Despachantes estão surpresos e decepcionados

Há temor de que todos os negócios acabem ocorrendo em Aceguá e não mais em Livramento

Carlos Maurício Schüller, despachante aduaneiro: surpresa

Os despachantes Carlos Maurício Schüller e Rosana Esteves Schüller, respectivamente um dos associados e a presidente da Associação dos Despachantes Aduaneiros e Transportadores Internacionais-Asdati manifestaram, ontem pela manhã, surpresa e, essencialmente, preocupação com a decisão do Ministério da Agricultura em fechar o Quarentenário instalado na região dos Galpões, em Livramento, a cerca de 18 quilômetros da cidade. O assunto vem repercutindo desde a última quarta-feira, quando um grupo de vereadores conversou com o superintendente interino do Ministério da Agricultura, em Porto Alegre, Bernardo Todeschini, que informou que desde outubro estava havendo uma negociação com a prefeitura municipal para o fechamento das atuais instalações, nos Galpões, e abertura em uma nova área, que contasse com aguada, mangueiras, embarcadouro e tronco.

 

“Nós estamos surpresos e decepcionados pela maneira com que está sendo conduzida a situação. Fomos os últimos a saber, pois isso já está em andamento há um bom tempo. É intenção do Mapa, pelo visto, fechar sem comunicar a Associação dos Despachantes e a comunidade. Ficamos sem saber como agir e procuramos transmitir para a sociedade os fatos como são” – disse Carlos Maurício Schüller. Ele complementa informando que seu escritório tem 97 anos de existência, período no qual trabalha na importação e exportação de gado do Cone Sul. “Gado para as maiores exposições sempre cruzaram por aqui, é fronteira tradicional de importação de animais e a pergunta é: por que foi escolhida Aceguá?, pois pelo visto, lá não fecha” – destaca, salientando que é preciso pelo menos um ponto de entrada e saída no Mercosul.

Presidente da Asdati, Rosana Esteves Schuller: preocupação

“Escolheram Aceguá, uma cidade sem estrutura nenhuma comparada com Livramento, que tem tudo. O quarentenário de Aceguá é inferior ao nosso e há uma série de detalhes. Dizem que nosso Quarentenário fica internado 18 quilômetros, mas se ocorreram problemas já foram superados, pois houve acordo entre o Ministério da Agricultura e a Receita Federal e os trâmites aqui são rápidos” – pontua. “Se tem inconveniente de deslocar 18 quilômetros, em Aceguá há o Quarentenário, mas a unidade do Ministério da Agricultura fica em Bagé, a 60 quilômetros. Lá tem que comunicar com horas de antecedência, te marcam hora e te limitam a quantidade de animais. Não há como pernoitar, pois há roubos e furtos” – salienta.

Schüller afirma que o Quarentenário está em condições de funcionamento e acredita que a questão seja política. Destaca que se Aceguá tivesse um volume próximo do de Livramento, até se poderia referir. “Livramento chegou a registrar a passagem de 30 mil cabeças por ano, sem problema algum, com desembaraço no dia. O Quarentenário nosso está bem, e foi feito lá (nos Galpões), porque na época (anos 1970) não tinha o Porto Seco e os animais chegavam no Brasil por tropa, a pé. Descarregavam no abasto de Rivera, subiam a serra da Coxilha Negra e entravam dentro do Quarentenário a pé, porque senão a tropa teria que atravessar a cidade” – recorda.

“Não vejo motivo para fechar o Quarentenário” – agrega Rosana Esteves Schüller, presidente da Associação dos Despachantes.

Ela informa que há um projeto de uma área nova de Porto Seco, de 150 hectares, onde estaria um novo Quarentenário. “Mas depois de fechar, acho difícil abrir de novo. O boca a boca leva muita gente. Começam a dizer que em Livramento não cruzam mais animais, só em Aceguá. E fica Aceguá, Aceguá, Aceguá. Pronto, não vem mais para Livramento” – opina.

 Novo Quarentenário precisa ser mais próximo

Eduardo Flores da Cunha Garcia, do Ministério da Agricultura, disse ontem que o Mapa tem o Quarentenário desde 1976, quando funcionavam o frigorífico Armour e a Cooperativa de Carnes, registrando movimento entre 20 e 30 mil bovinos por mês. O Ministério tinha 10 veterinários. Livramento, segundo ele, precisa se adequar, pois com a redução de custos do governo federal, há essa necessidade. “O Ministério resolveu fechar aquele Quarentenário (dos Galpões), pois antigamente existia quarentena, hoje em dia, não. No caso do bovino, ele entra após 30 dias de quarentena no Uruguai, na propriedade e, faz mais 30 dias no Brasil. A atuação desse órgão é realizar a vacina contra aftosa, que é trivalente, pois no Uruguai é bivalente, colocar brincos da rastreabilidade e, algumas fêmeas que não entram na vacina da brucelose, a B51, recebem na fronteira. É só isso, então é rápido”- refere.

Garcia destaca que o Quarentenário dos Galpões é uma estrutura muito grande e de cara manutenção, não condizendo com o movimento existente na cidade. A tributação, segundo lembra, é feita no destino. “Há também o bem-estar animal, apregoado pelos organismos internacionais e a viagem do Porto Seco até os Galpões, onde está o Quarentenário, maltrata os animais. O ideal seria que durante o trâmite aduaneiro, esses animais descessem do caminhão, ficassem confortáveis, com água à vontade. Enquanto a papelada corre, eles são vacinados, brincados e já saíssem. Me parece óbvio que o Quarentenário teria que trocar de lugar” – confirma.

Para o fiscal federal agropecuário, o ideal é que o novo Quarentenário seja alfandegado e ao lado do Porto Seco ou, pelo menos, próximo. Há poucos fiscais atuando e a principal atividade é no Porto Seco.

“Não recebi nada oficial ainda” – refere, acreditando que exista negociação entre a Prefeitura e o Mapa.

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