Primavera com influência do La Niña terá menos chuva

Incidência de granizo, grandes tempestades e dias frios até mais tarde estão na previsão

“As flores da Fronteira têm um perfume diferente das demais. E a cumplicidade das pessoas em Livramento e Rivera não se encontra em lugar nenhum”. Enquanto passeava pelo Parque Internacional, Queli Cristiane Mendes aproveitou as flores para registrar a visita da família. Naturais de Rivera, eles vivem em Montevidéu e aproveitaram as Férias de Primavera para rever parentes e amigos, e fazer compras. "Aqui são notados pequenos atos, como as pessoas se cumprimentarem na rua, muitas vezes mesmo sem se conhecerem. Aqui todo mundo se dá com todo mundo", aponta. A visita da família Mendes termina na manhã de hoje, quando retornam à capital uruguaia com compras, fotos e belas recordações deste início de primavera na Fronteira da Paz. Na foto: (da esq. para a dir.) os irmãos Felipe, Joaquim e Frederico e a mãe, Silvia, posam para Queli junto a uma Azaleia.

Estação que marca a transição do inverno para o verão, a primavera chegou na manhã de sexta-feira, dia 23 de setembro. Neste ano, conforme os meteorologistas da MetSul Meteorologia, a estação transcorrerá sob influência do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico na região equatorial. Mas isso significa que os gaúchos devem se preparar para os dias frios, que continuam. “O fim do inverno não significará de jeito nenhum que os dias de temperatura baixa ficarão para trás”, alerta o meteorologista Eugenio Hackbart da MetSul.

“O ano começou sob o La Niña, que chegou ao fim durante o outono, trazendo condições de neutralidade no Pacífico na maior parte do inverno, mas as águas esfriaram nas últimas semanas com o retorno do La Niña”, explica Hackbart. A presença do La Niña no Pacífico deve ter importantes impactos na chuva e temperatura durante a primavera de 2011 no Rio Grande do Sul, com características semelhantes ao observado nos anos de 1995 e 2008, segundo a avaliação da MetSul. Segundo Hackbart, apesar do natural aumento dos episódios de calor com a maior proximidade do verão, sobretudo entre novembro e dezembro, a tendência é que a primavera registre eventos tardios de frio e geada, apresentando frequência de dias de temperatura baixa acima dos padrões médios históricos. “A diferença para o inverno é que o frio deve se limitar mais à noite”, explica Hackbart. O contraste entre o ar frio na costa e mais quente a Oeste deve trazer ainda dias com tardes bastante ventosas.

A chuva deve se tornar mais irregular no Rio Grande do Sul no decorrer da nova estação, inclusive com risco de escassez e déficit hídrico, trazendo reflexos negativos para a agricultura, especialmente nas Metades Oeste e Sul. Cenário que não pode ser afastado é que algumas áreas do Estado possam se ressentir de condições de estiagem até o fim da nova estação, adverte a MetSul. Na Metade Norte e no Nordeste gaúcho, a chuva deve ter maiores volumes que o restante do território gaúcho, entretanto deve ser igualmente mais irregular que no inverno. Apesar da diminuição, em geral, dos volumes de chuva, a primavera deve registrar alguns episódios pontuais com precipitações expressivas, mais associados a temporais e áreas de instabilidade que avançam do Norte da Argentina, e que devem afetar principalmente o Centro, Oeste e Norte do Estado.

A frequência de temporais não deve ser tão alta quanto em anos de El Niño, contudo o ingresso tardio de ar frio na nova estação, com a atmosfera mais aquecida no Centro da América do Sul devido à proximidade do verão, agravará o risco de tempestades muito severas. Ano com características semelhantes a 2011 chegaram a ter tornados na primavera, caso de Águas Claras (Viamão) em 11 de outubro de 2000. A MetSul alerta, ainda, que a incidência de granizo, historicamente, também tende a aumentar em primaveras com La Niña, como é o caso deste ano.

 

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