Pesquisa polêmica do IPEA divide opiniões

Respostas sobre violência e estupro apontam roupas femininas como uma das causas

Em pesquisa recente, o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada divulgou dados de uma enquete realizada com 3.810 pessoas sobre o tema “Violência Contra a Mulher” e dela extraiu seis perguntas com as seguintes respostas:

O caso Violência contra a mulher recebe mais importância do que merece? 22,4% concordaram e 73,1% discordaram. Quando há violência o casal deve se separar? 85% concorda e 12,6% discorda. Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia? 7% discorda e 91,4% concorda. Mulher que apanha deve ficar quieta para não prejudicar os filhos? 15,5% concorda e 82,1% discorda. Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas? 65,1% concorda e 32,4 discorda. Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros? 58,5% concorda e 37,9% discorda.

O fato gerou muita polêmica nas redes sociais e nos canais de televisão que noticiaram a pesquisa principalmente com relação às duas últimas perguntas. Muitas mulheres disseram que se tratava de opiniões machistas e que a pesquisa foi manipulada. Outras preferiram rebater os dados na internet. Confira os dados completos da pesquisa nos gráficos abaixo.

 

A redação do Jornal A Plateia quis saber a opinião de pessoas e autoridades na cidade sobre a pesquisa e sobre o tema do estupro ser ou não uma condição provocada pela roupa da mulher, as respostas podem ser lidas nos depoimentos abaixo.

Em contraponto a pesquisa lançada pelo IPEA, o próprio órgão também divulgou uma Nota Técnica que indica que 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. Os dados foram divulgados num Seminário em Brasília no último dia 27 e traça um perfil conforme dados de 2011. A Nota Técnica é assinada pelo diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia, Daniel Cerqueira, que fez a apresentação, e pelo técnico de Planejamento e Pesquisa Danilo Santa Cruz Coelho, conforme dados do site do instituto, www.ipea.gov.br.

Segundo a pesquisa divulgada em nota técnica pelo IPEA, em geral, 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima. A pesquisa também apresenta os meses, dias da semana e horários em que os ataques costumam ocorrer, de acordo com o perfil da vítima. Na internet, muitas mulheres aderiram a manifestação contra a pesquisa do IPEA e publicam fotos com cartazes dizendo: “Eu faço parte dos 32,4%”.

 

Kelen Lima, Coordenadora dos cursos técnicos do SENAC: “Eu penso que isso pode ser o caso de uma pesquisa rápida, pois não se sabe o perfil socioeconômico, o nível de educação das pessoas entrevistadas e mais nada; porém, acho que de modo geral é uma sociedade machista. Se pensássemos assim, se poderia até julgar equivocadamente que mais casos de estupros acontecessem nas cidades de litoral, do que em outras, e não é assim. Com relação aos ambientes de trabalho, a mulher deve cuidar da roupa por uma questão profissional, o ambiente pede um figurino mais formal, e deve-se sempre estar vestida adequadamente, mas, por exemplo, em trabalhos dentro de academia ou piscinas, o uso de roupas coladas não pode ser diferente”.  

 

 

 

 

Delegada Giovanna Muller, avalia que “as pessoas tem o direito de usar a roupa que ela bem entender, eu não acompanhei a pesquisa ou as matérias jornalísticas, mas o que se viu foi uma grande manifestação de desaprovação. Sabemos que estupro é crime e independente de qualquer coisa deve ser combatido. Num ambiente de trabalho a moderação do vestir deve ser observada, mas todos têm direito de se vestir como quiser e isso não justifica nenhum tipo de crime. Pensar que a roupa é motivo de egressão é preconceito, as mulheres que querem mostrar seus atributos tem esse direito e não justifica uma atitude errada de outra parte da sociedade.  

 

 

 

Carla Luciane, trabalhadora no Centro da cidade, afirma, “se as mulheres usam roupa curta, mini saia, elas sabem que os homens ficarão olhando, eles se excitam mesmo, eu acho que se elas sabem que vão provocar os homens deveriam ter cuidado. Tem algumas situações que justifica aos homens ter atitude errada. Se a mulher fosse mais comportada acho que diminuiria sim o assédio. 

 

 

 

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