Cresce adesão à greve dos funcionários dos Correios

Seis funcionários dos Correios em Livramento aderiram à greve e pararam atividades

Passadas duas semanas do início da greve dos funcionários dos Correios, até a tarde de ontem o impasse permanecia. Em Livramento, o movimento, que iniciou com uma única grevista, cresceu, já chegando a seis, e tende a continuar aumentando, caso as negociações não evoluam. Carteiros e atendentes efetivos pararam ontem pela manhã, permanecendo na frente do Centro de Distribuição situado na rua Vasco Alves. Além de uma faixa vermelha com letras brancas, indicando os motivos do movimento, penduraram um boneco com um uniforme dos Correios, em uma alusão simbólica a um dos motivos da greve: a sobrecarga de trabalho e a insuficiência salarial.

 

Em função do movimento em nível nacional, há impacto na população, com a não entrega de correspondências, faturas, entre outras mercadorias despachadas via Correios. A população é orientada a entrar no site das empresas que emitem as faturas, tirar segunda via dos boletos e pagar nas agências bancárias antes do vencimento, para escapar dos juros.

Com os seis funcionários em greve, há sobrecarga para aqueles que não aderiram ao movimento. Essa situação acaba contribuindo para aumentar a adesão, pelo descontentamento daqueles que estão trabalhando, os quais precisam praticamente dobrar o serviço.

Reajuste salarial, necessidade de segurança na agência central (que mantém banco postal), ampliação da mão de obra para reduzir a sobrecarga de serviços, fim do assédio moral (ameaças de corte de ponto, etc…) são os embasamentos dos funcionários em greve. As negociações, entretanto, estão entravadas, pois não houve nova proposta do governo.

Impacto já é sentido no município

Embora ainda não seja possível dimensionar em âmbito de Livramento o impacto da mobilização, a greve dos funcionários dos Correios já passa de duas semanas e, com isso, as correspondências começam a atrasar. Há agências emissoras com funcionários em greve, o que significa que pode ocorrer de uma correspondência não ter sido enviada para entrega em Livramento pelos trabalhadores da ECT que não aderiram à greve.

O atraso no recebimento das contas pode ser contornado com meios alternativos – internet, fax, telefone – que empresas são obrigadas por lei a oferecer aos consumidores. Vale lembrar que a responsabilidade pelo pagamento é do usuário/consumidor, não cabendo justificativa para atrasos na efetivação dos pagamentos. Já para quem precisa enviar correspondências ou fazer entregas de objetos, a alternativa é utilizar serviços de entregas de empresas terceirizadas. Entre os serviços de entrega, são considerados os mais rápidos os serviços de motoboys e transportadoras express. Outra opção, diante da greve dos funcionários dos Correios, é o e-mail marketing: fatura que chega por e-mail e que até permite a realização do pagamento on-line via débito automático.

“Tendência é de aumento na adesão”

Celina Martinez confirma espera por nova proposta

Celina Martinez, funcionária da ECT local, foi a primeira no município a aderir ao movimento grevista nacional. Hoje, ela contabiliza mais cinco colegas. “Estamos exercendo nosso pleno direito à greve, uma mobilização de forma pacífica, aguardando os resultados das negociações” – disse ela.

 

Conforme Celina, as principais reivindicações são reposição da inflação de 7%, reposição das perdas salariais de 24 %, entre outras reivindicações. Já ocorreram, segundo informa, duas reuniões e a empresa está irredutível.

Afirma que também há necessidade de pronta chamada a assumir funções àqueles que foram classificados no concurso público, a fim de reduzir um pouco a sobrecarga de trabalho. “Precisa ter fim o assédio moral, que consiste em documentos internos dando conta de corte de ponto, desconto dos dias de paralisação, entre outras retaliações” – reivindica.

Os funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) mantêm a greve, já que a empresa reenviou a antiga proposta, indicando que não há acordo a ser feito. A ECT ainda pediu que os funcionários voltassem às atividades para haver negociação, mas Celina argumenta que isso não deve acontecer, pois a greve é a única arma da categoria conseguir suas reivindicações. Ela confirma que em Livramento a tendência é justamente do movimento crescer em função da recusa da empresa em fazer uma outra contraproposta.Na tentativa de combater a greve, a ECT anunciou que está contratando de forma imediata 6.074 novos empregados, sendo 5.060 carteiros e 1.014 operadores de triagem em transbordo, aprovados no concurso público realizado em maio. “Temos um déficit de dois funcionários, já que foi anunciado que seria chamado um para assumir” – relata Celina. “É preciso acabar com a sobrecarga de trabalho, pois houve aumento de dois novos locais para entrega de correspondências recentemente, e apenas um estará sendo chamado até outubro, segundo a empresa. O déficit era de 3, agora é de 2 funcionários” – explica, salientando que muitos trabalhadores acabavam sendo obrigados a fazer horas extras, trabalhar nos fins de semana para dar conta do volume de trabalho existente.

Entenda como pararam as negociações

A contraproposta dos funcionários pedia reajuste de 7,16% referentes a perdas com inflação, reposição com as perdas salariais de 24,76% (de 1994 a 2010), aumento linear de R$ 200,00 (antes exigiam R$ 400,00), piso de R$ 1.635,00 e tíquete-refeição de R$ 28,00 (antes R$30,00). Já a proposta recusada pelos trabalhadores previa reajuste salarial de 6,87%; aumento linear (real) de R$ 50,00; abono de R$ 800,00; e tíquete-refeição de R$ 25,00. O argumento da empresa é que a contraproposta está acima das possibilidades orçamentárias e inviabilizaria a sustentabilidade da ECT. Isso porque haveria um impacto de R$ 4,3 bilhões na folha de pagamento, representando um acréscimo de 70% no custo anual da folha salarial e equivalendo a cinco vezes o lucro da empresa em 2010 e a um terço da receita bruta dos Correios no ano passado. A proposta dos Correios inclui reajuste de 6,87% sobre o salário e os benefícios, R$ 50,00 de aumento linear a partir de janeiro de 2012 — o que representa um aumento de 13% para 60% dos trabalhadores e R$ 800,00 de abono.

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