“Tenho tudo para ser feliz”

Nery Fontoura da Trindade: uma vida dedicada ao comércio

“O comércio é minha vida”, frisou Nery Fontoura da Trindade

“O que sei e o que sou foi o que o mundo me ensinou. O segredo de uma pessoa feliz é o que ela leva dentro de si”.

Com essa citação, do próprio entrevistado, é que começamos a contar um pouco da história de Nery Fontoura da Trindade, 92 anos, proprietário das livrarias “O Estudante” e “A Juventude”.

Nery nasceu em 3 de fevereiro de 1921, estudou de 1928 a 1935, em uma escola no interior do município, e em 1935, resolveu ir para a cidade trabalhar no comércio. Este foi o primeiro de muitos anos dedicado a esse trabalho.

Com quase 93 anos, o proprietário da livraria “O Estudante” se sente com a energia de um jovem para o trabalho

Em 1943, ele foi chamado para o serviço militar, e no período da 2ª Guerra Mundial, foi mandado para Santa Rosa, onde ficou por três anos e voltou para o 7º RCMec, sendo um dos primeiros da formação do regimento. Após cinco anos no quartel, seu Nery iniciou oficialmente sua vida como empreendedor, abrindo seu próprio comércio – “O Lutador” – um armazém por atacado. Depois do “Lutador”, ele investiu em dois mercados: “Mickey”, o segundo a existir em Livramento, depois do “Trevisan”.

Em 1984, ele fechou os dois mercados e pensou em parar de trabalhar. Mas não conseguiu. Ao tomar mate na frente de sua residência, Nery observava as crianças saindo do colégio e teve a ideia de abrir uma livraria e, assim, surgiu “O Estudante”, localizada na Rua Rivadávia Corrêa nº 566, e “A Juventude”, na Avenida Tamandaré, nº 1278.

“Eu nunca desejei ser rico, mas quis ter o necessário para viver bem. Na minha vida, mudei de ramo de trabalho, mas sempre segui no comércio. Estive por 20 anos à frente do Sindilojas, na diretoria ou na presidência. O comércio é a minha vida”, declara o comerciante, que hoje também se dedica à agricultura em uma área de campo que possui no Cerro de Palomas, onde planta e até pega na enxada.

Nery em frente à livraria “O Estudante”, na Rua Rivadávia Corrêa, fundada por ele, em 1984

“Quando eu pego alguma coisa para fazer, eu assumo. Nunca penso em parar de trabalhar. O organismo precisa se lubrificar e purificar, não se pode parar”, acrescenta.

Na vida pessoal, seu Nery também se sente muito feliz, pois conseguiu reunir toda a família morando na mesma quadra, em uma casa ao lado da outra. “Eu tenho tudo para ser feliz, toda minha família está unida, morando em uma mesma área, que abrange três casas. Há mais ou menos uns 40 anos, todo o domingo consigo reunir todos os meus familiares num churrasco”, conta ele.

Nery é casado há 67 anos com Iracema Gomes da Trindade (professora aposentada do Professor Chaves, quando ele ainda estava situado na linha divisória). Ele tem três filhos (um já falecido), cinco netos e sete bisnetos (sendo que um ainda está na barriga).

Para ele, o que o faz mais feliz é estar trabalhando no que gosta e ver a sua família reunida. Nery, de vez em quando, também se dedica a escrever versos e textos sobre seus sentimentos e ofício. Ele considera a saúde a coisa mais importante na vida. Acredita que todo o ser humano deve ser justo e jamais querer levar vantagem em cima dos outros, e que ter fé em Deus é essencial para todas as pessoas.

Com quase 93 anos, seu Nery conta que se sente com a energia de uma pessoa de 40 ou 50 anos, mostrando-nos que o mais importante da vida é trabalhar com amor e nunca deixar de fazer o que se gosta e estar sempre com quem se ama.

Por BRUNA POSTIGLIONE WETTERNICK

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