também praça de alimentação e provavelmente a Secretaria de Turismo.
O mandatário deixou claro que após a conclusão da área, o Executivo vai trabalhar junto com os microempreendedores individuais na construção das bancas, a partir do projeto arquitetônico elaborado pela Prefeitura.
”Teremos padronização e com o recurso do microcrédito que eles vão captar, vamos construir essa parte e, depois, edificar um primeiro e um segundo andar, onde queremos realocar outros profissionais e também ter um espaço público. Vamos ver a melhor forma: ou com investimento próprio, direto, do município, ou com parceria público-privada. Estamos próximos da solução definitiva” – manifestou o mandatário. Glauber Lima também se dirigiu aos camelôs solicitando que a retirada transcorra pacificamente e falou sobre o projeto que seu governo mantém para o local.
“Estive tratando em Brasília de um projeto de restauro da praça, já cadastramos no Sistema de Convênios do Governo Federal, que custa R$ 880 mil e sabemos que não deve baixar de R$ 1 milhão. Estamos buscando recursos e damos um passo importante, não como alguns gostariam” – sintetiza.
O presidente da Associação de Camelôs, Marco Andreoli, após realizar nova tentativa de prorrogação de prazo, questionou a juiza sobre as bancas, afirmando que muitas, pela condição, não poderiam ser removidas. A magistrada respondeu que essa era uma situação que os próprios trabalhadores deveriam resolver.